- Se acordo com pesquisa da EY 99% dos investidores dizem utilizar as divulgações de ESG das empresas como parte de suas decisões sobre investimentos.
- Investimentos nas áreas de meio ambiente, social e governança podem ser feitos diretamente para uma empresa, por meio da compra de ações, ou para várias, com fundos e ETFs.
Investidores têm se preocupado cada vez mais com as pautas ambientais, sociais e de governança — temas que compõem a sigla ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa, em inglês). De acordo com a pesquisa Reporting and Institutional Investor Survey (Relatório e Pesquisa com o Investidor Institucional, em tradução livre), da empresa de auditoria e consultoria EY, 78% deles acreditam que companhias devem fazer investimentos que abordem questões de ESG relevantes para seus negócios.
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Entre os mesmos investidores que participaram da pesquisa, 99% dizem utilizar as divulgações de ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento. Diante desse cenário, muitos agentes do mercado levantam dúvidas sobre quais são as possibilidades de aportar recursos em ativos relacionados ao meio ambiente, ao social e à governança corporativa.
Quais são as possibilidades de investimentos em ESG
Investir em ESG pode parecer um conceito confuso, já que se trata de um conjunto de pautas e não necessariamente uma empresa, fundo ou título. Ainda mais: meio ambiente, o social e governança podem ter uma relação distante em alguns casos.
Quando alguém manifesta o desejo de “investir em ESG”, normalmente dá a ideia de aplicar recursos em produtos de investimento com compromisso reconhecido nas pautas que compõem a sigla.
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O mais comum é que exista algum tipo de reconhecimento institucional de que aquele investimento realmente é compromissado com as causas. Conheça as possibilidades.
Exchange Traded Fund (ETFs)
Os ETFs são investimentos que funcionam como fundos baseados em um índice. Como qualquer fundo, o valor investido fica alocado em uma variedade de produtos. No caso dos ETFs, ações. A seleção das ações que compõem esse fundo obedece algum índice. Esse índice pode ser o Ibovespa, por exemplo, ou um índice de ESG.
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“Quando você quer investir em um índice específico, qual é a forma prática de fazer isso? Você compra todas as ações que compõe aquele índice. Só que o público em geral não tem um capital tão grande pra investir em todas as ações que compõe o índice. Então esses índices são, de certa forma, inacessíveis para o público geral. E aí o mercado financeiro, muito criativamente, criou essas esses fundos”, explica o sócio fundador da W Capital, Gui Waetge.
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Além disso, os ETFs representam uma forma de evitar investir diretamente na ação de uma empresa específica para aqueles que não têm tempo de acompanhar o mercado de forma tão próxima, explica a analista ESG da Genial, Marilise Andrade, que cita os ETFs ECOO11, ESGB11, ESGU11 E ESGE11.
O ETF ECOO11, gerido pela BlackRock, se baseia no Índice de Carbono Eficiente (ICO2) da Bolsa de Valores (B3), aderido por empresas comprometidas com a redução da emissão de carbono.
Já o ESGB11, reproduz o Índice S&P/B3 Brasil ESG, que mede a performance de títulos que cumprem critérios de sustentabilidade por meio da pontuação atribuída pela S&P Dow Jones Indices. O fundo é gerido pelo BTG Pactual.
O ESGU11 segue o índice MSCI USA ESG, que acompanha empresas norte-americanas com bons critérios ESG. Segundo Andrade, uma opção como essa pode servir, inclusive, para dolarizar a carteira. “Tem um também que é superinteressante, talvez muitos não conheçam, mas é o ESGE11, que olha só mercados emergentes. Então, eu também quero tomar mais risco, quero olhar pro mercado emergente, tem esse ETF que também é listado em bolsa”, aponta a especialista.
Ações
Para quem deseja investir em ações de empresas comprometidas com ESG, é importante consultar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3). Ele funciona como uma carteira teórica de ativos. Nela, estão ações de empresas que passaram por uma avaliação quantitativa e qualitativa da B3 e possuem reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial.
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“Se o investidor está determinado a de alguma forma oferecer capital para empresas que tenham iniciativas ESG, um bom ponto de partida é justamente esse: olhar as empresas que compõe o Índice de Sustentabilidade da Bovespa”, aponta Waetge.
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Depois de escolher um setor ou algumas empresas de interesse, o investidor precisa buscar por mais informações em quais iniciativas ESG as companhias atuam. Andrade indica que o investidor procure pelos relatórios de sustentabilidade divulgados pelas companhias.
A consulta dos documentos ajuda o investidor a encontrar as pautas que possuem maior convergência com seus interesses. “Eventualmente, para um investidor, ele está mais preocupado com a questão ambiental, outro está mais preocupado com a questão social, então faz sentido também olhar esses relatórios anuais e relatórios de sustentabilidade das empresas listadas”, diz Waetge.
Fundos
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) determinou em janeiro de 2022 que todas as instituições financeiras devem identificar fundos de investimento 100% sustentáveis com o sufixo IS, de investimento sustentável. Estes podem ser fundos de ações ou de investimento privado.
Segunda Andrade, as gestoras desse tipo de fundo utilizam filtros, como a exclusão de investimentos em empresas da indústria de armas e de tabaco, por exemplo. Além disso, também costumam ser aderentes ao pacto global da Organização das Nações Unidas (ONU) e signatárias dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI), também da ONU, e o próprio ISE.
Renda fixa
Existem possibilidades de investimentos ESG em renda fixa, mas são menos comuns que aquelas existentes dentro do universo da renda variável. “É um mercado que é bem mais forte internacionalmente até por, normalmente, as questões ambientais partirem muito da Europa”, aponta Waetge.
Um nome que se popularizou para esse tipo de título é o “green bond”, os títulos emitidos especificamente para financiar projetos com foco ambiental. No entanto, também existem possibilidades dentro das outras pautas ESG, como os títulos sociais. Normalmente eles são emitidos como Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou debêntures incentivadas.
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O mais comum é que esse tipo de título seja consumido pelo mercado institucional, como assets, family offices e fundos de pensão. “Uma das coisas que tem mudado nos últimos anos são essas plataformas de varejo, que eventualmente acabam trazendo mais opções, inclusive de título de renda fixa”, aponta Waetge.
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Andrade, da Genial, recomenda que, para lidar com as grandes compras do mercado institucional, os investidores comuns mantenham empresas de interesse no radar e tentem comprar os títulos próximo à sua emissão. “Mas percebo que o investidor de varejo ainda está um pouco distante também”, diz.