Com o fim do ano chegando, muitos trabalhadores receberam uma renda extra com o 13º salário, que auxiliou na organização das contas. Mas já imaginou poder receber uma renda extra todos os meses sem precisar trabalhar por isso? Com o investimento em boas ações pagadoras de dividendos é perfeitamente possível. No entanto, para alcançar este objetivo o investidor precisará escolher companhias que sejam constantes na hora de remunerar os seus acionistas.
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Um levantamento feito pelo consultor independente Einar Rivero para o E-Investidor, apresenta quais foram as dez empresas que mais pagaram dividendos na última década aos seus investidores segundo o dividend yield (retorno em dividendos).
Foram consideradas ações dos índices Ibovespa, Índice de Dividendos (IDIV), Small Caps e Índice Brasil 100 (IBRX 100). O levantamento levou em conta apenas os papéis das empresas que pagaram proventos todos os anos ininterruptamente durante a última década.
Nos últimos dez anos, a maior pagadora de proventos foi a Unipar (UNIP6), que teve um dividend yield médio de 16,40%. Segundo estudo, neste período, o dividend yield mais elevado que a companhia já chegou a ter foi de 75,9% e o mínimo, de 0,8%.
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Observando a mediana da década, esta foi de um retorno em dividendos de 6,7%. Nos últimos 12 meses, a companhia apresentou uma queda nas distribuições, com dividend yield de apenas 2,60% até 5 de dezembro.
Na segunda posição entre as melhores pagadoras da década está uma conhecida entre os investidores de renda passiva: a Taesa (TAEE11). A empresa de transmissão elétrica teve um dividend yield médio de 12,26% nos últimos dez anos. Segundo o levantamento, neste período o maior dividend yield entregue pela companhia foi de 19,8% e o menor, de 8%.
A mediana de dividend yield da década foi de 10,4%. Nos últimos 12 meses, as ações TAEE11 apresentam um dividend yield de 8,40% até 05 de dezembro.
Maiores pagadoras de dividendos da última década
Ação | DY Médio 10 anos | DY Mediana 10 anos | DY últimos 12 meses |
Unipar (UNIP6) | 16,40% | 6,72% | 2,60% |
Taesa (TAEE11) | 12,26% | 10,41% | 8,40% |
Metal Leve (LEVE3) | 9,39% | 7,07% | 34,13% |
Cemig (CMIG4) | 9,14% | 7,33% | 10,06% |
BrasilAgro (AGRO3) | 8,82% | 6,18% | 12,06% |
Copel (CPLE6) | 7,71% | 4,75% | 4,32% |
Isa Cteep (TRPL4) | 7,53% | 5,36% | 4,69% |
Banrisul (BRSR6) | 7,39% | 7,10% | 9,69% |
Ferbasa (FESA4) | 7,37% | 6,47% | 5,57% |
Vivo (VIVT3) | 7,24% | 6,91% | 6,69% |
Fonte: Einar Rivero, consultor independente
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Dados até 05/12
DY= dividend yield (retorno em dividendos)
Foram consideradas apenas empresas que pagaram dividendos todos os anos na última década
Como receber renda de R$ 1 mil com ações que pagam dividendos?
A partir da lista das dez ações que melhor remuneraram os seus acionistas na última década, Fabio Sobreira, analista CNPI-P da Harami Research, fez uma simulação exclusiva para o E-investidor sobre qual seria o patrimônio necessário para obter uma renda mensal de R$ 1 mil em proventos com elas.
Além disso, Sobreira calculou em quanto tempo o investidor conquistaria este patrimônio com reinvestimento de dividendos e sem reinvestimento destes caso opte por fazer aportes de R$ 1 mil todo mês nestes papéis. Veja a seguir:
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Na Taesa, o investidor precisaria de um patrimônio de R$ 97.911 mil investido nas ações TAEE11 para conquistar uma renda mensal de R$ 1 mil com proventos (em torno de R$ 12 mil ao ano).
Caso ele não tenha esse patrimônio e decida começar a investir R$ 1 mil todo mês nas ações TAEE11 e reinvestir todos os dividendos recebidos na empresa, conseguiria alcançar essa renda em 5 anos e 9 meses. Se ele optar por investir R$ 1 mil todo mês nas ações TAEE11, contudo gastar os proventos recebidos, chegaria a esse mesmo patrimônio e renda em 8 anos e 2 meses.
Na Telefônica Brasil, mais conhecida como Vivo, o investidor precisaria de um patrimônio de R$ 165.677 investidos nas ações VIVT3 para receber uma renda mensal de R$ 1 mil com proventos.
Investindo o mesmo montante todo mês e reinvestindo os dividendos recebidos seria possível conquistar esse objetivo em 9 anos e 8 meses. Já se o investidor aplicar R$ 1 mil todo mês nas ações VIVT3 e gastar os proventos recebidos, chegaria ao mesmo patrimônio em 13 anos e 10 meses.
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Algumas empresas mais cíclicas também podem se ajustar a esta estratégia desde que tenham um bom histórico de remuneração. É o caso da BrasilAgro que remunerou todos os anos os seus acionistas na última década.
Na BrasilAgro, os investidores precisariam de um patrimônio de R$ 136.039 para conquistar uma renda mensal de R$ 1 mil com dividendos. Investindo R$ 1 mil todo mês nos papéis AGRO3 e reinvestindo os proventos recebidos, seria possível conquistar este objetivo em 8 anos. Já sem reinvestimento dos proventos, o investidor alcançaria esse patrimônio apenas em 11 anos e 4 meses.
Envelhece como vinho
Da mesma forma que o vinho continua bom quando envelhece, boa parte das ações da lista conserva seus fundamentos e ainda deve continuar pagando bons dividendos nos próximos anos segundo analistas consultados pelo E-investidor.
Sérgio Neto, analista de ações da Capitalizo, cita a transmissora de energia Taesa (TAEE11) que deve manter sua distribuição elevada de proventos, mesmo em meio a um ciclo de investimentos. “A companhia já afirmou que vai continuar pagando dividendos. Nossa projeção é que o dividend yield supere 10% em 2024”, destaca Neto.
Para Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Harami Research, a Taesa é sem dúvida a melhor empresa de todo o levantamento e a que possui um histórico de remuneração mais constante. Segundo o analista, a remuneração da transmissora recuou um pouco ultimamente e poderia ser ainda maior se voltasse para a sua média histórica. “A companhia sempre distribui entre 80% e 90% do seu lucro em média”, diz.
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Segundo Sobreira, a Taesa tem perspectivas de continuar pagando bons dividendos no futuro, algo que já vem fazendo há dez anos. “O poder de pagar dividendos está 9,09%, um pouco baixo, historicamente é maior. O investidor que comprar a ação estaria adquirindo o papel de uma empresa que tende a ter crescimento no seu lucro e pagar mais dividendos no futuro”, pontua o analista. Ele estima um dividend yield de 8% para as ações TAEE11 em 2024, cerca de R$ 3 de dividendos por ação.
Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, acredita que diante de um cenário macroeconômico positivo, com juros menores, a companhia pode se beneficiar tendo um lucro líquido maior a ser distribuído e um endividamento controlado. Ele projeta um dividend yield entre 13% e 13,5% para 2024.
A Genial Investimentos também possui uma visão positiva sobre a Taesa e espera que a transmissora entregue um dividend yield de 11% em 2024, o que justificaria a manutenção do papel. "Vale mencionar que caso os juros sigam em tendência de queda, as ações da empresa devem seguir com uma performance interessante tendo em vista o seu estoque de dívida e sua expressiva generosidade no que diz respeito a pagamento de dividendos como alternativa à Selic em queda.", citam os analistas em relatório.
Outra empresa no radar dos analistas é a Vivo (VIVT3), que recentemente manifestou a sua intenção de distribuir 100% do seu lucro líquido no período dos exercícios sociais 2024 a 2026 por meio de dividendos, juros sobre capital próprio (JCP), reduções de capital social e recompras de ações.
Sérgio Neto, da Capitalizo, destaca que com estas iniciativas e a recente redução de capital aprovada de R$ 1,5 bilhão, a Vivo tenha um dividend yield médio de 6% a 8% entre 2024 e 2026. “Acreditamos que a Vivo é uma excelente empresa para quem busca renda passiva”, avalia o analista. Ele cita também as bonificações de ações, que embora não seja dinheiro caindo na conta do investidor, é outra forma de beneficiar o acionista.
Olhar além dos dividendos
Entre as companhias mais cíclicas está a BrasilAgro (AGRO3) que lucra com o desenvolvimento e venda de terras. Cleide Rodrigues, analista-chefe da Money Wise Research, explica que a empresa transforma terras improdutivas em ativos valiosos, utilizando investimentos em infraestrutura e tecnologia para maximizar o potencial de valorização. “Entretanto, é crucial compreender os ciclos da Brasil Agro, que variam de resultados robustos a períodos mais desafiadores.”, pontua.
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A analista explica que além da compra e venda de terras agrícolas a BrasilAgro também obtém receita da produção de commodities como soja, milho e cana-de-açúcar. Ou seja, há uma certa dependência de produção agrícola, o que também representa um risco para os resultados. “Eventos climáticos adversos ou questões pontuais podem impactar negativamente os resultados, como evidenciado na redução de 28% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2024”, comenta.
Rodrigues destaca que o investidor deve ficar atento aos desafios do setor agrícola ao investir na BrasilAgro, muito além de olhar apenas os dividendos atrativos. Para 2024, a analista cita que a possibilidade de novas vendas de fazendas assim como ajustes da empresa nas estratégias de plantio – diminuindo áreas destinadas ao milho e aumentando a de outras culturas como soja e feijão, por exemplo, podem contribuir com dividendos interessantes em 2024.
O dividend yield projetado pela Money Wise Research é de 11% para 2024. O preço-alvo para a ação é de R$ 40.
Felipe Paletta, da Monett, espera que diante do fluxo de propriedades já desenvolvidas da BrasilAgro e o controle da gestão atual a companhia consiga manter um dividend yield elevado, de 10% para 2024.