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Os fundos abutres são um tipo de investimento que consiste na compra de ativos ou títulos de renda variável de empresas e países que estão passando por dificuldades financeiras, seja em processo de reestruturação ou à beira da falência. A sua principal característica é a aquisição dos papéis por preços abaixo do valor real. Dessa forma, há uma aposta na recuperação, que pode render lucros com os juros futuramente.
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O termo “abutre” vem da expressão vulture funds, utilizada em economias desenvolvidas, onde é mais comum. É usado para descrever esses fundos devido à sua tendência de se aproveitar de situações de fragilidade financeira para obter lucro, de forma semelhante ao comportamento desses animais na natureza, que se alimentam de carcaças. Assim como o pássaro carniceiro, eles encontram ativos praticamente moribundos e se utilizam deles para viver.
Para o planejador financeiro e sócio fundador da The Hill Capital, Gabriel Lago, isso ocorre a partir de uma espécie de contenção de danos. “Uma empresa que está quase falindo precisa de dinheiro, e acaba vendendo seus ativos mais barato para não ter ainda mais prejuízo. Já está dado como perdido, então o que voltar a partir daí é lucro”, diz.
A partir disso, os investidores do fundo abutre podem assumir a dívida e entrar com uma ação judicial para receber os lucros vindos dos juros por parte dos credores. Também é possível quitar todas as dívidas e assumir a gestão da empresa ou comprar mais de 50% das ações, quitar ou negociar débitos urgentes e revender para um empresário por um valor bem maior.
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São considerados “investimentos alternativos” pelo mercado, que são aqueles que podem valorizar muito ao longo dos anos. Enquanto os mais comuns como ativos de renda fixa, renda variável e multimercado possuem um retorno menos demorado.
De acordo com Lago, o caso da Argentina é notável. Com a adoção de uma política cambial flutuante, o país enfrentou a desvalorização abrupta de sua moeda e incapacidade de pagar sua dívida nos mercados externos e interno. Apesar da tentativa de renegociação, alguns investidores recusaram a oferta e venderam seus títulos para investidores especializados em alto risco, os chamados fundos abutres.
Esses compradores decidiram processar a Argentina de um tribunal em Nova York buscando obrigar o país a liquidar o débito, em 2010. O fato até levantou questões sobre soberania nacional. “É assim que funcionam. O mais comum é escolher empresas ou países em momentos delicados, pagar ou negociar a dívida, reestruturar e vender por um preço maior”, diz Lago.
De acordo com o planejador financeiro, existem alguns pontos que devem ser levados em consideração antes de pensar em investir nos fundos abutres. Confira as dicas fornecidas por Gabriel Lago ao E-Investidor.
O investimento em fundos abutres deve ser cuidadosamente ponderado como uma parcela minoritária do portfólio, geralmente mantido abaixo de 5% do patrimônio, devido ao alto nível de risco envolvido. Este tipo de investimento está sujeito a uma grande dose de incerteza, onde o sucesso pode depender em grande parte de fatores imprevisíveis.
Enquanto os fundos multimercado tradicionais oferecem uma entrada mais acessível ao investimento, a participação direta em fundos abutres requer um investimento mínimo considerável, geralmente na faixa de R$ 250 mil. Este tipo de investimento normalmente tem um horizonte de retorno mais longo, que pode variar de 6 a 10 anos.
Para aqueles interessados em explorar esse tipo de investimento, é altamente recomendado estudar minuciosamente os riscos envolvidos e compreender que se trata de uma opção de longo prazo.
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Há o risco significativo de perder todo o investimento, e os investidores podem ser chamados a realizar aportes adicionais, especialmente se o fundo estiver alavancado. É crucial estar ciente de que investir nesse tipo de fundo pode exigir contribuições adicionais, caso a empresa necessite, o que pode aumentar ainda mais o risco para o investidor.
Embora seja comum considerar sorte ou azar neste contexto, é importante destacar que existem indicadores, embora sutis e demorados, que podem ajudar a guiar as decisões de investimento. No entanto, o risco associado aos fundos abutres é significativo, com a possibilidade de que vários investimentos fracassem antes que um único sucesso compense as perdas.
Apesar de apresentarem oportunidades raras e potencialmente lucrativas, os fundos abutres são considerados uma aposta de alto risco e não são recomendados para todos os perfis de investidores. É fundamental possuir um entendimento sólido do mercado financeiro e estar preparado para lidar com as flutuações e incertezas inerentes a esse tipo de investimento.
Este tipo de investimento geralmente representa uma parcela muito pequena nas carteiras de investidores, e não é adequado para todos. “O risco é muito alto. Pode ser que dois ou três deem investimentos deem errado, quando um deles der certo, dará muito dinheiro”, afirma Lago.
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