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Queda nos juros exige mudança na carteira de renda fixa. Confira as opções

Cenário empurra o investidor para a diversificação e atiça o apetite ao risco; analistas apontam o caminho

Queda nos juros exige mudança na carteira de renda fixa. Confira as opções
O que fazer com o dinheiro com a queda dos juros? (Imagem: Sergey Nivens em Adobe Stock)
  • Títulos de renda fixa pós-fixados tendem a perder a rentabilidade, enquanto os prefixados e aqueles ligados à inflação aparecem como alternativa
  • Queda dos juros também gera uma maior pressão inflacionária por causa das linhas de crédito que passam a ficar mais acessíveis
  • Dólar entra em tendência de valorização frente ao real com os investidores estrangeiros levando seu dinheiro para outros mercados

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou em 0,5 pontos porcentuais, como já havia indicado, a taxa livre de risco da economia, com a Selic fechando de 11,25% para 10,75% ao ano agora. Este novo cenário empurra o investidor um pouco mais para a diversificação na sua carteira e atiça ainda mais o seu apetite ao risco.

Neste cenário de juros em queda, os títulos de renda fixa pós-fixados tendem a perder a rentabilidade, enquanto os prefixados, e aqueles ligados à inflação, aparecem como alternativas mais interessantes. Ativos mais voláteis de Bolsa também passam a chamar atenção. 

Produtos atrelados aos juros, como Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) e poupança são diretamente afetados pela variação da taxa básica de juros. “Quando a Selic cai, esses títulos perdem rentabilidade e atratividade em relação a outros tipos de investimentos”, afirma Cauê Mançanares, sócio-fundador da Investo. 

Aposta em inflação e prefixados

A queda dos juros também gera uma maior pressão inflacionária porque as linhas de crédito passam a ficar mais acessíveis, trazendo mais apelo ao consumo. Por essa razão, investimentos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminam aparecendo como uma boa opção para proteger o poder de compra do investidor. “A variação da Selic impacta o bolso de todas as pessoas”, ressalta Mançanares.

O movimento também é benéfico para os títulos prefixados porque o seu preço atua de forma inversa em relação ao movimento da taxa básica. “No ano passado, quando começou a ficar precificado o ciclo de corte, muita gente comprou prefixados. Quem saiu do papel antes do vencimento obteve uma boa valorização. Agora acontece o mesmo, se a taxa cai, seu papel também acaba valorizando. Esse é o racional”, comenta Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. 

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Beyruti  pondera que o contrário também pode acontecer e, no caso de aumento de juros, os títulos prefixados perdem a atratividade, restando ao investidor levar a aplicação até o vencimento para obter o rendimento de face.

Diversificação inclui olhar para o exterior

Crisitian Pelliza, economista-chefe da Nippur Finance, aponta que um cenário de queda de juros exige uma maior diversificação do investidor. “Uma taxa livre de risco em patamares elevados termina acomodando os investidores no pós-fixado, que é a parte mais simples da renda fixa”, diz. “Com os cortes dos juros, o estímulo à diversificação, mesmo na renda fixa se impõe”, avalia.

A mudança na carteira pode passar, até mesmo, por um tempero internacional. Com os juros mais baixos no Brasil, o dólar entra em tendência de valorização frente ao real, pois os investidores estrangeiros passam a retirar seu  dinheiro para alocar em outros países. “A diversificação internacional do portfólio pode ser benéfica com a variação cambial”, diz Mançanares da Investo.

 A inércia do investidor, no entanto, é um desafio a ser enfrentado pelos assessores de investimento. “Temos feito um esforço tremendo junto aos clientes para reduzir a exposição ao CDI“, comenta Caio Schettino, head de alocações da Criteria. Ele defende a diversificação em outros indexadores como IPCA+ e prefixados. “Se analisarmos os últimos 12 meses, o CDI já perde para quase todos os indexadores (IMA-B 5+, IMA-B, IRF-M), ficando à frente somente do IMA-B 5 (NTN-B com vencimento até 5 anos, inflação de curto prazo)”, diz.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, explica que a renda fixa, a exemplo de títulos públicos e CDBs que estão atrelados à taxa Selic ou ao CDI, tendem a ter seus rendimentos reduzidos, já que têm a taxa básica de juros como um referencial de rentabilidade. "A Selic vale como uma referência que pauta o custo do dinheiro. Por isso, quando ela cai, os rendimentos desse tipo de investimento também oscila."

Risco na Bolsa e os cuidados com perdas

A maior diversificação e um apetite maior ao risco também exigem maior cuidado do investidor, que precisa conversar com profissionais para entender o balanceamento entre liquidez, rendimentos e exposição a diferentes indexadores em diferentes vencimentos. 

E, quando o assunto é risco, os investimentos em Bolsa se destacam, apesar de o corte na Selic não ser tão expressivo. "Um corte de 50 pontos base numa taxa de dois dígitos afeta pouco, mas os mercados acabam se beneficiando da queda de juros porque torna mais atrativa a renda variável", comenta Alvaro Bandeira, coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec). 

"Com a taxa livre de risco caindo, a taxa de desconto cai e isso gera impacto positivo na renda variável", opina Sharon Halpern, sócia e private banker da Blackbird Investimentos. "O valor das ações aumenta porque a taxa de desconto cai", reforça. No entanto, no caso da Bolsa  é importante ficar atento à volatilidade dos ativos e entender que perdas podem acontecer. 

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