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- Os investidores do Tesouro Direto estão enfrentando uma semana de instabilidades para conseguir comprar os títulos públicos em meio à disparada das taxas de retorno. É o terceiro dia seguido de "circuit breaker" no Tesouro
- Hoje, as atenções estão voltadas à votação do pacote fiscal na Câmara e à notícia de que o Tesouro cancelou o seu tradicional leilão de títulos públicos de quinta-feira (19)
Os investidores do Tesouro Direto estão enfrentando uma semana de instabilidades para conseguir comprar os títulos públicos em meio à disparada das taxas de retorno. Na manhã desta quarta-feira (18), logo após a abertura da sessão, a negociação já foi interrompida; entre 10h e 10h50, só era possível comprar Tesouro Selic. É o terceiro dia seguido de “circuit breaker” no Tesouro.
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As operações foram suspensas pela 2ª vez por volta de 11h30 e, depois, mais uma vez às 16h, horário em que o dólar bateu a máxima do dia a R$ 6,25.
Antes disso, era um novo dia de taxas recordes. Como aconteceu na terça-feira (17), todos os 31 títulos IPCA+ são negociados com mais de 7% de juro real. Mas os níveis de retorno subiram ainda mais: o Tesouro IPCA+ 2029 oferece 7,80%, a maior taxa da série histórica. O Tesouro Prefixado 2027 também renovou o recorde e agora oferece 15,51% de retorno anual.
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Hoje, as atenções estão voltadas à votação do pacote fiscal na Câmara e à notícia de que o Tesouro cancelou o seu tradicional leilão de títulos públicos de quinta-feira (19). Outros três leilões, de compra e venda de títulos, serão realizados até a sexta-feira (20), com objetivo de “oferecer suporte ao mercado de títulos públicos, assegurando seu bom funcionamento e o de mercados correlatos”.
O mercado brasileiro vive pregões de turbulência. Na terça-feira (17), o dólar chegou a bater R$ 6,20, no auge do estresse fiscal. A disparada do câmbio puxou os juros e a taxa prefixada superou 15% ao ano até mesmo em vencimentos longos; o maior patamar da série histórica. Entre os ativos indexados à inflação, as taxas estão cada vez mais perto de um inédito “IPCA + 8%” ao ano.
A piora das condições macroeconômicas faz peso nos ativos de investimento, com o aumento da percepção de que a trajetória da dívida pública pode se tornar “insustentável” nos próximos anos. A desconfiança em relação à condução das contas públicas faz com que os investidores peçam mais prêmio para financiar a dívida, o que explica a disparada das taxas dos títulos públicos do Tesouro Direto.
Essas incertezas também reduzem a entrada de capital estrangeiro do País e mantém o dólar em alta. Como mostramos aqui, agentes econômicos começam a falar de “dominância fiscal” – um quadro de crise quando subir ou baixar os juros deixa de ter efeito sobre a inflação em função de um cenário fiscal descontrolado.
Recordes e plataforma fora do ar
O Tesouro Direto vem batendo níveis recordes de rentabilidade já há algumas sessões. Na segunda-feira (16), as taxas dispararam tanto que as negociações ficaram suspensas por dois momentos na sessão.
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Depois, na terça (17), a operação foi suspensa em quatro momentos diferentes em um dia marcado pela disparada do dólar. Como mostramos aqui, no início da sessão, o dólar a R$ 6,20 puxou a curva de juros e fez os títulos prefixados e IPCA+ baterem um nova máxima.
Geralmente, o “circuit breaker” no Tesouro acontece quando a volatilidade de juros está muito alta. Nesses casos, o Tesouro Nacional tira do ar os ativos prefixados e indexados ao IPCA, sendo possível apenas a negociação do Tesouro Selic. Mas isso tem se tornado cada vez mais recorrente. Na última semana, as negociações do Tesouro foram interrompidas quatro vezes; relembre aqui.