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Ações Eternit: histórico e rendimentos da ETER3

Ainda em processo de recuperação judicial, ações da Eternit tiveram valorização surpreendente nos últimos anos

Ações Eternit: histórico e rendimentos da ETER3
Eternit entrou em recuperação judicial, mas voltou a crescer. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • Eternit é historicamente associada à utilização de amianto como matéria-prima
  • Líder no mercado de coberturas, a empresa oferece diversas soluções para a construção civil
  • Ações ETER3 tiveram valorização de 64% ao longo de 2021

As ações da Eternit (ETER3) experimentam alta volatilidade desde o início da recuperação judicial da empresa.

A companhia chegou a registrar R$ 228,9 milhões de dívida, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), resultado da demora dos executivos em atualizarem sua estratégia de atuação.

Por oito décadas, a Eternit, conhecida como a “marca da Coruja”, utilizou amianto como principal matéria-prima de seus produtos.

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A substância não é inflamável, tem grande durabilidade e resistência mecânica superior à do aço. Por isso, era largamente utilizada na indústria da construção civil.

A exposição ao elemento está ligada ao desenvolvimento de câncer, além de diversos problemas respiratórios, e começou a ser banida no mundo na década de 1990.

Apesar de o produto estar sendo substituído por plástico desde 2010, a companhia resistiu em abandonar completamente seu modelo de negócios.

O que a Eternit produz?

Eternit se consolidou utilizando amianto como matéria-prima. (Fonte: Thomas Quine/Wikimedia Commons/Reprodução)

 

A Eternit detém 34% do mercado brasileiro de telhas de fibrocimento, produto comercializado desde a fundação da empresa, em 1940.

A companhia também tem em seu portfólio produtos feitos de cimento, concreto, gesso, metal e plástico, como caixas-d’água, chapas, painéis e tapumes direcionados para a construção civil.

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Em 2008, a Eternit começou a vender louças e assentos sanitários em parceria com outras empresas. Em 2014, inaugurou uma fábrica própria, a Companhia Sulamericana de Cerâmica (CSC), fruto de uma joint-venture.

A “marca da Coruja” chegou a ter o controle total da planta em 2018, mas se desfez do negócio dois anos depois.

Mais recentemente, a Eternit se lançou no mercado de energia verde, com o desenvolvimento de uma telha fotovoltaica mais barata que painéis solares.

Ao mesmo tempo, a Sama, sua subsidiária, aproveitou uma brecha na legislação, que permitiu a exportação de amianto para retomar a extração do produto.

Recuperação judicial da Eternit

A Eternit entrou com um pedido de recuperação judicial em 2018, apontando como principal motivo a recessão econômica, que provocou uma retração significativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2015 e 2016.

Além disso, um quarto da receita do grupo tinha origem no amianto, substância que teve a demanda reduzida no mercado internacional devido a proibições.

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A situação ficou insustentável em 2017, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela proibição da produção e da venda de amianto no Brasil.

A partir do plano de recuperação judicial, a Eternit abandonou as atividades menos competitivas, como caixas-d’água, louças e metais sanitários, para se concentrar no negócio de cobertura, que é operacionalmente mais rentável.

Isso permitiu, em dois anos, a quitação das dívidas trabalhistas e com micro e pequenas empresas. Além disso, a Eternit passou a ter receita líquida positiva em 2020 e 2021, em meio à pandemia, após registrar números negativos desde 2016.

Novo negócio da Eternit é voltado para telhas solares. (Fonte: Tégula Solar/Reprodução)

A Eternit começou a negociar suas ações (ETER3) na Bolsa de Valores de São Paulo (atual B3) em 1949, logo no início de sua história.

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Em 2006, a companhia aderiu ao Novo Mercado, um segmento de empresas que adotam, de forma voluntária, práticas de governança e transparência além do que é exigido pela legislação brasileira.

Estrutura acionária

A small cap negocia apenas papéis ordinários, ou seja, com direito a voto (ETER3). A maior parte das quase 62 milhões de ações da Eternit, cerca de 48%, está nas mãos de 26 mil pessoas físicas, enquanto outros 45% estão distribuídos por 160 clubes, fundos e fundações.

Desde a recuperação judicial, Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais do Brasil, vem se desfazendo de sua participação, que já foi superior a 13% e hoje é menor que 5%.

Atualmente, os principais acionistas são os Fundos de Investimento em Ações (FIA) D+1, que detêm 25,5% do controle, e a Geração Futuro L. PAR, com 7,95%.

Grande volatilidade

As ações da Eternit (ETER3) experimentaram uma longa curva de valorização a partir da adesão ao Novo Mercado da B3, com a cotação saltando de R$ 4,16 em dezembro de 2005 para R$ 27,78 em junho de 2007.

A crise global do ano seguinte provocou forte desvalorização, com os papéis chegando ao piso de R$ 11,56 em outubro de 2008.

Entretanto, a tendência foi revertida, turbinada com o lançamento, em 2009, do programa Minha Casa, Minha Vida, que impulsionou o mercado da construção civil.

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A cotação das ações ETER3 se sustentou acima do patamar dos R$ 20 até 2014, quando começaram a aparecer os primeiros sinais de uma nova recessão econômica.

A situação piorou com a proibição do amianto, o que fez o valor da ETER3 cair até R$ 2,06 em junho de 2019.

Desde a recuperação judicial, entretanto, a companhia vem “surfando” em uma impressionante alta. Em 2020, a valorização acumulada foi superior a 300%, enquanto ao longo do ano seguinte as ações subiram outros 64%.

Em maio de 2021, a ETER3 alcançou seu preço recorde, sendo cotada a R$ 33,83, embalada pela divulgação dos resultados positivos do primeiro trimestre do ano.

Depois, as ações da Eternit recuaram mais de 30% para um patamar abaixo dos R$ 20, no qual continua até hoje, apesar da continuidade dos resultados operacionais positivos.

Pagamento de dividendos da ETER3

As ações da Eternit têm um histórico de pagamento de dividendos acima do mercado, com dividend yield (DY) que já ficou acima de 20% em 2014 e média de 10% no período de 2008 a 2015.

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A companhia passou cinco anos, de 2016 a 2020, com resultados negativos — sem oferecer dividendos a seus acionistas.

Com a volta dos resultados positivos, o retorno percentual sobre o investimento passou a ser mais modesto, ficando um pouco acima de 1%.

O último pagamento realizado aos sócios foi em dezembro do ano passado e movimentou R$ 14,9 milhões a título de juros sobre capital próprio (JCP).

Vale a pena investir em ações da Eternit (ETER3)?

A reestruturação e a remodelagem dos negócios da Eternit garantiram à empresa bons fundamentos para proporcionar um crescimento de longo prazo.

A alta volatilidade da ETER3 pode garantir boas oportunidades de entrada. De acordo com a avaliação da Ágora Investimentos, a tendência do papel é de alta.

No entanto, a companhia está exposta às incertezas da pandemia e ainda insiste em manter as operações com amianto, enquanto a preocupação global com saúde aumenta.

Por isso, o investidor que pretende comprar ou manter as ações ETER3 deve acompanhar de perto as notícias do mercado.

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