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As melhores ações para investir com a Selic a 13,75% ao ano

Especialistas comentam e indicam as melhores opções de investimento em renda variável

As melhores ações para investir com a Selic a 13,75% ao ano
(Foto: Envato Elements)
  • Com a Selic a 13,75% ao ano, o investidor precisa ter cautela ao rebalancear a sua carteira de investimentos e optar pelas empresas pagadoras de dividendos
  • As ações de companhias endividadas e ligadas ao consumo devem estar entre as mais prejudicadas com a taxa de juros neste patamar
  • Apesar da elevação, o mercado acredita que o ciclo de alta de juros no Brasil deve encerrar neste ano

(Daniel Rocha e Luiza Lanza) – A elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros (a Selic) para 13,75% ao ano definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (3) veio dentro das expectativas do mercado.

O aumento poderá ser o último do ano com a inflação dando sinais de queda. Apesar das perspectivas de um fim para o ciclo de aperto monetário no País, a situação exige cautela na hora de rebalancear o portfólio de investimentos.

Diante deste cenário, as ações de companhias mais endividadas seguem sendo as mais prejudicadas com a taxa de juros neste patamar alto. O mesmo ocorre com os papéis de empresas ligadas ao consumo, como as do setor de varejo, por terem uma forte correlação com o desempenho da economia.

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Segundo Mário Goulart, analista de investimento da O2 Research, isso acontece porque a maioria das dívidas das companhias está atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) que acompanha o movimento da taxa de juros. “O custo da dívida subiu bastante. O segundo problema é o risco do investimento porque a empresa precisa ter um resultado maravilhoso para superar o retorno de 13,75% em aplicações de renda fixa”, explica Goulart.

Veja as melhores opções de investimentos em renda fixa com a Selic a 13,75% 

Por outro lado, o mercado prevê que o fim da escalada de alta de juros deve acontecer ainda este ano no Brasil. Caso a estabilização da taxa de juros se concretize e o Banco Central (BC) dê sinais de possíveis cortes nos próximos meses, Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, acredita que esses setores cíclicos da Bolsa assim como as empresas de “crescimento” (quando a companhia projeta dar retornos financeiros no longo prazo) devem começar a apresentar performances melhores em comparação aos últimos meses.

Por isso, na avaliação de Siqueira, as ações das Lojas Renner, Cyrela, Totvs e Weg são opções que devem se beneficiar com esse novo cenário. “Para identificar essas oportunidades, analisamos as maiores quedas dos últimos anos e tentamos identificar aquelas onde a baixa tinha vindo predominantemente de redução do valuation (preço/lucro por exemplo) e onde os resultados estavam melhorando”, afirma.

No caso das Lojas Renner, os resultados da companhia referente ao primeiro trimestre deste ano (o último reportado até o momento) mostraram um crescimento de 63% na receita líquida em relação ao mesmo período do ano passado. Já em relação ao lucro líquido, a alta foi ainda mais expressiva: 229,7% em comparação ao primeiro trimestre de 2021.

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Mas enquanto esse cenário de fim do ciclo de alta nos juros não se consolida, Henrique Castiglione, sócio de diretor comercial da EWZ Capital, sugere ao investidor olhar para as companhias conhecidas como boas pagadoras de dividendos e menos suscetíveis às volatilidades da economia.

De acordo com ele, esses ativos seguem depreciados (quando o preço das ações está abaixo do seu valor considerado “ideal”) em comparação com os papéis de varejo, por exemplo, que são indicados para quem tem um perfil mais arrojado e com visão de longo prazo.

“Petrobras (PETR4/PETR3), Vale (VALE3) e os principais bancos, como Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4) são algumas das ações que estão pagando bons dividendos, mas que seguem com preços depreciados”, ressalta Castiglione.

No dia 28 de julho, a Petrobras aprovou a distribuição recorde de dividendos aos acionistas. Segundo a companhia, o pagamento ficou estabelecido em R$ 6,73 por ação (ordinária e preferencial), o que totaliza em um total de R$ 87,8 bilhões. Veja como o pagamento recorde de dividendos da Petrobras (PETR4) dividiu opiniões no mercado.

Os próximos passos da Selic

A última vez em que a Selic esteve no patamar de 13,75% ao ano foi em novembro de 2016, época em que a economia e os mercados brasileiros enfrentaram bastante volatilidade por causa do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Dessa vez, o problema é global: a inflação causada pelas interrupções nas cadeias produtivas com a pandemia da covid-19 e a guerra na Ucrânia.

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A alta de juros funciona como uma ferramenta para conter a pressão inflacionária e não é um movimento exclusivo do Brasil. Somente nos últimos 15 dias, o Banco Central Europeu (BCE) e o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, também elevaram as taxas de juros de seus respectivos países. Na Europa, o ajuste de 50 pontos-base foi o primeiro desde 2011, enquanto, nos EUA, a alta de 75 bps é a terceira desde que o Fed começou a apertar os cintos da política monetária em abril deste ano.

“O fato da inflação ser global é mais benéfico do que maléfico já que todo mundo está combatendo o mesmo problema ao mesmo tempo. No Brasil, inclusive, tivemos um surto mais leve do que em outros lugares, porque o aperto monetário começou bem antes”, destaca Ivan Barboza, co-fundador e partner da Ártica Investimentos.

Por aqui, o BC se adiantou ao começar os ajustes ainda em 2021. E a alta na Selic já começou a surtir efeitos na inflação do Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,13% em julho, uma queda de 0,56% frente à taxa registrada em junho. O boletim Focus também reduziu a estimativa do IPCA de 2022 pela quinta semana seguida, de 7,30% para 7,15%.

Os resultados permitiram ao mercado começar a precificar o fim do ciclo de altas na taxa de juros brasileira. Mas não vai ser tão simples assim, explica Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco. “As medidas do governo de reduzir impostos como ICMS dos combustíveis e energia têm impactado nos números [de 2022]. Por outro lado, vemos as estimativas para 2023 avançando de 5,30% para 5,33%, efeito das medidas do governo que devem estimular o consumo nos próximos meses, como o aumento no Auxílio Brasil”, diz.

Com o fiscal e o exterior em jogo, parte do mercado cogita a possibilidade de uma nova alta de igual ou menor magnitude em setembro, que levaria a Selic para mais de 14% ao ano. “A taxa de juros nesse nível tende a prejudicar muito a atividade econômica no médio e longo prazo. Não acredito que o BC vá muito além do que está sendo precificado, entre 13,5 e 14% ao ano, mas é cedo para falar que vai interromper a alta”, pontua Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

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