- O conflito no Oriente Médio adicionou volatilidade para o mercado diante das proporções que a guerra poderia alcançar
- Diante da incerteza, os investidores recorreram ao ouro para proteger parte do seu patrimônio
A guerra entre Israel e o grupo Hamas trouxe temor para os mercados globais nesta semana diante das incertezas sobre as consequências do conflito para a economia mundial. Enquanto ainda não há uma projeção da proporção que a guerra pode alcançar, os investidores recorreram ao ouro para proteger o patrimônio da volatilidade das bolsas globais. O movimento foi o suficiente para determinar uma alta de 1,2% no metal precioso, sendo cotado a US$ 58,3, de acordo com os dados da Economatica, nas negociações de segunda-feira (9).
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A escolha pelo ouro após o início de mais um guerra tem um porquê. Segundo especialistas em mercado, o ouro é o ativo financeiro mais defensivo do mundo porque costuma estar descorrelacionado aos principais índices globais e, por isso, entram no radar dos investidores no atual cenário de instabilidade. “O momento exige buscar proteção e o ouro desponta como alternativa. Foi uma das saídas na época da pandemia da covid-19, em 2020, e costuma ser durante esses conflitos geopolíticos”, diz Renato Nobile, CEO e gestora da Buena Vista Capital.
A percepção do mercado para o metal precioso se baseia nas características próprias da commodity. Segundo Eduardo Rahal, analista chefe da Levante Corp, o ouro possui propriedades que o torna durável, maleável e resistente à corrosão, além de possuir uma oferta limitada e produção lenta. “É um ativo valorizado e usado como reserva de riqueza há milhares de anos”, acrescenta Rahal.
Por essa razão, os analistas defendem que o conflito não deve ser a única motivação para incluir a commodity na carteira de investimentos. Isso porque, devido às suas características, o metal costuma trazer estabilidade em um portfólio diversificado já que não possui correlação com as principais classes de ativos, como ações e títulos do governo. A estratégia se torna importante em períodos de mudança no cenário econômico, como os movimento de alta ou baixa da taxa de juros, por exemplo.
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Com essa perspectiva, os investidores brasileiros podem ter acesso ao ouro por meio de fundos de investimento. Segundo dados da Economatica, há 14 fundos posicionados em ouro que estão listados na B3 e com rentabilidades de quase 5% no acumulado do ano. No entanto, assim como ocorre com os outros instrumentos financeiros da Bolsa, os investidores precisam adotar algumas premissas importantes na hora de selecionar o produto que deseja se posicionar.
“É preciso também buscar fundos com taxas de administração mais acessíveis porque, se for elevada, pode consumir a rentabilidade. O outro ponto é avaliar o histórico dos gestores por trás do fundo”, diz Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos. O histórico da rentabilidade também deve ser alvo de análise dos investidores. Segundo dados da Economatica, de todos os fundos em ouro listados nove entregaram uma rentabilidade negativa no acumulado de janeiro até o pregão do dia 4 de outubro.
Isso acontece porque os fundos podem ter outras estratégias que influenciem na rentabilidade ao ponto de perder a correlação com o metal precioso. “Alguns fundos não investem apenas em ouro porque são fundos multimercados e que possuem liberdade em estar posicionados em outros tipos de investimentos”, diz Allan de Alcantara, head de operações de ouro da Fênix DTVM.
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A realidade exige dos investidores uma análise prévia do portfólio dos fundos para avaliar se a estratégia está adequada ao perfil de risco da carteira de investimento. “O único fundo que possui o objetivo de perseguir o desempenho do ouro é o Trend Etf Lbma Ouro Fundo de Indice Ie. O restante deve estar investindo em outros negócios”, ressalta Alcantara.