Investimentos

Royalties musicais: como funciona e como investir em músicas

Fundo nacional tornou possível adquirir recebíveis atrelados a direitos autorais de nomes como Paulo Ricardo

Royalties musicais: como funciona e como investir em músicas
O cantor Paulo Ricardo negociou 590 músicas dele para royalties musicais com fintech (Foto: Isabella Pinheiro/Divulgação)
  • Em 2020, investidores no Brasil começaram a ter acesso a ganhos financeiros ao aplicarem recursos em músicas. Neste caso, os interessados passam a ganhar royalties ligados aos direitos autorais de determinados artistas
  • Os royalties musicais fazem parte dos investimentos alternativos, classe de ativos caracterizada por ser menos conhecida e negociada do que a de ativos mais tradicionais, como ações listadas em bolsa
  • A operação se trata de um financiamento coletivo. Do montante captado, parte é repassado ao artista que cede para os investidores o direito de receber os royalties

Já imaginou ganhar dinheiro com o Big Brother Brasil sem confinamento e câmeras ligadas 24 horas por dia? Isso é possível, ainda que indiretamente, por meio da aplicação em royalties musicais da música Vida Real,  clássico do RPM, que abre o programa desde a primeira edição.

Os investidores nacionais tem a opção de ter acesso a ganhos financeiros ao aplicarem seus investimentos em músicas

Nesse caso, ganham royalties ligados aos direitos autorais de determinados artistas sobre uma lista extensa de canções. Seja pela execução em shows, locais públicos ou em plataformas, como Spotify e YouTube.

O que são royalties musicais?

Os royalties musicais são um tipo de investimento alternativo. De forma geral, quer dizer que o investidor tem direito a receber um valor sempre que uma composição musical for reproduzida por terceiros.

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Com os juros muito baixos, essas aplicações têm chamado atenção de quem busca novas opções para diversificar a carteira de ativos e ter ganhos mais atrativos.

Esse tipo de negócio começou no Brasil em 2020 com a Hurts Capital. A fintech, fundada em 2017 por profissionais vindos do mercado financeiro, estrutura e distribui ativos alternativos, como precatórios, recebíveis, imóveis e, mais recentemente, royalties de música.

O modelo pega carona em experiências internacionais, como a plataforma Royalties Exchange, que oferece aos investidores de varejo e institucionais acesso a fluxos de royalties musicais.

Qual é a importância dos royalties musicais para os artistas?

No Brasil, os royalties musicais surgiram como uma alternativa para a classe artística encontrar novas formas de ganhar dinheiro, especialmente durante o período de pandemia, em que as apresentações foram canceladas.

“Nós, artistas, tivemos nossos rendimentos duramente afetados. Mas como em toda situação caótica, surgem oportunidades, e a proposta da Hurst, chegou na hora certa”, explica o músico Paulo Ricardo.

A fintech fechou um acordo com o ex-líder do RPM para montar uma carteira composta por 590 obras e fonogramas, incluindo os sucessos Rádio Pirata, Olhar 43 e Vida Real.

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Segundo o cantor e compositor, o negócio lhe permite gerar fluxo de caixa para alavancar a carreira, através do aumento dos ganhos dos direitos autorais.

A experiência internacional, com grandes nomes da música como Bob Dylan e Neil Young, encorajaram o artista brasileiro a entrar nessa tendência.

“Os royalties musicais são um negócio que existe há mais de 20 anos principalmente em países como Inglaterra e Estados Unidos. O pioneiro foi o David Bowie em 1997. De lá pra cá, a prática foi adotada nos principais mercados e por grandes nomes internacionais. No Brasil, sou um dos pioneiros”, diz Paulo Ricardo.

Como funciona o investimento em royalties musicais?

O investimento em royalties musicais é um tipo de financiamento coletivo, também conhecido como crowdfunding.

Do montante captado, parte é repassada ao artista que cede para os investidores o direito de receber os royalties gerados através da execução ou reprodução das músicas por um período de 36 meses.

Além disso, é válido destacar que aqueles que estão interessados em participar do investimento em royalties de músicas têm que desembolsar, pelo menos, R$ 10 mil.

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“Nós encontramos compositores e artistas, estudamos o histórico de execuções ou reproduções, para entender quanto o catálogo gera de royalties para aquele titular, aquele artista”, explica Arthur Farache, CEO da Hurst.

“Com isso, nós fazemos uma projeção do que vai acontecer no futuro, olhando o passado. Assim, nós adquirimos esses recebíveis e os nossos investidores recebem esses royalties musicais junto conosco”, complementa.

Desse modo, tudo o que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) arrecadar referente a esse catálogo e os valores que as plataformas digitais destinarem ao artista envolvido na operação será distribuído entre os investidores durante três anos.

Como é pago os direitos autorais dos royalties musicais?

“Os direitos autorais são complexos. Toda vez que uma música é executada publicamente, em um show, por exemplo, é preciso pagar os direitos dos compositores.”,  lembra Farace.

“Por outro lado, quando a gravação da música é reproduzida, seja em um programa de TV ou em um shopping, além dos compositores, os músicos que gravaram a faixa também têm acesso aos direitos autorais pela gravação,” acrescenta.

Em vista disso, as operações de royalties musicais podem ser estruturadas tanto considerando os recursos provenientes de execuções como de reproduções. Ainda que mais de um titular possa ter direito sobre a obra, as operações se restringem apenas aos recebíveis de um só.

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Não afetamos o direito autoral de outras pessoas que compuseram a música ou que a gravaram. Sempre olhamos a parte do direito daquele respectivo artista com o qual estamos conversando, e fazemos a precificação e modelagem financeira dos royalties musicais com base no histórico de pagamentos dele”, diz Farache.

“Se esses 36 meses somados vão gerar R$ 1 milhão, nós adiantamos uma parte desse valor ao artista. Essa diferença é o que vai dar rentabilidade para o investidor. Afinal de contas, dinheiro no tempo tem custo”, afirma.

Atualmente, a Hurst possui operações envolvendo canções de Bruno César, ex-Karametade, que compõe para grandes nomes do sertanejo, como Zé Neto & Cristiano e Jorge & Mateus.

A fintech também adquiriu também os direitos aos royalties musicais de obras e fonogramas de titularidade da CP9, uma gravadora/editora que possui mais de 50 artistas em seu elenco, atuando em diversos gêneros musicais, como funk, trap, hip hop e rap.

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