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Credit Suisse aponta onde mulheres podem investir com juros em alta

Nannette Hechler-Fayd'herbe, chefe global de economia do banco, destaca oportunidades em países emergentes

Credit Suisse aponta onde mulheres podem investir com juros em alta
Nannette Hechler-Fayd’herbe, CIO de Europa, Oriente Médio e África e chefe global de economia e pesquisa do Credit Suisse. Foto: Credit Suisse
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  • Nannette Hechler-Fayd'herbe, head global de economia e research do Credit Suisse, vê a renda fixa como a principal oportunidade de 2023
  • Ela vê algumas oportunidades na renda variável - mas em países como a China
  • "Estamos cautelosos em relação às ações globais, considerando o risco de os bancos centrais manterem as taxas de juros mais altas por mais tempo", diz

Nannette Hechler-Fayd’herbe, CIO de Europa, Oriente Médio e África e chefe global de economia e pesquisa do Credit Suisse, está por trás do mais recente relatório do banco voltado para mulheres investidoras.

Intitulado “Woman to Woman”, o relatório enviado em primeira mão ao E-Investidor aponta oportunidades de investimento dentro da renda fixa, levando em conta que o público feminino do banco de investimentos tem preferência por essa classe de ativos.

Na faixa dos 20 a 29 anos, por exemplo, a parcela do portfólio delas em estratégias mais conservadoras chega a 40%, enquanto no portfólio do público masculino essa fatia cai para 27%. Cenário semelhante se repete em todas as outras faixas etárias.

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Contudo, se no passado os clientes homens superaram os ganhos das mulheres pela maior exposição à renda variável, o atual cenário de juros e inflação altos no mundo deve virar o jogo e fazer com que a carteira delas brilhe mais em 2023.

Levando em conta o contexto global, ela diz esperar o renascimento dos investimentos em renda fixa. “Estamos mais cautelosos em relação às ações”, afirma Hechler-Fayd’herbe. Algumas oportunidades em renda fixa seriam os títulos públicos dos EUA vinculados à inflação e de mercados emergentes, além de títulos privados.

Hechler-Fayd’herbe vê algumas oportunidades na renda variável – mas em países como a China. Ela também acredita que o Brasil também viverá mais um “ano da renda fixa”.

Leia a entrevista.

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E-Investidor – As mulheres, pelo histórico de portfólios do Credit Suisse, investem boa parte dos recursos em renda fixa. Quais são as melhores oportunidades dentro dessa classe de ativos, tendo em vista a conjuntura atual?

Nannette Hechler-Fayd’herbe – Para as mulheres preocupadas com a inflação, os títulos do Tesouro dos EUA vinculados à inflação estão oferecendo rendimentos reais atraentes. Os rendimentos dos títulos corporativos, hoje, se comparam muito aos rendimentos de dividendos.

A atratividade dos títulos corporativos aumentou substancialmente em relação às ações, no atual contexto de incerteza de lucros. Títulos em moeda forte, como o dólar, também atraem, já que os bancos centrais, como o Federal Reserve dos EUA, estão no fim de seu ciclo de aperto monetário.

Quando os juros começarem a cair, como as mulheres poderão manter a rentabilidade das carteiras, considerando que uma fatia importante do portfólio delas está na renda fixa?

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Hechler-Fayd’herbe – Uma maneira é comprar títulos de vencimentos mais longos agora e mantê-los até o vencimento. A outra é manter, por exemplo, fundos de renda fixa diversificados cujos valuations provavelmente aumentarão quando os rendimentos caírem novamente.

Rendimentos em queda significam aumento nos preços dos títulos. Então essa é uma forma de ganhar dinheiro com investimentos de renda fixa em um cenário de queda de juros e inflação.

Na renda variável, o Credit Suisse vê alguma oportunidade de investimento?

Hechler-Fayd’herbe – Estamos cautelosos em relação às ações globais, considerando o risco de os bancos centrais manterem as taxas de juros mais altas por mais tempo e a implicação disso no preço das ações, que ainda não refletem totalmente essa nova realidade. Dito isso, vemos oportunidades nas ações chinesas, por exemplo, devido à reabertura do país asiático.

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Esperamos que 2023 seja um ano de crescimento global lento, com uma perspectiva relativamente melhor para as economias orientais, como a própria China, Índia e países do Golfo (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar), em comparação com os países ocidentais (EUA, União Europeia e Reino Unido), que ainda lidam com uma inflação elevada. Isso manterá os bancos centrais focados em reduzir a inflação e manter as taxas de juros mais altas por mais tempo.

Do ponto de vista de investimento, isso faz com que 2023 ofereça bons níveis de rendimento para investidores de renda fixa. Esperamos um renascimento desse mercado (em nível mundial).

Então a renda fixa desses países é interessante, pensando nas mulheres investidoras?

Hechler-Fayd’herbe – Sim, temos claramente preferido títulos de países Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) em vez de ações e destacamos oportunidades de renda fixa nessas regiões, tendo em mente aspectos importantes de qualidade de crédito e diversificação.

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O Brasil é um mercado interessante? Ou as oportunidades por aqui estão limitadas?

Hechler-Fayd’herbe – Os títulos de mercados emergentes devem se beneficiar do fim do ciclo de alta de juros nos EUA, que esperamos que aconteça no primeiro semestre deste ano. No mercado local, vemos oportunidades principalmente em renda fixa. A inflação está caindo e há mais clareza em relação aos limites de gastos do governo, o que já está motivando os investidores a reduzir o prêmio no mercado de títulos. Esperamos que essa tendência continue nos próximos meses.

O Brasil e a China fecharam acordos para utilizar o real e yuan em transações comerciais, no lugar do dólar. Como o Credit Suisse observa essa movimentação? 

Hechler-Fayd’herbe – O aumento do uso não significa que esta moeda terá força de 1 para 1 com o dólar. Durante anos, o dólar foi a moeda de referência indiscutível em muitas relações comerciais e, mesmo assim, o dólar teve longos períodos de enfraquecimento.

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Por enquanto, o dólar é sustentado por taxas de juros mais altas do que em outros lugares. Nossa previsão de USDCNY (dólar em relação a yuan) é de US$ 7,20 em três meses e R$ 6,90 em 12 meses.

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