Investimentos

Gestores terão um novo mundo para avaliar em abril

Sensação de pessimismo dominou os mercados por causa do avanço do coronavírus

Gestores terão um novo mundo para avaliar em abril
(Foto: Envato Elements)
  • Fundos abertos de ações tiveram perdas entre 27,26% e 32,69% até o dia 27 de março
  • Multimercados tiveram perdas entre 0,55% na subcategoria Capital Protegido até prejuízo de 10,83% em carteiras Long and Short Direcional
  • Carteiras de ações de investimento no exterior experimentava perdas de 27,74% no mês até 27 de março

Depois uma queda de 29,9% do Ibovespa em março, a expectativa é mais volatilidade em abril. No meio da atual pandemia de coronavírus, os gestores de fundos possuem o desafio de avaliar um “Novo Mundo” antes de selecionar os ativos para as carteiras. Segundo o estrategista-chefe da Infinity Asset, Otávio Aidar, os gestores vão selecionar as empresas mais resistentes no atual cenário, ou aquelas, que estão se adaptando rapidamente ao mundo digital, ou seja, que possam comercializar produtos e serviços pela internet com facilidade, e com uma logística que atenda as exigências dos clientes.

“Estamos no meio de um furacão. Na crise atual, ninguém sabe muito bem o que fazer. Estamos sendo bombardeados com muitas informações por todos os lados, mas se começa a perceber que teremos uma recessão global, e que a humanidade está com medo de um cenário com milhões de mortes”, diz Otávio Aidar, estrategista-chefe da Infinity Asset.

Na opinião dele, a dificuldade dos gestores será estabelecer métricas para acompanhar as mudanças nas empresas, na economia e na sociedade. “Um Novo Mundo surgirá após a pandemia de coronavírus. Nada mais será como antes. Exemplo, há milhões de pessoas em home office e outras na quarentena sem atividades, como isso altera a dinâmica das empresas em atender a população, das vendas pela internet, do e-commerce. Na medida que surgirem mais dados econômicos sobre essa nova realidade, os gestores vão reavaliar as carteiras”, afirma.

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Ele citou o exemplo da Zoom, empresa que realiza teleconferências com uma companhia que soube aproveitar muito bem essa situação para popularizar seu produto. Serviços do Google para educação continuada também estão aproveitados por pais, professores, alunos e instituições de ensino para levar conteúdo à distância.

Efeito dominó

Aidar conta que o desempenho dos fundos de ações, não só no Brasil, mas em todo o mundo, foi “uma catástrofe” em março, sem paralelos na história dos investimentos financeiros. “Alguns [fundos] tiveram um desempenho um pouco melhor, outros tiveram resultados muito ruins. O Ibovespa caiu 29,9% em março, mas a volatilidade deve continuar alta em abril”, diz o estrategista-chefe da Infinity.

Dados do boletim diário da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que fundos abertos de ações tiveram perdas entre 27,26% e 32,69% até o dia 27 de março, entre as diferentes subcategorias com ações nacionais. Mas mesmo quem tinha diversificado em fundos de ações de investimento no exterior experimentava perdas de 27,74% no mês até 27 de março.

Questionado sobre exemplos de setores que podem apresentar resistência melhor em abril, o estrategista citou o caso das empresas exportadoras. “A China está retomando as atividades, mas há o temor de uma segunda onda de coronavírus, por causa do aumento de casos importados. Ainda é impossível prever qual será a demanda da China”, diz Aidar.

Nos multimercados, os gestores que tinham, antes da quarta-feira de cinzas (26/02), uma estratégia de proteção se saíram melhor. Foi o caso da Garin Investimentos, com as carteiras OR (+0,98%), Equilibrium (+4,46%) e Special (+5,81%).

“Antes do Carnaval, nós estávamos com proteção, não por causa do coronavírus, mas porque os mercados estavam em suas máximas. O custo do seguro estava barato e decidimos nos proteger de uma possível correção nos preços dos ativos. Agora, com essa tempestade, o custo do seguro ficou mais caro”, diz Ivan Kraiser, gestor-chefe da Garin Investimentos.

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Pela média da Anbima, os multimercados tiveram perdas entre 0,55% na subcategoria Capital Protegido até prejuízo de 10,83% em carteiras Long and Short Direcional. Já nos multimercados de investimento no exterior, as perdas eram de 1,34% até 27 de março.

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