- Os títulos do Tesouro IPCA+ 6% ganharam notoriedade do mercado ao entregar ao investidor a variação do IPCA mais 6% do juro real
- O rendimento costuma ser visto apenas em momentos de estresse de mercado como o atual diante do risco fiscal no Brasil e juros elevados nos EUA
- O investimento pode ajudar os brasileiros a montar uma previdência complementar no futuro. Veja as simulações de investimento!
A demora para o início do corte de juros nos Estados Unidos (EUA) e o aumento do risco fiscal no Brasil viabilizaram uma oportunidade ideal para os investidores com foco no longo prazo: os títulos do Tesouro IPCA+ 6%. Como contamos nesta reportagem, os rendimentos nesse nível – que pagam a variação da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais uma taxa prefixada de 6% de juros real – só surgem em momentos de incertezas macroeconômicas e oferecem mais opção com retorno elevado para quem busca uma aposentadoria complementar.
Leia também
Uma simulação realizada por Mayara Ranni Sekertzis, head de Fundos e Previdência da Manchester Investimentos, mostra quanto os brasileiros precisariam investir mensalmente para conseguir ter uma aposentadoria de R$ 10 mil em 30 anos por meio dos títulos do Tesouro IPCA+ 6% ou em fundos de previdência com rentabilidades semelhante ao do Tesouro IPCA+ 6%. Segundo os cálculos da especialista, para alcançar essa renda mensal, seria preciso acumular um patrimônio de R$ 2,05 milhões, o que exigiria um esforço de aportes mensais de R$ 2.108,15 por três décadas nesses títulos.
Ao conquistar esse valor, o investidor precisaria aplicar o montante em um plano de previdência privada que busque rentabilidades próximas ou maiores ao do Tesouro IPCA+ 6%. Vale destacar que a simulação leva em consideração a contratação de planos vitalícios após o período de acumulação. “Na previdência privada, conseguimos chegar a uma alíquota de imposto de renda de 10% (alíquota mínima da tabela regressiva) e não temos o regime come-cotas (cobrança semestral) dentro desse produto”, afirma Ranni Sekertzis.
Caso o objetivo seja uma remuneração de R$ 15 mil, os aportes mensais ficariam em R$ 3,16 mil para alcançar o patrimônio de R$ 3,08 milhões em 30 anos. Esse dinheiro iria garantir por mês um salário de R$ 15 mil ao investidor . Já para aqueles que almejam valores ainda maiores, precisariam desembolsar cerca de R$ 4,2 mil por 30 anos para ter uma renda de R$ 20 mil, por exemplo.
Como investir no Tesouro IPCA+ 6% para ter uma renda de R$ 10 mil a R$ 20 mil
Investimento mensal por 30 anos |
Patrimônio acumulado em 30 anos |
Renda mensal |
R$ 2.108,15 | R$ 2.054.421,39 | R$ 10 mil |
R$ 3.162,23 | R$ 3.081.632,09 | R$ 15 mil |
R$ 4.216,30 | R$ 4.108.842,78 | R$ 20 mil |
Fonte: Mayara Ranni Sekertzis, head de Fundos e Previdência da Manchester Investimentos |
Ranni Sekertzis, da Manchester e responsável pela simulação, explica que há poucas opções no mercado com essa rentabilidade e, caso o investidor queira buscar esse retorno, será preciso tomar risco na carteira. “Quando o investidor vai para as gestoras independentes, podemos encontrar fundos de ações de previdência com metas de retornos IPCA+ 6% ou IPCA+ 8%. É claro que precisamos considerar que o investidor precisa tomar um maior risco e analisar a qualidade da gestão para entregar esse resultado”, alerta Ranni Sekertzis.
Publicidade
Já os fundos de investimento, geridos pelos bancos, possuem maior exposição a títulos públicos do Tesouro Selic. Nesses casos, o problema está na baixa rentabilidade devido aos custos da taxa de administração. “Não indico porque basicamente é um fundo de investimento com taxa de administração comprando ativo indexado ao CDI e que nunca vai bater o CDI”, completa a analista da Manchester. No entanto, esses não são os únicos caminhos. Há outras classes de ativos que podem ajudar o investidor a alcançar a renda desejada na aposentadoria com aportes mais acessíveis em virtude da sua rentabilidade.
Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos, no mercado de capitais, afirma que essas opções, além dos fundos de previdência privada, possuem características em comum: são ativos que se beneficiam com a inflação e possuem baixo risco de depreciação com o tempo. “Outro ponto é que, quando se está pensando em 30 anos, a primeira regra vai para a diversificação. Mas há fundos de infraestrutura com exposição a contratos de linhas de transmissão ou usinas eólicas que estão pagando IPCA + 10% ou IPCA + 12%”, ressalta Camargo Luiz.
- Confira também: 11 fundos imobiliários que rendem mais que o Tesouro IPCA + 6%
Apesar das oportunidades presentes no mercado, os investidores precisam estar cientes de que, ao contrário desses investimentos, os títulos do Tesouro IPCA são classificados pelos analistas como um dos ativos mais seguros do mercado. Isso porque as únicas formas do investidor sair no prejuízo é tentar vender o título no mercado secundário com deságio antes do vencimento ou em caso de um calote da União, emissor da dívida. Nesta última opção, o governo federal precisaria entrar em falência, o que representa na prática em um colapso da economia doméstica.