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Vale a pena comprar dólar e euro antes das eleições?

Com o atual cenário político, o mercado tem dúvidas se a comrpa das moedas faz sentido para o investidor

Vale a pena comprar dólar e euro antes das eleições?
Especialistas explicam fatores que fazem o dólar ficar pareado ao euro. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • Ter um porcentual de dólar na carteira pode ser uma proteção para o patrimônio
  • Crise energética e ciclo de alta de juros na Europa representam riscos para o euro
  • Para analistas, uma eventual vitória de Jair Bolsonaro deve trazer estabilidade aos mercados, incluindo o câmbio

Em momentos de crise global, comprar dólar e euro sempre foi traduzido como um bom investimento para quem procura uma segurança, já que as moedas tendem a se valorizar quando outros ativos domésticos estão em queda. Porém, com o atual cenário político brasileiro, o mercado tem dúvidas se essas estratégias ainda fazem sentido.

Especialistas entrevistados pelo E-Investidor apontaram que comprar dólar até domingo (30) é uma boa opção para quem busca por um hedge (proteção). Quanto ao euro, eles têm receios se o movimento ainda consiste em uma saída interessante.

Há apenas quatro dias da decisão de quem será o novo presidente do Brasil, Maurício Valadares, CIO da Nau Capital, enxerga como positiva a compra da moeda norte-americana porque o dólar costuma garantir uma maior segurança. A proteção funciona porque o dólar tem uma forte liquidez internacional – a moeda de compra em todo o mundo.

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Além disso, pelo Brasil ser um país emergente, o real na maioria das vezes se desvaloriza frente ao câmbio internacional. “Ter um porcentual de dólar na carteira pode significar uma proteção para o patrimônio do investidor para compensar riscos sobre o real, uma vez que as agendas econômicas e os planos fiscais dos candidatos à Presidência ainda são desconhecidos”, diz o CIO da Nau Capital.

Por outro lado, o especialista acredita que este não é um bom momento para comprar euro. A crise energética causada pela Guerra da Ucrânia contra a Rússia, bem como o atual ciclo de alta de juros no mundo, são fatores que podem colaborar para a perda de valor da divisa do bloco europeu.  “Eu não acredito que o euro seja um bom hedge até a eleição no Brasil. Os fundamentos do real atualmente são melhores que os fundamentos da moeda europeia”, destaca Valadares.

Para o economista e sócio da Dom Investimentos, Thiago Celestine, o movimento de compra de moedas se torna válido devido à paridade histórica entre o euro e o dólar (ambas moedas estão cotadas a preços muito semelhantes em relação ao real), reflexo da guerra na Ucrânia. Segundo ele, tanto o dólar quanto o euro podem proteger o investidor do resultado das eleições, independente de quem ganhar.

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Maciel Vicente da Silva, consultor de câmbio da iHUB Investimentos, por sua vez, recomenda a compra das divisas apenas em situações específicas, como para viagens internacionais marcadas anteriormente. Para o especialista, o perigo dessa transação está justamente na volatilidade do mercado de câmbio, que reflete no preço a falta de previsibilidade de quem ocupará o cargo à Presidência.

Candidatos eleitos

O sócio da Dom Investimentos considera que, em caso de vitória do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo, há possibilidade de um “estresse” da moeda estadunidense por conta de dois fatores. O primeiro se deve ao fato da eleição no primeiro turno ter formado um Congresso favorável ao atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), dificultando o relacionamento com o petista caso Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito domingo.

O segundo diz respeito à incerteza em volta do futuro do governo quanto às políticas fiscais, como o respeito ao teto de gastos. Nem Lula e nem Bolsonaro apresentaram claramente o seu plano de governo. Porém, o especialista afirma que se o atual presidente mantiver “uma política de seriedade em relação ao quadro fiscal”, o cenário permanece positivo para a compra da moeda norte-americana.

Já o coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, Acilio Marinello, acredita que “uma eventual vitória de Jair Bolsonaro deve trazer uma estabilidade aos mercados, incluindo o câmbio”. O apoio nas duas Casas Legislativas no próximo mandato, bem como a possível manutenção de ministros como Paulo Guedes na Economia, “trazem um horizonte menos nebuloso ao mercado”.

“Como Lula também ainda não adiantou nenhum nome ao seus ministérios, o que orientará o humor do mercado serão nomes dos pretendentes aos cargos. Se forem nomes que agradam o mercado, o câmbio deve se estabilizar e até mesmo voltar a cair. Se forem nomes que geram desconfiança, a volatilidade deve continuar”, explica Marinello.

A pesquisa do Ipec (ex-Ibope) divulgada nesta segunda-feira (24), aponta o ex-presidente Lula com 50% das intenções de voto no segundo turno para o Palácio do Planalto e lidera a disputa contra Bolsonaro, que soma 43%.

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