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Com juros em alta histórica, é hora de encher o carrinho com investimentos em CDI?

Veja como os juros elevados criam oportunidades de curto prazo no CDI para investidores em renda fixa

Com juros em alta histórica, é hora de encher o carrinho com investimentos em CDI?
Casas de investimento reforçam recomendação de compra em títulos atrelados ao CDI. Foto: AdobeStock
O que este conteúdo fez por você?
  • Casas de investimento passaram a intensificar recomendações de compra em renda fixa pós-fixada
  • Com taxa de juros em nível tão alto, não faria sentido correr riscos em outros ativos
  • Títulos públicos são considerados menos arriscados. No privado, bancos pagam taxas atrativas para reforçar seu próprio caixa

Os juros em alta histórica levaram as casas de investimento a intensificar suas recomendações de alocação em renda fixa pós-fixada de curto prazo, desde o final de novembro. O movimento foi impulsionado pela reação negativa do mercado ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo ministro Fernando Haddad.

A decisão do Banco Central, na semana passada, de elevar a Selic em um ponto percentual para 12,25% ao ano, intensificou o cenário de alta dos juros. O BC ainda sinalizou novos aumentos de mesmo patamar nas próximas reuniões, em janeiro e março, o que pode levar a taxa básica a 14,25%.

“No caso do CDI, aumentamos a recomendação nas carteiras”, afirma Simone Albertoni, analista sênior de Renda Fixa da Ágora. O CDI, que reflete o custo dos empréstimos interbancários, costuma ser ligeiramente inferior à Selic.

Enchendo o carrinho de CDI

A divergência entre os analistas fica com o grau de diversificação. Albertoni, por exemplo, defende uma carteira composta por outras classes de ativos “para equilibrar e enfrentar diferentes cenários”.

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Por outro lado, Julio Ortiz, CEO e co-fundador da CX3, acredita que agora é a hora de encher o carrinho de LFT (Tesouro Selic) e, principalmente, CDI dos bancões. “Essa é uma taxa de juros historicamente tão alta que não faz sentido você correr riscos”, avalia.

Para ele, a Selic vai continuar subindo depois de março de 2025, pois o Banco Central costuma reduzir o ritmo antes de iniciar um novo ciclo. “Então, é bem possível que a gente vá bater na porta do 15%.”

Tiago Ranalli, da CX3, reforça a visão do sócio. “O CDI entrega, historicamente, inflação mais 3%. Hoje está entregando inflação mais 7% e pode chegar a 8%, 9%. Esse é um retorno de equity”, avalia. Para ele, não faz sentido correr risco de oscilação. “É retorno de ação, no curto prazo”.

A atratividade é evidenciada pelo desempenho do pós-fixados neste ambiente hostil a risco. Um comparativo montado pela consultoria Elos Ayta, mostra o CDI como o melhor retorno em 12 meses, batendo a poupança, o IMA Geral e o Ibovespa (-6,07%) e o índice de fundos imobiliários (-11,00%) que registraram perdas no período.

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A escolha entre títulos públicos ou privados vai depender do objetivo, prazo de investimento e perfil de risco do investidor. Albertoni da Ágora, comenta que os títulos públicos são considerados menos arriscados, mas ficaram bem competitivos em relação aos privados, porque as taxas de remuneração subiram bastante.

Produtos isentos pagam melhor

No caso dos títulos privados isentos de imposto de renda, Albertoni  diz que é preciso avaliar o gross up (taxa equivalente a um título tributado) para fazer esse comparativo com o título público. "Produtos como LCA e LCI (Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliárias) podem se destacar. As debêntures incentivadas também possuem isenção fiscal para pessoa física. Mas é importante avaliar os riscos", comenta a especialista da Ágora.

No caso das LCIs e LCAs o principal risco é o de crédito, caso o emissor não cumpra o pagamento, e falta de liquidez, com prazos de resgates longos. Já as debêntures incluem risco de mercado.

Ortiz, da CX3, diz que o momento é tão propício para os pós-fixados que não é necessário correr riscos buscando melhores rentabilidades em produtos de bancos menores. Os bancões, instituições muito mais sólidas e com risco quase soberano, já estão pagando bem.

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Em momentos de crise ou incerteza, as instituições financeiras pagam taxas de juros atrativas em títulos para reforçar o caixa. "Elas sabem que, no lado do crédito, assumem maior risco de inadimplência. Isso explica as boas taxas disponíveis", diz Ortiz.

Pequeno investidor pode aproveitar também

Para quem busca uma maior rentabilidade, os produtos isentos de Imposto de Renda são as melhores opções. Uma LCI que paga 95% do CDI equivale a 111%, 112% do CDI de um título tributado. "É como chegar no Itaú ou Bradesco e comprar um CDB a 110% do CDI. Isso corresponde a um retorno de 16% ao ano."

É claro que as melhores taxas são aproveitadas pelos clientes private ou "ultra-high", mas é possível encontrar no varejo LCAs e LCIs que pagam 95% do CDI.

"Plataformas como a XP oferecem opções com valores mínimos baixos, a partir de R$ 100 ou R$ 1.000. Isso democratiza o acesso para o investidor de varejo", completa Tiago Ranalli.

Mais retorno, mais risco

Para quem busca uma remuneração ainda maior, pode optar por títulos de bancos menores. Esses, embora não ofereçam a mesma liquidez, podem ser igualmente seguros até o limite de R$ 250 mil, cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Bancos menores oferecem prêmios maiores (chegando a 130% do CDI, por exemplo) para atrair investidores, mas podem ter menor liquidez e maior risco associado.

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A liquidez de títulos pós-fixados atrelados ao CDI depende diretamente do emissor. Títulos de instituições menores podem exigir descontos maiores para o investidor se desfazer do papel.

"Caso a instituição melhore sua reputação ou seja adquirida por um banco maior, o valor do título pode se valorizar. No entanto, se o cenário piorar, o título pode perder valor ou se tornar mais difícil de negociar", diz Jonas Chen, gestor da B.Side Investimentos.