- Em 2023, diversos fatores influenciaram a performance das diferentes classes (ações, multimercado, imobiliários)
- Levantamento feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor, mostra quais fundos foram campeões de retorno no ano
Os fundos de investimento costumam ser uma alternativa de investimento em renda variável para aqueles investidores que não consideram difícil a tarefa de tomada decisões. Em 2023, diversos fatores influenciaram a performance das diferentes classes (ações, multimercado, imobiliários) de formas distintas. Alguns decolaram e trouxeram bons resultados, com rentabilidade superior a 100%.
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Conforme levantamento feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor, mostramos quais fundos foram campeões de retorno em 2023. E os fundos imobiliários (FII) saíram na frente. Os dois primeiros colocados tiveram rentabilidades de 106,5% e 102,5%. O terceiro lugar registrou alta de 93,3%.
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Os fundos de ações também performaram bem. Os três mais bem posicionados tiveram valorização acima de 80%. No entanto, nesta classe a diferença entre o décimo colocado e o primeiro, é de 25 pontos percentuais, praticamente a metade do que se vê nas outras duas.
Os três fundos multimercados com melhor performance entregaram rentabilidades de 77,1%, 63,6% e 44,8%. O décimo colocado teve valorização de 25,3%, quase 52 pontos percentuais atrás da primeira posição. Cenário similar ao registrado nos FII, em que o 10º colocado teve alta de 50% e o primeiro, 106,5%.
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A indústria em 2023
A indústria de fundos chega à reta final de 2023 com uma saída líquida de R$ 63,4 bilhões, no acumulado de janeiro a novembro, e de R$ 177,4 bilhões em 12 meses, segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Assim, a indústria deverá repetir o cenário visto no ano anterior, no qual os resgates superaram os aportes - o que acontecia desde 2008. Ainda assim, o cenário de 2023 parece se encaminhar para uma melhora ante 2022, quando os fundos registraram saída líquida de R$ 162,9 bilhões - bem acima do patamar de novembro. Em 2021, houve captação líquida de R$ 412,5 bilhões, melhor resultado desde o início da série histórica, em 2002.
“Está sendo mais um ano complicado para a indústria de fundos de investimentos. Os juros altos somados a problemas de crédito em ativos de renda fixa afastaram os investidores”, avalia Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.
Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, diz que reflexos da política monetária, iniciados desde o começo da guerra na Ucrânia, geraram efeitos econômicos que afetaram bastante ativos da bolsa no segundo semestre do ano passado e na primeira metade de 2023.
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“Os Estados Unidos começaram o seu ciclo de elevação da taxa de juros. Aqui no Brasil, chegamos no pico da Selic. Então foi um primeiro semestre muito ruim para a bolsa”, analisa.
De agosto de 2022 a agosto deste ano, a Selic ficou em 13,75%, até iniciar o ciclo de cortes que a levaram para os atuais 11,75%. O elevado patamar provou uma maior procura pela renda fixa e consequente abandono de ativos de renda variável.
“Isso fez com que a indústria como um todo sofresse com saques. Vimos o volume de resgates aumentar significativamente. Gestoras que tinham bilhões de reais sob gestão voltando para a casa de milhões”, observa Paletta.
Como os fundos responderam
No caso dos FIIs, a leitura é de um movimento de recuperação. “Esses fundos (FII) já estão performando bem, tanto em termos de retorno para os investidores quanto em termos de captação de novas ofertas”, diz Fonseca.
O IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliário), por exemplo, que reúne os fundos do tipo com maior liquidez na bolsa, sobe quase 13% no acumulado do ano.
Por outro lado, a leitura dos analistas é a de que os multimercados foram mais afetados na indústria do que os de ações e os imobiliários.
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“Refletindo com um olhar mais próximo ao final do ano, observamos que a bolsa está se valorizando. Portanto, os fundos que estavam alocados em ações neste segundo semestre conseguiram e estão obtendo um bom retorno”, analisa Paletta.
Gabriel Tossato da Silva, especialista de investimentos da Ágora, adiciona que a expectativa não confirmada de uma recessão na economia norte-americana, beneficiou as escolhas dos gestores que apostaram em ativos negociados nos EUA. Por sua vez, aqueles que optaram por uma tomada de risco através de estratégias macro, muito comum aos multimercados, não conseguiram muitas vezes aproveitar a alta na renda variável internacional, diz Tossato.
Gabriel Tossato da Silva, especialista de investimentos da Ágora, adiciona que as expectativas que existiam no começo do ano para a economia norte-americana, de uma possível recessão, contribuíram negativamente para quem optou por estratégias de risco, comum entre gestores de multimercados.
“As estratégias de renda variável internacionais performaram bem. E a tomada de risco mais do lado de estratégias macro, muito comum nos multimercados, não conseguiram muitas vezes aproveitar essa alta na renda variável internacional”, diz Tossato.
O que esperar de 2024
Paletta, analista da Monett, está otimista com o cenário para a bolsa no Brasil no próximo ano. A entrada da Selic em rota de queda, por exemplo, é um dos motivos para a avaliação positiva. “Houve revisão de rating Brasil recentemente. Isso pode continuar a trazer fluxo para cá e fazer com que a taxa de juros caia ainda mais”, diz o sócio da Monett.
Para Paletta, os fundos de ações e os FIIs terão mais chances de performar melhor em 2024, se comparados aos multimercados.
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“A volatilidade está caindo bastante no mundo todo. Isso é um fator que faz com que muitos multimercados fiquem para trás. Então entendo que os fundos de ações e os FII vão ter um potencial para entregar uma performance muito melhor para os investidores”, diz.
O sócio da A7 Capital entende que o cenário previsto de juros mais baixos em 2024 deve afetar também a atratividade dos ativos de renda fixa. Logo, os investidores podem procurar outras opções de investimentos, retornando a ativos de risco, como os fundos, em busca de melhores rentabilidades.
Além dos fundos de ações, fundos multimercado e FIIs, Fonseca avalia que os fundos de crédito também podem ser uma opção para o investidor que não é tão arrojado.