- Plataformas de investimento ajudam pequenos empreendedores a conseguirem crédito para suas empresas
- Empreendimentos beneficiados devem possuir impacto social
- Já existem iniciativas focadas em ajudar empresas a sobreviverem à crise do coronavírus
A dificuldade de acesso a crédito é um problema antigo do pequeno empreendedor. Com a crise provocada pela covid-19, esse cenário ficou ainda pior. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), desde o início da pandemia, 60% dos pedidos de financiamento feitos por pequenos negócios foram negados pelos bancos.
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No entanto, para quem tem empresas de pequeno porte ou é responsável por projetos sociais, existe uma solução fora das instituições financeiras para conseguir crédito. Atualmente, várias plataformas unem investidores a empreendedores para promover empréstimos a condições mais acessíveis e, muitas vezes, com juros zero.
O processo é simples: o investidor que tem interesse em financiar negócios, entra na plataforma e pode fazer a aplicação em qualquer projeto. O empreendedor recebe os aportes e devolve, após um período, a quantia ao financiador (em algumas situações, com juros).
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Com isso, o empresário pode conseguir acesso facilitado a crédito e o financiador tem a chance de fazer um investimento de forte impacto social.
Cada plataforma tem um público-alvo diferente e já existem, inclusive, iniciativas voltadas a ajudar pequenas empresas impactadas pela crise do coronavírus. Confira as opções, a seguir.
CoVida-20
Lançada na última semana de abril e idealizada pelo Sistema B, Capitalismo Consciente, Trê e Dinamo, a plataforma visa ajudar empresas de impacto social a sobreviverem na crise.
“O programa CoVida-20 surgiu do objetivo de buscar uma retomada econômica verde, com investimentos em empresas que beneficiam a sociedade”, explicou Francine Lemos, diretora executiva do Sistema B.
Os empreendimentos são analisados caso a caso e o limite de financiamento muda conforme as condições da companhia solicitante. Podem se tornar investidores pessoas físicas e jurídicas que façam um aporte mínimo de R$ 500. Os empréstimos concedidos rendem juros de 0,5% ao mês ao apoiador.
Atualmente, a análise dos empreendimentos que poderão captar recursos pela plataforma é feita com base nos critérios de impacto social e risco, isto é, no quanto o negócio tem de capacidade para se sustentar.
Firgun
A plataforma foi criada em 2018 a fim de facilitar o acesso de empreendedores periféricos ao crédito, por meio do financiamento coletivo.
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“Com a crise, a demanda por empréstimo cresceu muito”, diz Lemuel Simis, co-fundador e diretor de comunicação da Firgun. “No entanto, o número de pessoas interessadas em investir em negócios de impacto não diminuiu”.
Na Firgun, o prazo para pagar os empréstimos captados varia entre 12 a 36 meses e o valor máximo que um negócio pode arrecadar é de R$21 mil. Para se tornar um apoiador, basta fazer uma aplicação mínima de R$25. Há também a possibilidade de receber juros pelo empréstimo, caso o negócio tenha arrecadação superior a R$3 mil.
Desde a sua criação, a plataforma de investimentos realizou mais de 70 empréstimos. Neste ano, fez sua primeira captação de R$ 16,6 mil para um empreendedor interessado em abrir uma franquia da Coletando – a ideia surgiu no programa de aceleração HousingPact.
Yunus
A Yunus Social Business é um fundo de investimento para beneficiar negócios que mudem a realidade de pessoas ou comunidades. Criada em 2011, a Yunus une recursos de investidores e grandes corporações para financiar projetos e empreendimentos de caráter social.
De acordo com as informações reunidas no site, o fundo já levantou R$ 3 milhões, com cinco negócios sociais investidos, 600 empregos gerados, 115 empreendedores apoiados e 800 mil vidas impactadas.
“Nossos fundos de investimento de impacto fomentam negócios locais que promovam emprego, educação, saúde, água e energia limpa para mais de 5 milhões de pessoas no leste da África, América Latina e Índia”, informa a organização.
Éditodos
O Éditodos conecta empreendedores negros a investidores, com a missão de fazer o dinheiro circular entre essa população, que historicamente tem mais dificuldade de acesso ao crédito.
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Hoje, impacta mais de 250 mil pessoas, apoia 130 projetos e 547 novos empreendimentos.
“Essa rede começou em 2017, como um fundo que tem o olhar para grupos e territórios vulnerabilizados”, explicou João Souza, diretor-presidente do Fa.Vela, uma das organizações que apoia a iniciativa.
De acordo com o diretor, a questão da pandemia do covid acelerou as atividades do fundo. “A gente teve que olhar para a pauta das emergências econômicas, apoiar as pessoas que estão na base para que tenham a manutenção do seu sustento nesse período complicado”, disse.