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Selic a 13,75%: veja de quais setores da bolsa o investidor deve fugir

Para especialistas, construção civil, tecnologia, varejo e aéreas são setores difíceis com juros altos

Selic a 13,75%: veja de quais setores da bolsa o investidor deve fugir
O setor de tecnologia, composto por empresas como Multilaser, é afetado pela Selic alta. (Foto: Amanda Perobelli/Reuters)
  • Pelo quarto encontro consecutivo, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. Com a decisão, alguns setores que dependem de crédito ou consumo tendem a não ser boas opções para os investidores
  • Especialistas entrevistados pelo E-Investidor apontam quatro nichos que o acionista deve fugir: construção civil, tecnologia, varejo e companhias aéreas, além de empresas de outros setores que sejam alavancadas

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, patamar no qual chegou em agosto de 2022. Com a decisão, alguns setores que dependem de crédito ou consumo tendem a não ser boas opções para os investidores.

Especialistas entrevistados pelo E-Investidor apontam quatro nichos que o acionista deve fugir: construção civil, tecnologia, varejo e companhias aéreas, além de empresas de outros setores que sejam alavancadas (possuem dívidas).

De acordo com André Meirelles, diretor de alocação e distribuição na InvestSmart XP, a manutenção da Selic no atual patamar prejudica o setor de construção civil, já que afeta o crédito utilizado para bancar o crescimento das empresas e a compra de imóveis via financiamento. Algumas companhias desse setor são Cury (CURY3), JHSF (JHSF3), Lavvi Empreendimentos (LAVV3), Direcional (DIRR3), Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3).

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Já o setor de tecnologia, composto por empresas como Multilaser (MLAS3), Intelbras (INTB3) e Positivo (POSI3), é afetado também pelo crédito e pelo fluxo de caixa.

“Na prática, essas empresas desenvolvem tecnologia que devem gerar retorno apenas no futuro. Porém, para que os protótipos tecnológicos sejam feitos, precisam pegar dinheiro via crédito. E como o custo do capital está caro por conta dos juros, o caixa dessas empresas é pressionado para baixo”, explica Felipe Pontes, diretor operacional da Economatica.

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, por sua vez, ressalta que não vale a pena ter ações de varejistas como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3), Arezzo (ARZZ3) e Hering (HGTX3) no momento. Ele diz que, além da recuperação judicial da Americanas, que trouxe uma instabilidade para o setor no começo, as companhias do setor foram impactadas pelo fim do isolamento social e pela redução no consumo brasileiro.

Na pandemia, as pessoas ficaram em casa e o consumo on-line aumentou, tanto que as vendas decolaram para as companhias bem posicionadas no e-commerce. No entanto, com a volta aos escritórios,as pessoas decidiram por ir em lojas presenciais ao invés de comprar pelo celular, o que afetou as companhias posicionadas digitalmente. No último dado divulgado pelo IBGE, a venda no varejo caiu 0,6% em novembro.

Já o poder de compra do País foi impactado negativamente pelos juros porque o consumidor brasileiro é endividado. “Então, pagar por juros maiores faz com que sejam mais seletivos no consumo. O que, consequentemente, impacta o balanço das varejistas”, diz Barbosa.

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Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, lembra também que as aéreas não são boas opções para os investidores, por conta da inflação e do aumento no preço dos combustíveis. Com o aumento geral nos preços de bens e serviços, os brasileiros tiveram que optar por itens essenciais – o que não é o caso de viagens de avião.

E com relação ao preço dos combustíveis, a alta do petróleo de quase 47% nos últimos dois anos pressionou seu valor. O combustível das aeronaves, chamado de Querosene de Aviação (QAV), é derivado do petróleo. Assim, a alta do barril petrolífero tende a aumentar o custo do combustível, que afeta o balanço financeiro das companhias de viagens, como Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e CVC (CVCB3).

Histórico

Dados macroeconômicos, como a inflação, já apontavam que o Banco Central seguiria com a Selic alta por pelo menos o primeiro semestre de 2023.

Com isso, os investidores desmontaram, desde o ano passado, posições em ativos de maior risco nesse cenário.

Um levantamento realizado por Einar Rivero, do Trademap, demonstrou como os setores na bolsa brasileira desempenharam desde que os juros alcançaram o patamar de 13,75%, em 2022. O estudo é separado pelo período de aproximadamente 45 dias, período entre as reuniões do Copom.

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