- Empresas cíclicas são as que oferecem produtos cujo consumo é afetado diretamente por questões macroeconômicas, como juros, desemprego e sazonalidade. O risco do investimento é maior, assim como os resultados
- Empresas não cíclicas ofertam produtos cuja demanda é mais estável, muitas vezes nas áreas de Infraestrutura e alimentação, tendo risco pequeno no investimento e resultados menores
- A decisão de em que tipo de empresa investir depende do perfil e do objetivo do investidor. Muitas vezes, uma carteira diversificada é a melhor solução
O modelo econômico e político no qual vivemos faz que a economia seja cíclica, ou seja, comporte-se alternando entre períodos de expansão e de recessão. Assim, o consumo segue esses momentos.
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Então, em épocas de aumento do produto interno bruto (PIB), menor desemprego e juros baixos, as famílias compram mais e movimentam a economia. Já em fases de recessão, o consumo diminui, e famílias precisam cortar gastos, priorizando principalmente os itens essenciais para a sobrevivência.
De acordo com o que cada empresa oferece como produto, elas são classificadas em duas categorias: cíclicas ou não cíclicas.
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Segundo o economista Eduardo Edart, a diferença entre elas está no fato de que as cíclicas apresentam variação em faturamento, venda e demanda conforme indicadores econômicos, períodos do mês ou do ano e o consumo em geral, enquanto as não cíclicas têm demanda mais constante.
O que são empresas não cíclicas?
As empresas não cíclicas são normalmente ligadas a setores estratégicos do governo, como os de energia, remédios, água, saneamento e bens essenciais, como a alimentação.
No caso de empresas de infraestrutura, os longos contratos e os subsídios governamentais fazem que a receita seja mais previsível e menos suscetível a variações externas.
Nesse sentido, empresas farmacêuticas e de alimentos também têm variação menor de receitas, já que a diminuição do consumo não faz itens básicos serem cortados.
Assim, a variabilidade dos resultados e o risco da interferência externa menores fazem que os investimentos em companhias não cíclicas sejam mais seguros.
Segundo Edart, uma empresa de energia, por exemplo, dificilmente seria afetada pelo comportamentos do mercado, o que garante que as ações dos investidores não sejam impactadas por ciclos ruins.
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Uma desvantagem desses investimentos é que a taxa de crescimento das empresas tende a ser menor, o que, via de regra, não permite grandes ganhos.
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Empresas relacionadas a commodities, apesar de serem classificadas como não cíclicas, pois lidam com produtos de valor mais constante, ficam sujeitas a ciclos específicos, relacionados à sazonalidade, ao início e término de safras e à ligação com outras commodities.
Outra característica de companhias não cíclicas é que elas normalmente trabalham com exportação, por isso o risco cambial existe e pode afetar os resultados financeiros para o bem ou para o mal de investidores.
O que são empresas cíclicas?
As empresas cíclicas têm variação bem maior nos resultados, porém os ganhos nos momentos de expansão podem ser surpreendentes. Gastos em lojas varejistas, de vestuários, construção civil, turismo, veículos e outros são os primeiros a serem cortados em momentos de dificuldade financeira.
Momentos de juros altos também impedem que consumidores contraiam dívidas de parcelas maiores, como as de eletrodomésticos ou financiamentos, portanto os resultados são mais suscetíveis a mudanças macroeconômicas. Essa volatilidade inerente às empresas cíclicas deixa muitos investidores receosos.
Para Edart, não se deve ter medo de empresas cíclicas, porém é preciso saber analisar os resultados em períodos maiores e montar uma carteira com o perfil do investidor. Quem quer investir a curto prazo deve estar atento a índices econômicos e a movimentos que possam impactar o setor de atuação daquela empresa.
Quem não precisa de resultados imediatos pode fazer uma análise mais completa, olhando resultados em um período mais longo.
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Assim, pode-se entender como a companhia se comportou em épocas de crise e quais foram os resultados dela durante a expansão para então apostar nas empresas cujo investidor tenha confiança na estratégia de gestão.
Um investidor interessado em empresas cíclicas pode analisar, por exemplo:
- Receita líquida dos últimos cinco anos ou dez anos;
- Vendas durante recessões;
- Receita e dívidas em moedas estrangeiras;
- Índices do setor;
- Índice de liquidez da empresa.
Com esses dados em mãos, o investidor pode se aproveitar de ciclos para comprar baixo e vender alto. Porém, Edart alerta que é preciso estar ciente dos riscos decorrentes das incertezas do mercado financeiro.
O ideal é que cada investidor monte uma carteira variada, que contemple empresas cíclicas e não cíclicas de acordo com os objetivos e o perfil de cada um.