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- Decisão do Copom de elevar os juros impacta diretamente os ativos de risco
- Retornos consistentes no longo prazo começam com preços de entrada atrativos
- Segmento financeiro brasileiro deverá continuar a se beneficiar da alta de juros em 2025
A decisão do Copom de elevar os juros básicos da economia para 12,25% ao ano impacta diretamente os ativos de risco, que passam a exigir uma estratégia mais defensiva para proteger os investimentos. Juros mais altos drenam recursos da renda variável, o que, por um lado pode abrir oportunidades de investimento de longo prazo.
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Na renda fixa, títulos atrelados à Selic e inflação ajudam a equilibrar a carteira e, para quem não tem medo de volatilidade, as criptomoedas podem dar um gás nos investimentos, neste momento de forte valorização dos criptoativos.
Na bolsa, a lógica é a de que retornos consistentes no longo prazo começam com preços de entrada atrativos – como agora -, em empresa com com baixo endividamento, maior exposição ao dólar e resultados estáveis. Setores como energia elétrica, bancos, telecomunicações, saneamento e seguradoras, destacam-se por fluxos de caixa estáveis e menor sensibilidade à economia.
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“Em cenários de alta volatilidade e juros elevados, esses setores oferecem resiliência e são boas opções para os portfólios”, argumenta Eduardo Rahal analista chefe da Levante Inside Corp.
Bancos combinam com juros
João Picioni, CIO da Empiricus Gestão, diz que o segmento financeiro brasileiro em 2025 deverá continuar se beneficiando da alta de juros. Segundo ele, a captação de recursos segue forte na renda fixa, com prêmios baixos em relação ao CDI, o que favorece o crédito bancário e as emissões de títulos.
Bancos como Itaú (ITUB4) e BTG (BPCA11), analisa, devem continuar mostrando retornos acima da média, com Nubank (ROXO34) correndo por fora, num ritmo de forte crescimento no segmento de baixa renda. Seguradoras também chamam atenção do executivo, especialmente a Porto Seguro (PSSA3), beneficiada pelos juros elevados. Empresas de planos de saúde também entram no radar, apesar de apresentarem maiores desafios, avalia.
As empresas de serviços públicos (utilities) devem seguir atraindo atenção, especialmente após eventos como a privatização da Sabesp (SBSP3) e a aquisição parcial do controle pela Equatorial (EQTL3). Por outro lado, setores mais arriscados, como varejo e consumo, vão enfrentar desafios, com exceções, como o Mercado Livre (MELI34), cuja forte ligação com mercados internacionais e a Nasdaq (N1DA34) torna a operação resiliente.
Setores em que é melhor evitar
O varejo tradicional, especialmente vestuário e shoppings, tende a sofrer com a alta dos juros. “Varejistas locais menores enfrentam o impacto do dólar elevado, que aumenta o custo da dívida e pressiona as operações. É um cenário que exige atenção dos investidores“, diz Picioni.
Isso acontece porque empresas mais alavancadas sofrem com o aumento do custo de capital, que reduz seus resultados. Já companhias com capital sólido, baixa dívida e custo de financiamento inferior à rentabilidade resistem melhor à alta dos juros, “preservando valor ao acionista”, observa Rahal.
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Para João Daronco, da Suno Research, mesmo empresas com alta dívida podem ser viáveis se apresentarem fluxos de caixa estáveis e resilientes. “A análise deve considerar tanto o nível de endividamento quanto a previsibilidade do modelo de negócios”, diz. Além disso, investidores devem observar contratos, diversificação de clientes, previsibilidade de receitas e exposição a variáveis econômicas.
A construção civil deve enfrentar desafios com juros elevados, especialmente no segmento de média renda, que pode ser impactado pela alta das taxas de financiamento imobiliário. “Esse é um setor que depende do financiamento imobiliário, sente o impacto diretamente”, observa Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. Empresas ligadas ao Minha Casa Minha Vida, por causa dos subsídios, não devem sofrer tanto.
Empresas expostas ao dólar
Há ainda as empresas exportadoras com exposição internacional, como WEG (WEGE3), Suzano (SUZB3) e Embraer (EMBR3), que devem continuar se destacando. Companhias com receita em dólar são, em geral, posições defensivas na carteira de investimentos, pois a valorização do dólar frente ao real tende a fortalecer seus resultados operacionais.
Entre julho/23 e dezembro/24, o dólar subiu 26%, beneficiando companhias como Embraer (+202%), JBS (JBSS3, +122%), Petrobras (PETR4, +56%), Suzano (+39%) e Klabin (KLBN11, +18%), enquanto o Ibovespa avançou apenas 5,67%. A Vale foi uma exceção, caindo 7% devido às incertezas sobre a economia chinesa. “Assim, a exposição cambial, quando combinada com análise setorial e dinâmica de mercado, pode tornar essas empresas mais resilientes em cenários adversos”, comenta o especialista da Levante.