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Dólar atinge R$ 4,80. Veja como montar uma carteira defensiva

Em 17 dias moeda americana saiu do patamar dos R$ 5, caiu aos R$ 4,70, mas voltou a subir

Dólar atinge R$ 4,80. Veja como montar uma carteira defensiva
Investidor acompanhou o dólar sair do patamar dos R$ 5 para atingir R$ 4,70 no começo da semana. Foto: Shutterstock/Reprodução
  • Altas e baixas da moeda americana frente ao real impactam nos investimentos e, nesse cenário de volatilidade, é necessário adotar algumas estratégias para proteger o patrimônio
  • Normalmente, as empresas ligadas a commodities são as que saem prejudicadas com a desvalorização da moeda americana. No entanto, como o setor está em alta, não tem sentido essa depreciação
  • Companhias de setores cíclicos, como as ligadas ao consumo cíclico, supermercados e até empresas de aviação são beneficiadas com o real apreciado

Nas últimas semanas, o investidor acompanhou o dólar sair do patamar dos R$ 5, flertar com os R$ 4,70 e voltar a subir aos R$ 4,80 na quarta-feira (1). Como toda movimentação no câmbio, as altas e baixas da moeda americana frente ao real impactam nos investimentos e, nesse cenário de volatilidade, é necessário adotar algumas estratégias para proteger o patrimônio.

A aversão ao risco valorizou a moeda americana no mundo inteiro durante o mês de abril e maio. No último dia 12, o índice DXY, que mede as variações do dólar frente a outras moedas fortes, atingiu o seu valor máximo dos últimos 20 anos, pressionado pelo aperto das políticas monetárias nos Estados Unidos.

Por outro lado, de acordo com Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil ajudou na valorização recente do real. Segundo ele, investidores que haviam saído do País diante da aversão ao risco voltaram a investir por aqui, especialmente na renda fixa. “Hoje em dia o Brasil está muito atrativo para atrair recursos de capital de curto prazo por causa do diferencial de juros. Os investidores estrangeiros também querem surfar a onda da renda fixa”, diz Oliveira.

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Para o sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, as últimas quedas podem ser observada como uma oportunidade para dolarizar o patrimônio. Segundo ele, a recomendação é sempre ter um percentual do portfólio em moeda forte, seja em ativos do mercado americano, via fundos de investimentos ou BDRs.

Desde o último dia 9, quando o dólar chegou ao seu valor máximo em real no mês, fechando em R$ 5,16, a moeda já caiu 7,3%. A recente depreciação acontece paralelamente à alta das commodities. No mesmo período, o petróleo avançou 9,7%, o minério de ferro e a soja avançaram 4,6% e 5,7%, respectivamente, e o milho subiu 7%. A valorização das commodities fez muitos investidores migrarem as suas aplicações para os países emergentes, o que apreciou a moeda brasileira.

Essa alta da moeda brasileira, no entanto, poderia ser maior. Nos últimos dias a moeda americana voltou a se valorizar frente ao real. Apenas no pregão da última quarta-feira (1), o dólar subiu 1,08%.

O sócio-gestor da Octante, Laszio Lueska, entende que a melhor forma de se proteger nesse cenário de vai e vem do câmbio é a diversificação do portfólio de investimentos.

Segundo ele, o investidor deve optar por se expor tanto ao mercado local quanto ao externo. “É importante ter sempre renda-fixa local e exterior; ações locais e no exterior; um pouco de moedas fortes; e uma certa exposição à commodities”, avalia Lueska.

Como se posicionar no mercado de ações?

No caso da Bolsa, normalmente, as empresas ligadas a commodities são as que saem prejudicadas com a desvalorização da moeda americana. No entanto, como o setor está em alta, não tem sentido essa depreciação.

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Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, explica que as exportadoras têm suas receitas em dólares e, por isso, costumam ter prejuízos com o dólar em queda. Ele cita algumas dessas empresas, como a Klabin e Suzano, do setor de papel e celulose; JBS, do setor de proteínas; e SLC Agrícola, que produz e exporta algodão, soja e milho.

“Outro fator importante para o amortecimento da queda das empresas de papel e celulose é a restrição de oferta por parte de países como Espanha, Rússia, Finlândia e Canadá em meio a um momento de reabertura na China dando oportunidades para as brasileiras. Principalmente a Suzano, que tem maior participação no exterior”, diz Jaconeli.

Por outro lado, empresas que importam matéria-prima em dólar e as que têm dívidas em dólar, como o caso da companhia aérea Azul, se beneficiam muito com a depreciação da moeda americana frente ao real.

Além dessas, as companhias de setores cíclicos, como as ligadas ao consumo cíclico, supermercados e até empresas de aviação também são beneficiadas.

“Contudo, outras variáveis devem ser levadas em conta como é o caso da dos riscos políticos e fiscais internos que podem afetar a inflação e expectativas dos investidores, fazendo que busquem setores mais seguros devem ser levadas em consideração”, afirma o analista da Nova Futura.

Para onde o dólar vai?

Os analistas divergem sobre o futuro do câmbio. Por um lado, Felipe Izac entende que a alta das commodities deve levar a uma valorização de moedas de países emergentes, incluindo o real. “Estamos em um cenário de alta a inflação e das commodities metálicas, agrícolas e de combustíveis. Países que tem as suas economias ligadas a exportação desses produtos tendem a ter uma valorização da sua moeda”, diz o sócio da Nexgen Capital.

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Mas há alguns fatores que podem contribuir para que o dólar saia desse patamar, como a possibilidade de risco fiscal, observa Jaconeli. Para ele, o País observa uma pressão relacionada à sensibilidade das contas públicas, no caso de estados, com teto do ICMS e possíveis interferências governamentais em companhias públicas ao passo em que as eleições se aproximam.

Ele também cita o risco político e eleição de um candidato contra as privatizações e que defenda aumento dos gastos públicos, possivelmente retirando o Teto de Gastos. “Vejo que o dólar pode voltar a subir ao passo em que o pleito se avizinha”, afirma Jaconeli.

Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, também acredita que a valorização do real não deve continuar por muito tempo. Segundo ele, o processo eleitoral tem trazido muita volatilidade ao câmbio no País.

“É uma oportunidade para os investidores que desejam ter ativos em dólar antecipar a compra do dólar, aproveitando os preços”, recomenda Morelli.

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