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- Os investimentos em renda fixa continuam mais atrativos para os investidores com a alta da Selic. A perspectiva não é a mesma para todos os ativos financeiros de renda variável
- Ainda assim, na avaliação de analistas, alguns setores conseguem se destacar com esse cenário de alta nos juros.
- Uma simulação feita pela Ativa Investimentos mostra que os investimentos em LCI e LCAs a 100% do CDI são os mais atrativos para os investidores devido à isenção do Imposto de Renda
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou pela sétima vez consecutiva a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual na última reunião do ano. Com o reajuste anunciado na quinta-feira (8), a Selic passa de 7,75% para 9,25% ao ano.
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A inflação a dois dígitos é uma das principais causas para a elevação da taxa em dezembro. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado do ano até o mês de outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação no País, corresponde a 10,67%. Já o Boletim Focus projeta que 2021 encerre com uma inflação de 10,17%.
Na avaliação de João Vítor Freitas, analista da Toro Investimentos, a taxa básica de juros de 2% no início do ano contribuiu para o aumento dos preços assim como os problemas nas cadeias logísticas do mundo. “A taxa de juros muito baixa acaba sendo um fator inflacionário. Além disso, em alguns lugares a produção parou. Depois, quando a demanda voltou, não existia a oferta para suportar a demanda. Aí o preço foi reajustado”, ressalta Freitas.
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O analista da Toro acredita que o risco fiscal nas contas públicas com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios também pesou na decisão do Copom.
“O aumento da percepção do risco fiscal faz com que se exija um juro maior também”, explica Freitas. A proposta foi aprovada pelo Senado no último dia 2 e abre um espaço de R$ 106,1 bilhões no orçamento público em 2022. A medida permite ao Poder Executivo financiar o programa Auxílio Brasil com pagamentos de parcelas no valor de R$ 400.
Mas a expectativa do mercado há um mês era de que a Selic chegasse a 9,75% ao ano devido aos problemas que ainda pressionavam a inflação do País. No entanto, segundo João Beck, economista e sócio da BRA, a redução da projeção aconteceu porque alguns desses fatores foram parcialmente solucionados nas últimas semanas.
“O risco hídrico reduziu bastante por causa das chuvas. Isso impacta menos no custo de energia. A PEC dos Precatórios, embora seja uma notícia ruim, foi resolvida”, afirma Beck. Além disso, a notícia da circulação de uma nova variante da covid-19 reduz a perspectiva de crescimento global, o que beneficia o Brasil. “Por motivos ruins, é menos pressão sobre a inflação”, diz.
Selic em 2022
O Banco Central deve continuar com aumentos da Selic em 2022 para cumprir a meta da inflação a 3,5% em 2023. Para isso ocorrer, Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, explica que o BC terá que elevar para dois dígitos a taxa básica de juros ao longo do próximo ano. “Em nossa visão, esse processo de alta da Selic deverá continuar até março de 2022, com a taxa básica de juros chegando a 11,5% ao ano”, diz Sá.
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Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, traz uma projeção ainda mais pessimista. Segundo ele, a taxa básica de juros deve chegar a 12,25% em março do próximo ano. Caso a projeção se concretize, será o maior patamar desde abril de 2017. “Os 12,25% de Selic deverão permanecer até o início de 2023, quando passarão a ser reduzidos até 7,5% na última reunião do (mesmo) ano”, acredita Sanchez.
Como ficam os investimentos
Os investimentos em renda fixa continuam mais atrativos para os investidores com a alta da Selic. A perspectiva não é a mesma para todos os ativos financeiros de renda variável. Ainda assim, na avaliação de analistas, alguns setores conseguem se destacar com esse cenário de alta nos juros. Veja a seguir:
Renda Fixa
Como a perspectiva é que a Selic suba para os dois dígitos nos primeiros meses de 2022, Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, acredita que os investimentos de renda fixa pós-fixados sejam os mais atrativos porque são ativos que acompanham a alta da Selic. “Os investimentos indexados ao IPCA com prazos mais longos também são vistos com bons olhos para essa proteção à inflação desde que o investidor consiga manter o investimento até o final”, afirma.
Em relação aos pré-fixados, a recomendação de Dolle é não adquirir títulos com prazos muito longos devido ao seu risco ser maior em relação aos outros ativos. “De um modo geral, há espaço para os três indexadores nas carteiras de investimento. Mas quanto mais o investidor for conservador, maior será a parcela dos (investimentos) pós-fixados”, diz.
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Uma simulação feita pela Ativa Investimentos mostra que os investimentos em LCI e LCAs a 100% do CDI são os mais atrativos para os investidores devido à isenção do Imposto de Renda (IR), que torna a rentabilidade maior do que os outros tipos de investimentos.
Os CDBs que rendem 120% de CDI também ganham destaque com a Selic a 9,25% e podem entregar uma rentabilidade de 11,1%. No entanto, como esses investimentos têm descontos de Imposto de Renda, o retorno ao investidor pode se tornar menor em comparação aos LCI e LCAs. Segundo a simulação da Ativa, um investimento de R$ 10 mil nessa classe de ativos deve render R$ 915,7 em 12 meses.
Apesar do retorno positivo, Rodrigo Beresca, analista de soluções financeiras da Ativa, acredita que os ativos de CDBs presentes no mercado devem ter taxas menores a partir das próximas semanas com a perspectiva de alta de juros.
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“Esses 120% de CDI são valores comuns que víamos quando a Selic estava na casa dos 2%. Ao passo que a taxa sobe, o valor de 120% vai ficando alto e a tendência é que as novas emissões contraiam essa taxa”, afirma Beresca.
No entanto, mesmo em taxas menores, as aplicações em CDBs continuam atrativas para os investidores. De acordo com a simulação da Ativa, títulos de CDB que rendem 110% de CDI conseguem ter uma rentabilidade de 10,18%.
Bolsa de valores
A alta de juros deve adiar a recuperação de alguns ativos financeiros principalmente por trazer desestímulos à economia ao tornar o acesso ao crédito mais caro. Nesta perspectiva, Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, aponta o setor do varejo como um dos mais prejudicados. "Varejo está fraco e se juros continuar assim, não deve retomar tão rápido e vai sofrer pra continuar a expansão", explica.
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As construtoras de alto padrão também serão prejudicadas com o cenário de alta de juros. Segundo Aragão, a Caixa repassa o aumento dos juros para as companhias.
Apesar de o cenário não ser favorável para alguns setores da renda variável, outros se mostram como boas oportunidades de investimentos com a alta dos juros. João Abdouni, analista da Inversa, afirma que as exportadoras devem entrar no radar dos investidores nas próximas semanas. Como as receitas e as dívidas dessas companhias são dolarizadas, o aumento da Selic não afeta diretamente o seus desempenhos. “Neste sentido destacamos as ações de Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3)”, afirma Abdouni.
Outro setor que deve ser destaque, na visão do analista da Inversa, é o financeiro. “Bradesco (BBDC4) e a Porto Seguro (PSSA3) devem ter sua rentabilidade elevada com essa alta da taxa básica de juros”, acrescenta.