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Investimentos

Gestor critica ‘valores éticos’ em nova proposta da Stone para compra da Linx

Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, explica que houve apenas revisão dos valores, não dos termos

Gestor critica ‘valores éticos’ em nova proposta da Stone para compra da Linx
Abertura de capital da brasileira Stone em outubro de 2018, em Nova York (Foto: Nasdaq)
  • A empresa americana de pagamentos Stone anunciou nesta terça-feira (01) os novos termos da proposta de aquisição para a companhia de softwares Linx
  • A atualização veio depois que as condições oferecidas no primeiro contrato repercutiram negativamente no mercado
  • Para Fabio Alperowitch, gestor da Fama Investimentos, a proposta continua antiética, já que a estrutura estaria igual, apenas os valores teriam sido reduzidos

A empresa de pagamentos Stone (STNE) anunciou nesta terça-feira (01) os novos termos da proposta de aquisição para a companhia de softwares Linx (LINX3). A atualização veio depois que as condições oferecidas no primeiro contrato repercutiram negativamente no mercado, por supostamente favorecerem os maiores acionistas em detrimento dos demais – conduta que quebraria a regra de Tag Along, que determina isonomia de tratamento entre investidores.

Para Fabio Alperowitch, gestor da Fama Investimentos, a proposta ainda está longe de ser a ideal. “A estrutura está exatamente igual. Eles tiveram três semanas para ouvir o mercado, ouvir a imprensa, e mesmo assim não voltaram atrás, apenas reduziram os valores. Estão achando que é uma barganha, que estamos aqui discutindo preços, quando eu estou falando de valores éticos. Ladrão que rouba R$ 100 reais é tão ladrão quanto o que rouba R$ 1 milhão”, explica.

De acordo com o especialista, a gestora deve seguir contestando a transação. “Vamos continuar levando essa discussão para tentar trazer ética para o mercado”, diz Alperowitch. “E também estamos abertos a ouvir outras propostas de compra, porque nós, acionistas minoritários, gostaríamos de fazer uma transação que tivesse termos equitativos.”

Entenda o caso

Na segunda semana de agosto, época em que a primeira proposta de R$ 6 bilhões da Stone veio à público, a Fama Investimentos, que tem 3% da Linx, emitiu um comunicado em que explicava que os principais executivos da empresa – e também principais acionistas – ganhariam um prêmio 35% maior com a compra que os investidores com participação menor.

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Nércio José Monteiro Fernandes, Alberto Menache e Alon Dayan, os três sócios-fundadores de Linx, receberiam juntos uma quantia de R$ 240 milhões a mais pela venda, vindos de contratos de não-competição que não faziam sentido, segundo a Fama. No caso de Menache, CEO da companhia, esse valor ainda teria um incremento de R$ 90 milhões, já que o executivo se tornaria parte do Conselho de Administração da Stone.

“É como se existissem três preços para a transação entre Linx e Stone: um que todos os minoritários recebem, outro que os fundadores recebem e o terceiro que somente o Alberto Menache recebe”, ressaltou Alperowitch para o E-Investidor, à época.

Agora, com os novos termos, os valores que os três fundadores receberiam foram reduzidos em 65% e os contratos de não-competição foram alongados, de três para cinco anos. O pagamento de Menache foi fixado em R$ 19 milhões por ano, quantia proporcional ao que o profissional já havia ganhado em 2019.

Segundo o CEO da Linx, a proposta sempre foi ética e a atualização dos termos é um aperfeiçoamento. “Não tem nada bom que não possa ser melhorado, a gente vai aprendendo”, diz Menache ao E-Investidor. “A Stone foi compreensiva e reviu alguns termos do acordo de não-competição. Agora, por exemplo, eu posso ser acionista de empresa de capital aberto de software, inclusive no Brasil, ter participação minoritária em outras companhias e ser conselheiro, por isso fizemos ajustes no valor e no prazo”, afirma.

Na visão do empresário, para entender se a nova proposta é boa ou ruim basta olhar para o resultado das ações. “Nesta terça-feira (1º), a LINX3 subiu 4,41%, tivemos 3 milhões de papéis negociados”, afirma. “Só tem notícia boa: aumentou o valor pago por ação, diminuiu a multa para se a Assembleia não aprovar o negócio (break-up fee), o acordo de não-competição ficou menos rígido também”, diz. Menache ressalta também que foram os conselheiros independentes da Linx que lideraram essa renegociação com a Stone.

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Na nova proposta o valor pago por ação saiu de R$ 33,76 para R$ 35,10. Já o breakup fee para a Linx no caso de não aprovação da oferta da Stone pelos acionistas foi reduzido de R$ 150 milhões para R$ 112,5 milhões, desde que não haja aprovação de um negócio concorrente. Na outra ponta, o break-up fee pago pela Stone à Linx em caso de desistência do negócio foi para 7,2% do valor da transação, ou seja, R$ 453,7 milhões – o teto anterior era de 10%, ou R$ 605 milhões.

Em comunicado, a Stone afirmou que “a transação de Stone adquirindo Linx seguiu padrões máximos de governança e de respeito às equipes, aos acionistas e aos clientes de ambas as empresas. Importante perceber que ainda há investidores em todo o mundo que buscam só maximizar o seu retorno no curto prazo, atuando em benefício próprio.”

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