Investimentos

Fundos de ações recorrem a “investimento do ano” para ganhar mais de 90%

Ativos conseguem resultados expressivos na contramão do Ibovespa, que acumulou queda de 4,53% no 1º trimestre

Fundos de ações recorrem a “investimento do ano” para ganhar mais de 90%
(Foto: joyfotoliakid em Adobe Stock)
  • No primeiro trimestre deste ano, o principal índice da B3 acumulou uma desvalorização de 4,53%
  • Taxa de juros nos Estados Unidos e riscos políticos no cenário domésticos contribuíram para as perdas
  • Mas os fundos com exposição a outros fundos de criptomoedas e em ações de tecnologia listados no exterior encontraram um destino diferente. Confira!

A demora para a queda da taxa de juros nos Estados Unidos mais os riscos políticos no ambiente doméstico ajudaram a tornar os ativos de Bolsa menos atraentes aos olhos dos investidores. A combinação desses fatores resultou na desvalorização de 4,53% do Ibovespa no acumulado do primeiro trimestre de 2024.

Já para alguns fundos de ações, a realidade foi bem diferente. As estratégias desses instrumentos financeiros direcionaram os retornos desse grupo para o sentido contrário ao da média do mercado e garantiram prêmios superiores a 90% em relação ao principal índice da B3 nos três primeiros meses do ano.

Os dados são do levantamento da Economatica, produzido a pedido do E-Investidor, que avaliou o desempenho dos fundos de investimentos de ações, conforme a classificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), voltados para o público geral no acumulado dos meses de janeiro a março deste ano.

O recorte mostrou que os grandes destaques ficaram para aqueles com posição em cotas de fundos de criptomoedas, especificamente, em bitcoin (BTC). A principal criptomoeda do mundo opera, atualmente, perto das suas máximas históricas após bater o antigo recorde de preços que prevalecia desde novembro de 2021.

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Com a cripto na estratégia, os fundos de ações conseguiram prêmios exorbitantes durante o período. Foram os casos do Itaú Bitcoin USD FIA e do Itaú Index Bitcoin USD, que entregaram aos seus acionistas prêmios de 91,2% e 90,6%, respectivamente.

Os dois possuem exposição ao BTC, que ainda permanece como o investimento mais rentável do ano, como mostramos nesta reportagem. No entanto, há pequenas diferenças sobre a composição das carteiras. O portfólio do Itaú Bitcoin USD investe no ETF BIT11, também gerido pelo Itaú Asset, que replica o desempenho do Bloomberg Galaxy Bitcoin Index, índice criado e administrado pela Bloomberg. Já o Itaú Index Bitcoin compra as cotas do Itaú Bitcoin USD.

“Vimos um ganho de maturidade dentro do ecossistema de criptomoedas. Então, trata-se de uma forma de darmos acesso aos nossos clientes a ativos digitais, representados pelo bitcoin, como uma forma de diversificar o portfólio ao investir em uma classe que está descorrelacionada aos investimentos mais tradicionais”, diz Renato Eid, superintendente de Estratégias Indexadas e investimento Responsável da Itaú Asset.

Aumento do apetite ao risco

Se levarmos em consideração a perspectiva do BTC, os fundos do Itaú, assim como os outros com exposição à criptomoeda, devem entregar ainda mais valor aos cotistas. O lançamento dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos ajudou a moeda digital a alcançar novos patamares de preços ao atrair os investidores institucionais para esse mercado.

Agora, em abril, a expectativa do halving adiciona ainda mais otimismo ao mercado. O evento previsto para acontecer no fim deste mês promete reduzir pela metade a recompensa dos mineradores de criptomoedas – os responsáveis pelos registros das transações. Na prática, a medida limita ainda mais a criação de novos bitcoins, o que pressiona os preços do ativo diante da queda da oferta no mercado.

Atualmente, a recompensa em cada bloco minerado é de 6,25 BTC. Após o halving deste ano, o prêmio cai para 3,125 BTC por bloco minerado – os cálculos matemáticos que registram as transações de criptomoedas na rede. Para o segundo semestre, o ambiente econômico para o bitcoin pode ficar mais favorável com o início do ciclo de queda da taxa de juros nos Estados Unidos. Na reunião do dia 20 de março sobre a taxa de juros, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informou que mantém a projeção de três cortes de juros até dezembro.

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Se as expectativas se concretizarem, o apetite a risco deve aumentar entre os investidores com a perspectiva de queda de rentabilidade dos ativos de renda fixa que se beneficiam com a alta dos juros. Esse contexto macroeconômico favorece a cotação do bitcoin no médio prazo, já que os analistas consideram a criptomoeda como um ativo de alto risco.

A realidade também deve impulsionar o desempenho do BTG Pactual Reference Global Tech. O fundo que entregou o terceiro maior prêmio do trimestre investe no S&P/B3 Ingenius Index, também do BTG e é focado em companhias internacionais de alto crescimento. Os BDRs (Brazilian Depositary Receip, certificados emitidos no Brasil que representam uma empresa listada no exterior) de Meta (M1TA34), NVIDIA (NVDC34), Paypal (PYPL34) e Amazon (AMZO34) respondem a quase metade da composição do índice.

Os cuidados antes de investir nos fundos

Os prêmios alcançados pelos fundos de ações no primeiro trimestre encantam qualquer investidor que busca retornos elevados para a sua carteira. Mas precisam estar cientes de que, ao investir nesses instrumentos, estão sujeitos ao risco do desempenho não ser replicado nos próximos meses. Por isso, Christopher Galvão, analista de Fundos da Nord Research, recomenda, como primeiro passo, entender a estratégia de investimentos dos ativos que compõem o portfólio do fundo de ação para evitar frustrações e enventuais prejuízos.

O mesmo trabalho deve ser realizado em relação aos fundos que replicam o desempenho de índices ou de outros fundos de investimento. “É preciso entender o racional por trás do investimento. Ou seja, analisar de forma qualitativa, como o resultado foi construído e se ocorreu com um risco controlado para se ter uma perspectiva sobre a continuidade dessa geração de valor”, pontua Galvão.

Já em relação às alocações, é importante que o volume esteja compatível com o perfil do investidor. Além disso, ele deve observar a diversificação do portfólio desses fundos para não estar exposto apenas a um risco. “A estratégia fica dependente de um único ativo ou poucos, diminuindo a probabilidade de acerto. Caso esse ativo caia, o investidor vai perder um porcentual relevante do patrimônio total”, diz Alexandre Rocha, assessor da RJ+ Investimentos.

Os custos envolvendo os fundos de ações, como taxas de administração, também devem ser levados em consideração ao incluir esses produtos no portfólio. “É importante o investidor avaliar de perto também os gestores por trás do fundo”, orienta Fabio Louzada, economista, planejador financeiro CFP®️ e fundador da Eu Me Banco.

Apesar das observações dos analistas, os fundos de investimentos, como os de ações, são boas oportunidades para quem tem horizonte de retorno no longo prazo e não possuem a cobrança do imposto de renda semestralmente, como os fundos de renda fixa e multimercados.

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