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Brasil em alta, EUA em baixa: qual melhor caminho para investir?

Quedas no exterior assustam, mas o momento pode representar uma janela de oportunidade para a diversificação

Brasil em alta, EUA em baixa: qual melhor caminho para investir?
Mercado dos EUA vive uma onda de aversão a risco causada pela alta de juros. (Foto: Envato)
  • A bolsa brasileira se descolou do cenário incerto no exterior
  • Mercados dos Estados Unidos e Europa amargam quedas e uma iminente recessão
  • As oportunidades de investimento no exterior variam de acordo com o perfil do investidor

Mesmo no centro de uma das eleições presidenciais mais polarizadas dos últimos tempos,o mercado de investimentos no Brasil está conseguindo entregar um desempenho positivo em 2022.

A bolsa brasileira se descolou do cenário incerto no exterior, com os mercados dos Estados Unidos e Europa amargando quedas e a possibilidade de recessão – um, pressionado por inflação e alta nos juros; outro, por guerra e crise energética.

Segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, essa toada de instabilidades não precisa afastar o investidor brasileiro dos ativos internacionais.

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Nesta reportagem, explicamos como o Ibovespa conseguiu uma alta de 12% no terceiro trimestre do ano, deixando os pares internacionais no chinelo.

A estratégia de diversificação geográfica funciona como uma proteção à carteira do investidor, reduzindo os riscos de uma alocação 100% doméstica e potencializando ganhos. Por isso, deve fazer parte do portfólio de forma estrutural, independente do cenário lá fora.

“A diversificação é o único ‘almoço grátis’, uma das poucas coisas no mercado financeiro que dá para provar matematicamente. Se você tem mais fontes descorrelacionadas em seu portfólio, ele fica melhor independente do perfil de risco do investidor”, afirma Ian Caó, CIO da Gama Investimentos.

Caó explica que a trajetória dos juros nos Estados Unidos, em alta para tentar segurar a maior inflação em 40 anos no país, tem penalizado os ativos de risco. Pressão que deve permanecer em jogo até que o Federal Reserve, o banco central americano, dê indícios de que a batalha contra a inflação chegou ao fim. Explicamos mais do cenário neste texto. 

Ainda assim, os descontos nos preços dos investimentos americanos já tornam esses ativos atrativos ao investidor brasileiro. “O que interessa para tomar as decisões de investimento é o quanto está no preço frente a que tipo de retorno é esperado. E temos várias classes de ativos cujo retorno já está interessante”, explica o CIO.

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A queda no mercado americano, apesar de assustar, pode ser lida por outro viés: uma oportunidade de investir no maior mercado do mundo pagando preços menores. William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, destaca que praticamente todas as vezes em que as bolsas americanas caíram, os desempenhos nos períodos seguintes foram positivos. “A bolsa americana já caiu 25% no ano. Não sei se vai cair até 40% ou 50%, mas, se a história indicar alguma coisa, talvez estejamos em um momento ímpar para comprar ativos nos EUA”, diz.

As melhores opções no exterior

Nos EUA, ao contrário do que acontece no Brasil, a alta de juros também penaliza os investimentos de renda fixa. Por lá, boa parte dos ativos são prefixados e sofrem com a marcação a mercado. Como reflexo, o aperto monetário penalizou a grande parte das classes de ativos de maneira semelhante.

Para quem quer aproveitar a baixa para investir lá fora, as oportunidades variam de acordo com o perfil do investidor, sem destaques especiais. “Os juros acabam influenciando todas as classes de ativos, que acabaram todas mais atrativas. Tem taxas no mercado que não eram vistas há muito tempo, para todos os gostos e perfis”, diz Castro Alves.

Falando de ações, um dos setores mais descontados no mercado americano é o de tecnologia. Por terem um perfil de crescimento, dependendo mais dos juros para financiar o crescimento, os papéis dessas empresas sofrem mais com o aperto monetário. Por outro lado, sem perspectivas de que o aperto monetário esteja perto do fim, essas ações são também as de maior risco para investir.

“Essa questão dos juros não vai permanecer para sempre e, em algum momento, vamos ter uma mudança de cenário. Quando isso acontecer, quem tende a performar bem são as ações que mais sofreram, como as de tecnologia”, explica o estrategista-chefe da Avenue. “Nesse caso, tem um prêmio para quem assumir o risco, mas precisa ter estômago e foco no longo prazo”.

Para quem não deseja entrar de peito aberto na volatilidade do mercado americano, ações de outros setores, menos sensíveis à taxa de juros, podem ser opções melhores no momento. “Ações de empresas de setores mais consolidados, como infraestrutura, petróleo ou bancos, ainda podem fazer bastante sentido”, diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Investimentos.

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Em um nível menor de risco, estão os ativos da renda fixa americana. Ainda que a taxa Selic, atualmente a 13,75% ao ano, tenha colocado os títulos públicos brasileiros no posto de queridinho dos investidores, a classe de ativos nos EUA também chama atenção.

Para Marcelo Cabral, gestor de investimentos internacionais da Stratton Capital, essa é a melhor opção para os investidores brasileiros que estão pensando em internacionalizar o portfólio. “Não estamos recomendando ações nesse momento, porque achamos que as quedas no mercado acionário vão se aprofundar ainda mais. Mas a renda fixa está bastante atrativa”, diz o gestor. “Estamos conseguindo retornos bastante interessantes, em dólar e a um nível de risco moderado”.

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