- A privatização da Eletrobras (ELET6) está completando um ano neste início de junho
- Investidores que entraram na privatização da companhia com o FGTS vão ter a 1º oportunidade para vender os papéis
- Mas, para especialistas, ainda há motivos para manter a ELET3 na carteira; entenda
Para atrair investidores para o processo de privatização da Eletrobras (ELET3), que completa 1 ano esta semana, o Tribunal de Contas da União (TCU) permitiu que trabalhadores brasileiros utilizassem os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na compra de ações da companhia. Ao todo, cerca de 370 mil pessoas entraram nos papéis dessa maneira, em junho do ano passado.
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O valor mínimo da aplicação era de R$ 200 e poderia ser feito por qualquer trabalhador com carteira assinada que tivesse dinheiro na conta do FGTS, desde que utilizasse até 50% do saldo no investimento em ELET3.
À época, as ações foram compradas por R$ 42, abaixo do patamar a que encerraram esta segunda-feira (12), de R$ 39,11.
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Como mostramos nesta reportagem, desde a conclusão da privatização, as ações da Eletrobras passaram por algumas instabilidades, que mantiveram a cotação desvalorizada pela maior parte deste 1º ano.
Isso significa que um trabalhador que investiu R$ 200 na privatização da companhia viu seu patrimônio se desvalorizar 6,88%. Hoje, o recurso investido valeria R$ 186,24.
Se esse mesmo valor tivesse sido investido no Tesouro Selic 2029, por exemplo, com uma rentabilidade anual de 122,5% do CDI, a expectativa de retorno seria de R$ 222,93, segundo uma simulação feita no buscador de investimentos Yubb. Em um CDB 100% do CDI, o valor aplicado na época seria hoje de R$ 218,71.
Vender ou manter as ações na carteira?
Na privatização da Eletrobras, ficou estabelecido que trabalhadores que entraram nas ações da companhia com o FGTS teriam que manter as posições por um prazo mínimo de 12 meses. Agora, passado um ano da operação, esses investidores vão ter a primeira oportunidade de vender os ativos que compraram. Mas esse movimento vale a pena?
Segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, a não ser que o trabalhador esteja mesmo precisando desse recurso, é melhor deixá-lo investido na Eletrobras. Isso porque, se optar pela venda dos ativos, o investidor não recebe o valor em sua conta corrente, mas sim no próprio FGTS, cuja rentabilidade muitas vezes fica abaixo da inflação.
“Atualmente o parâmetro de rentabilidade é TR + 3% a.a. O retorno potencial de manter encarteiradas as ações da Eletrobras é muito maior, sem dúvida”, diz Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio da RJ+ Investimentos.
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O especialista destaca, no entanto, que o risco do investimento em ações é superior ao de manter os recursos no FGTS. E isso também deve ser levado em conta. “O investidor que estiver desconfortável com as ações não deve se sentir culpado ao sair do investimento realizando uma perda”, afirma.
Mas para aqueles que têm familiaridade com o mercado acionário e, principalmente, foco no longo prazo, a notícia é positiva. Analistas ainda acreditam na recuperação dos papéis.
Na Empiricus Research, a ação da Eletrobras faz parte inclusive das preferências focadas em dividendos. “É uma tese de turnaround, o que não acontece da noite para o dia. O prazo de retorno costuma ser um pouco mais longo nesses casos, mas a valorização tende a valer a pena”, diz o analista Ruy Hungria.
Na Quantzed, o entendimento também é de que vale a pena manter os papéis na carteira. Leonardo Piovesan, analista da casa, destaca que a ação tem alguns drivers que podem levar a uma valorização na cotação, como a possibilidade dos preços da energia subirem. “Hoje a empresa negocia a múltiplos bem atrativos contra o resto do setor, então não vejo sentido de resgatar o dinheiro a não ser que tenha necessidade”, pontua.