- Apesar da decisão de manutenção da taxa de juros, o mercado já precifica o primeiro corte da Selic na reunião de agosto
- A perspectiva reforça os ânimos para os ativos de bolsa e traz dúvidas sobre os rendimentos em renda fixa
Nesta quarta-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida. A decisão seguiu o consenso do mercado que prevê o primeiro corte da taxa básica de juros apenas em agosto, quando haverá a primeira reunião do segundo semestre.
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Desde março, os membros do colegiado já sinalizam que as condições para o corte na Selic ainda não estão dentro das expectativas. O fim do ciclo de aperto monetário traz ânimos para a Bolsa de Valores e dúvidas para os investidores sobre a continuidade da rentabilidade atrativa dos ativos de renda fixa.
Segundo o último boletim Focus, as projeções apontam para uma Selic de 12,25% ao ano até o fim de 2023 o que representa um corte de apenas 1,5 ponto percentual nos próximos meses. Mesmo neste cenário, a renda fixa ainda deve entregar retornos atrativos aos investidores.
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Uma simulação realizada pela Yubb, a pedido do E-Investidor, mostra que as debêntures incentivadas oferecem a melhor rentabilidade considerando o atual patamar dos juros, com um retorno líquido de 15,56%. Descontando a inflação, o rendimento dos títulos de dívida emitidos por empresas fica em torno de 9,93%.
Para Jacqueline Benevides, especialista de renda fixa e sócia na L4 Capital, os investidores não devem analisar apenas a rentabilidade. Antes de investir, é necessário avaliar os riscos relacionados ao emissor da dívida. “São produtos sem a cobertura do FGC (fundo garantidor de crédito). O risco fica na empresa e não quer dizer que seja um investimento ruim, mas o investidor precisa analisar os indicadores financeiros ”, afirma.
As Letras de Crédito Imobiliário apareceram, em seguida, com a maior retorno entre os ativos de renda fixa. Vale lembrar que esses títulos, assim como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), não possuem desconto do Imposto de Renda e são recomendados para quem tem perspectiva de investimento de curto prazo, em torno de seis meses.
“Recomendo cuidado com os títulos de crédito privado emitidos pelas empresas. Depois da Americanas e da Light, é preciso uma análise de risco para saber se a companhia é segura ou não”, diz Lucas Seixas, CEO da InvestAI.
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Entre os investimentos, os CDBs de grandes bancos são os que ofereceram a menor rentabilidade – abaixo até da poupança, considerada o pior investimento do mercado. No entanto, o retorno que consta na simulação representa uma média dos rendimentos dos títulos do mercado. Ou seja, o investidor precisa avaliar isoladamente as vantagens de cada título e os seus respectivos riscos.
Por esse motivo, Jacqueline Benevides, especialista de renda fixa e sócia na L4 Capital, não recomenda que o investidor descarte por completo esses títulos. Segundo ela, os CDBs pós-fixados, mesmo com o início de cortes de juros, podem oferecer uma remuneração positiva até o fim do primeiro semestre de 2024. “Vale mais a pena olhar para os prefixados com vencimentos superiores a dois anos, quando a Selic deve arrefecer de verdade”, diz.
As projeções de queda da Selic também abrem oportunidades nos CDBs prefixados. Segundo Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, há títulos negociados com taxas de 13,40% ao ano e, mesmo com a alíquota do Imposto de Renda (IR), conseguem entregar um retorno líquido na casa dos dois dígitos. Ou seja, se o investidor investir R$ 1 mil neste título, resgata em um ano um valor de R$ 1.110,55. “Ainda é possível aproveitar a alta remuneração desses produtos porque a taxa Selic continuará em patamar elevado por bastante tempo”, afirma Haddad.
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