- Uma pesquisa da B3, a bolsa de valores brasileira, indicou que 43% dos investidores se concentram em aplicações mais previsíveis e de menos risco, característica principal da renda fixa
- O Tesouro e os CDBs são muito recomendados para ter rendimentos maiores do que a poupança e dar mais um passo no planejamento financeiro
- Confira a diferença entre eles, além dos seus riscos comentados por especialistas
Quase metade dos brasileiros investe em renda fixa. Uma pesquisa da B3, realizada em agosto de 2024, indicou que 43% dos investidores se concentram em aplicações mais previsíveis e de menos risco, característica principal da renda fixa. Cerca de 94% busca por Certificados de Depósito Bancários (CDBs), enquanto o Tesouro Direto ocupa 6% do portfólio de investimentos.
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O Tesouro e os CDBs são muito recomendados para ter rendimentos maiores do que a poupança e dar mais um passo no planejamento financeiro. No entanto, conhecer como eles funcionam e suas vantagens e desvantagens são essenciais para entender se vale a pena alocar seu dinheiro em alguma dessas modalidades. Por isso, confira a diferença entre eles, além dos seus riscos comentados por especialistas entrevistados nesta matéria do Bora Investir.
Como funcionam os CDBs e Tesouro Direto?
Apesar de serem investimentos de renda fixa, a primeira diferença entre eles está no tipo de emissão. Os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo governo federal e considerados os ativos de menor risco na economia, pois a probabilidade do investidor não ter um retorno é muito baixa. Os CDBs, por sua vez, são títulos emitidos por bancos, que usam os valores captados para emprestar para outros clientes.
“Os dois se diferem pelo risco do emissor. O título de emissor privado, por definição, tem risco maior do que o título de emissão nacional”, explicou Larissa Frias, planejadora financeira do C6.
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Por outro lado, vale lembrar que os CDBs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma instituição que serve como um seguro para os investidores. O fundo oferece indenizações de até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, caso o banco emissor do título tenha problemas de crédito.
Rentabilidade
Há três tipos principais de rentabilidade nesse tipo de aplicação, que estão disponíveis tanto no Tesouro quanto em CDBs. Os ativos pós-fixados acompanham a variação diária da taxa Selic ou do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Já os prefixados permitem que o investidor já saiba o valor da taxa a ser valorizada desde a compra do título.
Por fim, os híbridos combinam as duas modalidades e são normalmente corrigidos pelo índice oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que oferecem mais uma taxa prefixada.
Prazos e taxas diversos
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Nesta sexta-feira (27), o site do Tesouro oferece três vencimentos para o Tesouro Prefixado, dois do Tesouro Selic e seis vencimentos para o Tesouro IPCA+ (além dos títulos Renda+ e Educa+).
Já os CDBs são oferecidos com grande oferta por serem emitidos por diversas instituições. Dessa forma, o investidor provavelmente encontrará mais opções de CDBs do que de títulos do Tesouro Direto.
Tributação
Diferentes da poupança, os rendimentos dessas rendas fixas são tributados pela tabela regressiva de Imposto de Renda (IR), em que a alíquota fica menor a depender do tempo em que o dinheiro fica investido. Confira:
- Tributação de 22,5% em até 180 dias;
- 20,0% de 181 a 360 dias;
- 17,5% de 361 a 720 dias;
- E 15% a partir de 721 dias ou mais.
Contudo, aqueles que possuem mais de R$ 10 mil investidos no Tesouro Direto tem uma taxa de custódia de 0,20% sobre o valor total das aplicações.
A planejadora financeira Luciana Ikedo alerta que mesmo o CDB não cobrando taxas, ele ainda é indexado ao CDI, que é ligeiramente menor do que a Selic. Segundo ela, essa pequena diferença normalmente equipara os dois investimentos, considerando um título Tesouro Selic a um CDB que rende 100% do CDI.
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Liquidez
A liquidez é outro ponto essencial a se avaliar antes de qualquer investimento em renda fixa. Isso porque há títulos com liquidez diária, que permitem resgates a qualquer momento, e outros títulos em que o investidor precisa esperar o prazo de vencimento para receber o capital de volta.
A especialista do C6, Frias, comenta que entender a liquidez é importante porque ela também ajuda a definir a parcela de reserva de emergência, que precisa ser investida em um título de resgate imediato. Por outro lado, quem tem a possibilidade de deixar o dinheiro investido por mais tempo pode encontrar rentabilidades mais elevadas, lembra Ikedo.
Para os títulos que não contam com a liquidez diária, há ainda uma possibilidade de saída antes do prazo de vencimento: a venda no mercado secundário. Contudo, o investidor que decide vender o ativo dessa maneira pode contar com dois riscos principais.
O primeiro é não encontrar compradores para o título que se quer vender. Nesse sentido, os dos títulos públicos federais são os mais líquidos, já que o próprio Tesouro garante a compra dos papéis. No caso dos CDBs, a liquidez no mercado secundário é menor, mas algumas corretoras já oferecem essa possibilidade.
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O segundo risco é a marcação a mercado, que pode fazer o investidor perder parte do dinheiro aplicado. Por exemplo, um título indexado à inflação varia conforme a expectativa quanto à Selic e a venda antes do prazo estabelecido pode fazer um investidor vender esse ativo precificado com um desconto na comparação com o que foi pago. Isso costuma acontecer quando a Selic está em alta. Vale dizer que o inverso também é verdadeiro.
“Os ativos prefixados são bastante atrativos em momento de ciclo de queda, como o atual. Muitos investidores já conseguiram taxas altas, antecipando o corte [da Selic], e têm hoje títulos sendo negociados com ágio”, disse Ikedo.
CDB ou Tesouro: qual vale mais a pena?
Na hora de escolher entre um ou outro, a dica das especialistas é olhar para as taxas oferecidas, mas é preciso cuidado para comparar títulos que sejam similares.
Por exemplo, os CDBs pós-fixados devem ser comparados com o Tesouro Selic. “Para CDBs com liquidez diária, vale buscar aqueles com rentabilidade maior do que 100% do CDI”, disse Frias. Isso porque o título privado tem um risco maior do que o público, então, segundo a planejadora, o indicado é escolher um produto mais arriscado e que tenha rentabilidade menor do que o Tesouro Direto.
Na visão da planejadora da C6, os pós-fixados são recomendados para quem quer ter liquidez – na parcela da carteira destinada à reserva de emergência ou para um dinheiro que o investidor ainda não sabe o destino.
Luciana Ikedo ainda revelou que quem puder deixar o dinheiro investido por um período maior nos pós-fixados pode encontrar CDBs com vencimento mais longo e que paguem uma taxa acima da Selic. Vale lembrar que isso significa buscar taxas acima de 100% do CDI, já que essa taxa fica muito próxima à Selic.
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Nos títulos prefixados e híbridos, por sua vez, é preciso comparar os títulos públicos e privados de vencimento similar. Via de regra, um prazo maior deveria pagar taxas maiores, e o CDB deve oferecer taxas maiores do que o Tesouro. Frias, por fim, revelou ao Bora Investir, que esses são indicados para quem pode esperar mais para resgatar.
Além disso, é importante conhecer o seu perfil de investidor e estabelecer metas claras antes de aplicar seu dinheiro em CDBs ou Tesouro Direto. Ter um planejamento financeiro bem estruturado pode ajudar a organizar melhor os investimentos.