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Debêntures também são afetadas por rombo da Americanas (AMER3); entenda

Títulos da varejista passaram a ser negociadas hoje com 50% de deságio em relação ao valor de face

Debêntures também são afetadas por rombo da Americanas (AMER3); entenda
Por ser um investimento de renda fixa, a remuneração da debênture é conhecida no momento da aplicação. (Fonte: Shutterstock/Mentari Merah Studio/Reprodução)
  • Não foram apenas as ações das Lojas Americanas (AMER3) que sofreram com o anúncio de que inconsistências fiscais na ordem de R$ 20 bilhões foram encontradas nos balanços da empresa
  • De acordo com Kathleen Passarelli, gerente de crédito privado da Waren Renascença, as debêntures da varejista passaram a ser negociadas hoje com 50% de deságio em relação ao valor de face

Não foram apenas as ações da Americanas (AMER3) que sofreram com o anúncio de que inconsistências fiscais na ordem de R$ 20 bilhões foram encontradas nos balanços da empresa. O mercado de crédito, mesmo que de forma mais branda, também foi afetado pela notícia na quinta-feira (12).

De acordo com Kathleen Passarelli, gerente de crédito privado da Waren Renascença, as debêntures da varejista passaram a ser negociadas com 50% de deságio em relação ao valor de face. Ou seja, quem estivesse disposto a vender ou comprar o ativo operaria com 50% do valor de resgate futuro do título. “O mercado secundário deve permanecer nesses patamares de preço até novos anúncios”, afirma.

Para Rafael Siqueira, analista de renda fixa da Genial Investimentos, isso ocorreu porque o risco de crédito da empresa aumentou com o anúncio dos problemas contábeis. “O rating da companhia até quarta-feira (11) era AA+ (Fitch Nacional) exigindo um baixo prêmio de risco de crédito. Com o acontecido, o mercado já não enxerga mais esse rating na empresa, consequentemente, o prêmio sobre os papéis deve ser maior do que o já negociado”, explica.

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Como a empresa tinha uma saúde financeira considerada estável pelo mercado, suas debêntures não possuíam garantia real, contando apenas com o aval dos diretores. Agora os investidores ficam desprotegidos em caso de um eventual calote, porque a varejista não possui nenhuma garantia de pagamento, além de sua própria palavra.

O analista traz um exemplo de como os ativos foram afetados. No fechamento de quarta-feira (11), o título LAMEA4 teve taxa de negociação CDI + 1,0397% (taxa Anbima). Já na quarta-feira (12), com o risco de crédito muito mais elevado, o papel teve venda de CDI + 20,00% e compra no CDI + 2.000%, um alta significativa.

Já André Alírio, analista de renda fixa da Nova Futura, apresenta uma visão mais ponderada. O especialista explica que a Americanas possui 8 debêntures no mercado com um volume de 10 bilhões no total, feitos por dispensa de registro ICVM 476. “Normalmente esses papéis são para investidores qualificados ou investidores institucionais, que têm uma reação um pouco mais lenta do que investidor pessoa física que está aplicando em ações”, afirma.

Segundo Alírio, como o mercado de crédito tem em geral uma reação um pouco mais demorada do que o de ações, é necessário esperar um período maior de tempo para ver como realmente as debêntures vão reagir. “Os investidores institucionais devem segurar um pouco para negociar esses papéis, então tem que aguardar para ver se terão necessidade de sair do papel ou se poderão esperar até o vencimento”, disse.

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