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- Criada em 1999, a Selic é a sigla de Sistema Especial de Liquidação de Custódia, que foi criado para regulação de juros
- Para analistas, a melhor alternativa para investir na renda fixa se encontra, atualmente, em investimentos com títulos pós-fixados. A indicação é buscar títulos que sejam liquidados nos próximos dois ou três anos
- Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) também são exemplos de títulos de renda fixa que, no curto prazo, podem se mostrar interessantes ao investidor
(Mônica Wanderley da Silva, Especial para o E-Investidor) – Em 17 de abril, o Banco Central anunciou ao mercado um reajuste para aumentar a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano — o primeiro reajuste de acréscimo feito nesse indicador desde julho de 2015. Na época, a taxa estava em 14,25% ao ano e, desde então, ocorreu uma progressão contínua de cortes até o percentual anterior de 2% — o menor já registrado na história.
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Em 5 de maio, o Banco Central emitiu um novo comunicado aumentando novamente a Selic, que partia de 2,75% para 3,50% ao ano, abrindo margem para novos aumentos — de acordo com análises do mercado, é possível que a Selic termine 2021 a 5,5% ao ano.
De forma mais abrangente, as mudanças mais recentes na Selic fizeram muitos investidores avaliarem suas aplicações para entender o impacto gerado por um possível aumento da taxa e, quem sabe, redirecionar mais capital para a renda fixa. Mas será que o aumento atual vale modificações na estratégia de investimento?
Entendendo a Selic
Criada em 1999, a Selic é a sigla de Sistema Especial de Liquidação de Custódia, que foi criado para regulação de juros. Todos os dias, são realizadas operações de empréstimos entre instituições financeiras, e a Selic é utilizada para apurar a taxa de juros dessas transações.
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Para entender como essa taxa funciona, é importante explicar que a Selic se divide em:
- Selic Overnight, que é a taxa de juros praticada diariamente entre as instituições financeiras;
- Selic Meta, que é a taxa-ano comunicada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, é utilizada como guia para a Selic Overnight.
Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, ela também afeta o desempenho dos indicadores IPCA e CDI, influenciando no controle da inflação. Quando a Selic está alta, quem tem dinheiro guardado em renda fixa ganha mais rentabilidade, porém há diminuição no consumo.
Quando a taxa está em baixa (como agora), as opções de empréstimo e compra se tornam mais vantajosas, porém o investimento em renda fixa é desencorajado. Isso faz as pessoas buscarem opções de rendimentos como a Bolsa de Valores.
Como a diminuição da Selic impacta na desvalorização do real frente ao dólar, os investimentos internacionais no Brasil também diminuem. Este, aliás, foi um dos fatores que motivou o aumento atual da taxa.
Então, é hora de investir em títulos que privilegiem esse indicador?
Em boletim divulgado no final de abril, o Banco Central estimou que a inflação em 2021 terminará o ano com alta de 5,04%. Como o valor da taxa Selic está em 3,50% ao ano, investimentos que se baseiam apenas nesse indicador fecharão 2021 com um rendimento menor do que o valor da inflação, ou seja, os investimentos que têm a rentabilidade da taxa-base terão o rendimento líquido negativo.
O mesmo ocorre para a poupança: com um ganho de 2,45% ao ano, ela não consegue superar os 5,04% da inflação. Por causa dessa conta que não fecha, os montantes deixados nela se desvalorizam, pois não conseguem acompanhar a inflação para, a partir desse ponto, rentabilizar.
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De acordo com análises de mercado, essa discrepância entre inflação e Selic só seria contornada caso a taxa ficasse acima dos 7%. Portanto, esse não é o melhor momento para trocar de investimentos utilizando como base apenas o aumento atual.
E quais são os melhores investimentos de renda fixa que podem ser feitos atualmente?
Para analistas, a melhor alternativa para investir na renda fixa se encontra, atualmente, em investimentos com títulos pós-fixados. A indicação é buscar títulos que sejam liquidados nos próximos dois ou três anos.
A justificativa para essa escolha é de que o momento atual tem muitas variantes de incerteza: tanto as campanhas de vacinação, que sinalizam uma volta a algo parecido com a normalidade no início do próximo ano, como eventos do porte das eleições presidenciais de 2022.
Analisando indicadores utilizados atualmente para a emissão de títulos pós-fixados, uma boa alternativa seria buscar papéis que estejam ligados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para garantir que o valor investido não sofra com perda no poder de compra.
Neste momento, é importante evitar investimentos indexados a uma possível alta da inflação, já que a tendência apresentada pelo Banco Central é de estagnação ou mesmo redução desse percentual.
Outras opções
Voltando a falar da taxa básica de juros, especialistas também avaliam a compra de títulos do Tesouro Selic dentro do modelo pós-fixado, apostando em um crescimento contínuo da taxa nos próximos anos.
Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) também são exemplos de títulos de renda fixa que, no curto prazo, podem se mostrar interessantes ao investidor. Porém, é importante lembrar que esses títulos contam com baixa liquidez, tornando-os impróprios para resgates antes do vencimento.
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Dentro do mercado de renda variável, o aumento da taxa Selic pode impulsionar os papéis de bancos e seguradoras. As instituições podem se beneficiar em médio ou longo prazos, entre outros fatores, com a alta da Selic por conta da transferência de investimentos da renda variável para a fixa, feita por investidores de perfil conservador ou moderado.
Afinal, o aumento da Selic beneficia investimentos de renda fixa?
Apesar de os aumentos seguidos da Selic apresentarem uma tendência de crescimento gradual da taxa e, com isso, uma volta à valorização dos investimentos de renda fixa, esse cenário ainda não pode ser vislumbrado no momento.
Fonte: Banco Central do Brasil.