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- A caderneta de poupança é o produto de investimento preferido dos brasileiros, mas, aos poucos, está perdendo adeptos. Em 2023, o saldo líquido ficou negativo em R$ 87 bilhões
- Especialistas apontam que, entre outros fatores, o avanço da educação financeira e o início do ciclo de queda dos juros está levando investidores a opções melhores na renda fixa
- Eles apontam algumas alternativas como Tesouro Selic, CDBs e LCIs e LCAs para quem também quiser resgatar os recursos da poupança em 2024
A caderneta de poupança é o produto de investimento preferido dos brasileiros, mas, aos poucos, está perdendo adeptos. Dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (8) mostram que a aplicação encerrou 2023 com um saldo líquido negativo de R$ 87,8 bilhões – o segundo pior ano da série histórica, atrás apenas de 2022, ano em que a poupança ficou negativa em R$ 103,2 bi.
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Em 2023, foram captados R$ 3,82 trilhões, mas houve saques no montante total de R$ 3,91 trilhões. Apenas os meses de dezembro e junho registraram mais depósitos do que retiradas. Veja mais detalhes sobre os números aqui.
Especialistas apontam dois motivos para o ano negativo da poupança: o alto endividamento das famílias e o início do ciclo de queda da Selic. Em dezembro de 2023, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que 76,6% das famílias brasileiras estão endividadas.
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No esforço para quitar todas as contas, quem tinha aplicações na caderneta de poupança pode ter resgatado o dinheiro. “O acesso ao crédito ficou muito difícil por conta de uma taxa de juros mais alta, enquanto o processo inflacionário encareceu o custo de vida das famílias. Cada vez mais as pessoas precisam recorrer às suas economias para fechar a conta no final do mês “, explica Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
Por outro lado, a poupança também já vem em um movimento de perda de popularidade causado pela ampliação da educação financeira. Muitos investidores têm optado por outras alternativas mais rentáveis e ainda assim conservadoras, como os títulos do Tesouro Direto. Com o início dos cortes na taxa de juros do País, em agosto do ano passado, quem gosta da renda fixa começou a mexer na carteira para tentar manter a rentabilidade com a queda do CDI.
“Com o aumento da educação financeira, as pessoas estão entendendo mais sobre investimentos e aproveitando as oportunidades que o mercado oferece com maiores rentabilidades no nível de risco muito parecido à poupança”, diz Andressa Bergamo, especialista em mercado de capitais e fundadora da AVG Capital.
Outras alternativas
A poupança oferece algumas vantagens que justificam sua popularidade entre os brasileiros: é gratuita, fácil de utilizar, pode ser acessada em qualquer banco, não tem cobrança de Imposto de Renda nem exige um valor mínimo na aplicação. Ainda assim, em termos de rentabilidade, ela está longe de ser a melhor opção de investimento, mesmo entre as opções conservadoras.
Pela regra, em momentos como o atual em que a taxa de juros está superior a 8,5% ao ano, a modalidade oferece um retorno mensal de 0,5% somado ao valor da taxa referencial (TR), que está em 0,16% ao ano. Em 2023, o rendimento da poupança ficou em 8,21% – em termos de comparação, o CDI acumulado ao longo do último ano foi de 12,94%.
Isso significa que há outros ativos dentro da renda fixa que oferecem um retorno maior, com um grau de risco baixo. “A poupança nunca foi um bom investimento para ninguém, justamente porque é o tipo de aplicação que menos rende dentre todas as opções que existem. Ainda há um volume muito grande de recursos investidos na modalidade, mas mais por uma questão de falta de educação financeira do que de escolha do investidor”, destaca Ricardo Jorge, da Quantzed.
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O especialista destaca que o investidor precisa avaliar bem as condições de cada aplicação, além do próprio perfil de risco. Ainda que o investimento em renda fixa seja considerado de baixo risco em comparação a outros produtos financeiros, a volatilidade pode ser maior em alguns títulos.
Mas, no geral, estes 4 investimentos costumam valer mais a pena do que a poupança:
- Tesouro Selic
O Tesouro Selic é uma das opções mais conservadores do Tesouro Direto, nome dado aos títulos de dívida pública distribuídos pelo programa da Secretaria do Tesouro Nacional do Brasil.
Na prática, é como se o governo pegasse “emprestado” o dinheiro do investidor para devolvê-lo no futuro com juros. Por isso, são considerados os investimentos mais seguros do País.
“São outras possibilidades de investimentos para quem quer diversificar o portfólio buscando outros produtos acessíveis e de baixo risco”, destaca Deborah Bloise, especialista de investimentos da Ágora.
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O Tesouro Selic é um título pós-fixado ao CDI, acompanhando de perto a variação dos juros do País. Por possuir liquidez diária e risco extremamente baixo, essa opção costuma ser muito recomendada até para investir a reserva de emergência.
A diferença para a poupança, nesse caso, é a incidência de Imposto de Renda. Nas aplicações no Tesouro, é cobrado um IR entre 15% a 22,5%, a depender do prazo da aplicação.
- CDBs
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) também são cada vez mais populares. O produto tem sido muito buscado por investidores como uma alternativa para manter a rentabilidade da carteira neste momento de queda da taxa de juros.
Assim como os títulos do Tesouro, essa aplicação também funciona como um “empréstimo” que, no futuro, retorna ao investidor com juros. Nesse caso, quem pega o dinheiro emprestado são os bancos.
Por serem instituições privadas expostas ao risco de crédito – a probabilidade da empresa não conseguir honrar os pagamentos –, os CDBs oferecem um retorno maior do que o do Tesouro e da poupança.
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Aplicações de até R$ 250 mil nesses ativos contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito; por isso são consideradas de baixo risco por especialistas.
“Há alternativas de diferentes prazos, indexadores e emissores no mercado. Contam também com a cobertura do FGC, podem oferecer liquidez diária ou não ao investidor, além de possuir tributação de IR regressiva na fonte”, ressalta Bloise, da Ágora.
Nesta reportagem mostramos que, com a Selic atual de 11,75% ao ano, é possível encontrar no mercado CDBs com taxas entre 70% a 125% do CDI, a depender do tamanho da instituição emissora do título. Os prazos de vencimento variam entre 1 mês a 8 anos.
- LCIs e LCAs
As LCIs e LCAs significam, respectivamente, a Letra de Crédito Imobiliário e a Letra de Crédito do Agronegócio.
As duas aplicações funcionam de maneira muito semelhante, tendo como única diferença significativa para quem vai o dinheiro “emprestado” pelo investidor. No caso das LCIs, para o setor imobiliário, nas LCAs, para o agronegócio.
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O grande diferencial desses ativos é que, assim como a poupança, eles são isentos de Imposto de Renda. Na prática, isso aumenta a rentabilidade do investidor em comparação a aplicações em um CDB ou no Tesouro.