

A forte volatilidade dos mercados, diante do pacote de tarifas apresentado por Donald Trump, tem levado especialistas a apontarem a renda fixa como uma alternativa mais segura para os investidores. Na quarta-feira (9), uma semana após o anúncio do tarifaço, o republicano afirmou que aumentará a tarifa cobrada da China para 125%, com vigência imediata. Por outro lado, declarou uma pausa de 90 dias para os países que não retaliaram os EUA.
Nesse cenário de constantes oscilações, a renda fixa se destaca por oferecer uma relação mais equilibrada entre risco e retorno, além de maior estabilidade em comparação ao mercado de ações. Um dos ativos disponíveis é o Certificado de Depósito Bancário (CDB). Antes de investir no título, no entanto, vale ter cautela com as taxas elevadas oferecidas por algumas instituições. Por trás dos altos retornos, costuma existir um maior grau de risco, como mostramos aqui.
Maria Luisa Paolantoni, analista de renda fixa da Nord Investimentos, acredita que os CDBs são uma opção atrativa para o momento atual, tanto pelo controle de volatilidade na carteira quanto pelo alto patamar da Selic, que está em 14,25% ao ano, com expectativa de uma nova elevação na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Em um momento de mais volatilidade, no qual eventualmente podem surgir novas oportunidades de investimentos, é sempre interessante buscar opções que remunerem pelo menos 100% do CDI e que tenham liquidez diária. Assim, caso tenha vontade, o investidor pode movimentar a carteira sem contar com um deságio grande”, afirma Paolantoni.
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José Augusto Balotari, assessor da Manchester Investimentos, concorda que os CDBs representam uma opção conservadora para se proteger de cenários de volatilidade. “Agora, se você aplicar em um CDB com uma taxa muito alta, fora da realidade do mercado, o risco desse banco é muito maior do que o de um banco de primeira linha, como Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco. O CDB tem o seu nível de risco também, porém ele é muito mais conservador do que o mercado de renda variável, que fica vendido com essas notícias mais quentes”, diz.
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Para Guilherme Almeida, economista da Suno Research, o grande segredo está na diversificação da carteira. Dentro do portfólio, ele explica que a renda fixa assume um papel importante na redução da volatilidade, justamente por oferecer maior previsibilidade em relação à rentabilidade. “Esses títulos contam com um compromisso contratual, um vencimento definido e regras claras de remuneração — diferente das ações, cuja rentabilidade depende dos ruídos do mercado e da oferta e demanda”, avalia.
Entre os CDBs, há também aqueles que são promocionais – ou seja, oferecidos por bancos e corretoras com taxas especiais, mas condições limitadas. Recentemente, a Rico anunciou o lançamento de um título com rendimento de 230% do CDI bruto para novos clientes ou clientes inativos (que nunca tenham investido pela plataforma). A oferta é válida para pessoas físicas, maiores de 18 anos, que abrirem conta até 30 de abril de 2025.
O CDB é emitido pelo Banco XP, com vencimento de 45 dias após o investimento, e oferece liquidez diária. Para ter direito, o usuário precisa realizar um investimento entre R$ 100 e R$ 3 mil até as 15h do dia 30. O ativo conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
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No caso desses CDBs promocionais, o investidor deve ter atenção redobrada. “Esses ativos são, em geral, estratégias de marketing para atrair novos investidores ou fidelizar clientes. Eles costumam oferecer taxas bastante atrativas — às vezes acima de 130%, 150% ou até mais do CDI —, mas com restrições importantes”, explica Marcos Piellusch, professor da FIA Business School,
Como os limites de aplicações desses produtos costumam ser pequenos, mesmo com uma taxa elevada em relação ao CDI, o impacto no patrimônio do investidor não será tão significativo. “É uma condição pontual, que não se repetirá para valores mais altos nem para aportes seguintes. Isso impede que ele seja utilizado como base para uma estratégia de renda fixa de longo prazo”, destaca Piellusch.
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Por envolver valores pequenos, Rogério Mauad, professor de Finanças do Ibmec São Paulo, esclarece que os riscos dos CDBs promocionais não são tão altos, porque os valores estão plenamente cobertos pelo FGC. Vale lembrar que o fundo garante até R$ 250 mil por CPF e por instituição.
“Esses CDBs normalmente também têm prazos muito curtos. A ideia é atrair o cliente, abrir uma nova conta — e, assim que o CDB vence, o investidor provavelmente será abordado por um assessor da corretora, que vai sugerir novos produtos e orientações de investimento. Justamente por isso eu não vejo tanto risco: o valor aplicado é baixo e o prazo, curto”, reflete Mauad.
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Mesmo que esse investimento não dure muitos meses, o ideal é que o investidor leia atentamente o prazo de vencimento e confira as condições de liquidez. “Na maioria dos casos, o resgate só é permitido na data final. Isso significa que, mesmo em uma emergência, o cliente não poderá acessar os recursos antes — por isso, nunca use a reserva de emergência nesse tipo de produto”, alerta Piellusch.
Mauad afirma também ser necessário ter em mente que a taxa atrativa é passageira, já que o CDB promocional não representa o padrão da instituição. “Depois que vencer esse título, o dinheiro vai cair na conta do cliente, que precisará dar um destino a esse valor. Nesse hora, ele vai conhecer as taxas praticadas de verdade pela própria corretora.”
Os especialistas entendem que os CDBs promocionais podem ser vantajosos como uma “porta de entrada no mercado” ou como um mecanismo de diversificação, mas exigem cautela, leitura atenta das condições e alinhamento com o planejamento financeiro. A atratividade da taxa não deve substituir a análise de prazo, emissor e liquidez.
Para conferir a segurança da instituição emissora, quando possível, a recomendação é de consultar as classificações de risco (ratings) atribuídas por agências como Fitch, Moody’s e S&P. Outra dica consiste em conferir se o emissor do CDB é associado ao FGC e se o investimento se encaixa nos limites de proteção.
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