

Com o dólar em queda — com baixa acumulada de 14,11% em 2025 até o dia 30 de setembro — internacionalizar o patrimônio se tornou oportunidade e ao mesmo tempo obrigação.
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Com o dólar em queda — com baixa acumulada de 14,11% em 2025 até o dia 30 de setembro — internacionalizar o patrimônio se tornou oportunidade e ao mesmo tempo obrigação.
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Nesta reportagem, apresentamos formas de receber dividendos mensais e trimestrais enquanto o investidor dolariza a carteira. Contudo, para quem não quer investir necessariamente em ativos no exterior, será que é possível comprar ações na B3, que oferecem algum grau de exposição à moeda norte-americana?
Aparentemente, existem três alternativas no mercado e todas pagam dividendos, tanto no setor de mineração como o de celulose.
Uma das principais alternativas para se expor ao dólar é a Vale (VALE3), com capacidade de entregar um dividend yield (retorno em dividendos) de 7% nos próximos 12 meses.
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Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, explica que a Vale opera com quase todo o seu balanço em dólar, porque grande parte da receita da companhia vem das exportações e o minério de ferro é uma commodity dolarizada. “Tudo o que passa pelo crivo de receitas e custos já é medido em dólar. Até mesmo os resultados da empresa são divulgados em dólar”, explica.
E não apenas os resultados, o endividamento da empresa e grande parte das suas operações também é na moeda americana.
Em relação aos proventos, a Vale tem como política pagar 30% do seu Ebitda ajustado (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) menos o investimento corrente. A mineradora paga proventos semestrais, em março e setembro. E há espaço para proventos extraordinários.
Segundo Bueno, além da exposição indireta ao dólar, investir na Vale tem como vantagem o aporte em uma empresa sólida, que tem feito iniciativas para aumentar sua produção, reduzir riscos operacionais das minas, por conta das barragens. Além da companhia ter buscado maior valor agregado no minério e outros produtos como cobre e níquel.
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Em relação aos riscos de investimento, o analista da Nord destaca segurança com barragens, preço do minério de ferro que é muito dependente da demanda da China e a importância de redução de custos, fatores que tem impacto nos lucros e proventos.
Contudo, com o dólar em queda, será que a Vale lucra menos e pode pagar menos proventos? Para Bueno, a companhia é bastante protegida nas suas despesas financeira se pelo payout (parcela do lucro destinada a proventos) não estar atrelado ao lucro líquido e sim ao Ebitda, acaba sendo menos volátil. “O que tem mais impacto é quando a empresa vende e o preço em que vende o minério, que são fatores que balizam o dividendo pago no final do dia”, afirma o analista.
A recomendação de Bueno é comprar VALE3 até o preço-teto de R$ 71.
Outra empresa semelhante a Vale, que também oferece exposição ao dólar, é a CSN Mineração (CMIN3). Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, explica que a companhia produz 90% da sua receita em dólares e praticamente 100% dos seus custos em reais.
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Desta forma, quando o real desvaloriza frente ao dólar, a mineradora tem um ganho extra nos seus resultados, apenas por conta da variação cambial. Mas o oposto também é verdadeiro, se o real valorizar, o lucro da empresa pode comprimir, mesmo que o operacional esteja sólido.
Oliveira aponta que a CSN Mineração tem adotado uma prática de pagar 110% do seu lucro aos acionistas (payout), embora na sua política o objetivo seja pagar entre 80% e 100%. “Desde o IPO (abertura de capital), a companhia já distribuiu quase 60% do seu valor inicialmente precificado. A frequência é de pelo menos dois pagamentos por ano, sendo um no meio do ano e outro geralmente no final”, comenta.
O analista do Vida de Acionista destaca como vantagens as margens de lucro competitivas, com baixo custo de produção de minério, alavancagem negativa, possui mais caixa do que dívida, e uma política de dividendos robusta e generosa com os minoritários. “Ela paga bons dividendos sem comprometer o crescimento da companhia, porque tem reservas de minério de ferro para além de 2080, o que favorece a perenidade da empresa”, pontua Oliveira.
Mesmo se o dólar desvalorizar, o que geraria uma receita menor em reais, Oliveira destaca que a mineradora possui mecanismos para mitigar parcialmente esses efeitos , principalmente na redução de custos como frente marítimo, que aliviam a companhia.
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Outro ponto importante é a qualidade do minério de ferro, que mesmo com a depreciação do dólar, permitiria vendas com maior valor no mercado. “Em um cenário desfavorável para 2025, ter um caixa líquido possibilidade remunerar os acionistas com parte deste recursos sem comprometer o crescimento da empresa”, afirma o analista do Vida de Acionista.
Oliveira tem recomendação neutra para CMIN3, com dividend yield projetado de 6,34% para os próximos 12 meses. Para quem busca um dividend yield de 8%, a recomendação é comprar até o preço de R$ 4,25.
Fora da mineração e mais atrelada a celulose, a Klabin (KLBN11) também é uma boa alternativa para se expor ao dólar e receber dividendos trimestrais. Jayme Simão, sócio-fundador do Hub do Investidor, explica que a companhia sofre diante da queda do dólar e do preço da celulose, mas que apesar disso tem conseguido gerar um fluxo de caixa livre superior a 10%, que é a diferença entre o que fatura e sobra de caixa, patamar elevado.
Simão destaca ainda que a Klabin passou por um forte ciclo de investimentos, para fábricas e novos projetos, que está se reduzindo, o que abre espaço para um novo ciclo de proventos na empresa.
“A receita é dolarizada, porque tem relação com uma commodity, a celulose, com preços globais”, explica. O risco seria o dólar continuar em forte queda, assim como o preço da celulose o que atrapalharia na lucratividade.
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Contudo, em um ciclo bom da celulose, e com o dólar se recuperando a companhia teria possibilidade de entregar dividendos de dois dígitos. Atualmente, Simão projeta um dividend yield de 6% para os próximos 12 meses e recomenda compra até o preço-teto de R$ 22.
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