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Ibovespa salta 12% no 3° tri e deixa as bolsas mundiais no chinelo

Entenda a escalada de 12% do Ibovespa no trimestre. O índice deixou para trás os mercados internacionais

Ibovespa salta 12% no 3° tri e deixa as bolsas mundiais no chinelo
Ibovespa teve desempenho destacado nos últimos meses. Foto: Envato Elements
  • No 3° trimestre de 2022, o Ibovespa se descolou de vez do exterior
  • A possível desaceleração econômica dos EUA, Europa e China jogou um balde de água fria nas bolsas estrangeiras
  • Já o Brasil tem a vantagem de ter iniciado o ciclo de aumento de juros ainda no início de 2021, antes do resto do mundo, e agora finaliza o aperto monetário de forma antecipada também - o que é positivo para os ativos de risco

No 3° trimestre de 2022, o Ibovespa se descolou de vez do exterior. O índice de ações brasileiro terminou o período em alta acumulada de 11,66%, aos 110.036,79 pontos, enquanto os mercados globais ruíram. Nesta reportagem, mostramos que as ações da Positivo entregaram a melhor rentabilidade do trimestre.

A maior inflação desde 1981, de 8,3% em 12 meses, segue forçando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a elevar os juros dos EUA. A situação atípica jogou um balde de água fria nas bolsas norte-americanas. Os principais índices, S&P 500, Nasdaq e Dow Jones acumularam baixas de -5,28%, -4,11% e -6,6% no trimestre, respectivamente. Os dados foram levantados por Einar Rivero, head comercial da Economatica.

Já na Europa, a guerra entre a Rússia e Ucrânia tem consequências desastrosas não só para as duas nações em conflito. Em resposta às sanções econômicas feitas aos russos pela invasão ao país vizinho, o Kremlin interrompeu o fornecimento de gás natural para a União Europeia – agora, em uma grave crise de energia às vésperas do inverno e precisando lidar com os impactos inflacionários desta situação.

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Assim como o Fed, o Banco Central Europeu (BCE) começa o processo de subida de juros para frear o avanço dos preços. Na China, a política de covid zero, que paralisa as atividades no país, também lança dúvidas a respeito do crescimento econômico da região.

Dada a conjuntura, o risco de recessão nos EUA, Europa e China se aprofunda e dissipa uma nuvem de aversão a risco nos mercados. Apesar dos vários fatores externos negativos, a bolsa brasileira foi resiliente nos últimos três meses.

O Brasil tem a vantagem de ter iniciado o ciclo de aumento de juros ainda no início de 2021, antes do resto do mundo, e agora começa a fechar o aperto monetário de forma antecipada também – o que é positivo para os ativos de risco, como ações.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), entre 21 e 22 de setembro, a autoridade monetária manteve a taxa Selic em 13,75%, mesmo patamar do mês anterior, após 12 aumentos consecutivos. A perspectiva é de que a inflação no Brasil já chegou ao ápice, apesar de ainda estar elevada.

Em 12 meses (agosto de 2021 a agosto de 2022), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 8,73% de alta. É preciso lembrar também que durante todo o 3° trimestre, o IPCA registrou deflações em função dos cortes temporário de impostos promovidos pelo governo nos combustíveis e energia.

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Ainda que seja provisória, a iniciativa resultou em uma queda geral nos preços de 0,68% e 0,36% em julho e agosto, respectivamente. Em setembro, a baixa foi de 0,97%, segundo a prévia medida pelo IPCA-15. A situação joga o Brasil em uma conjuntura bem diferente de boa parte do mundo, que está longe de ver um recuo da inflação.

“Temos EUA, Europa e China, com dúvidas a respeito do crescimento”, afirma Ricardo França, analista da Ágora Investimentos. “Aqui no Brasil, estamos em um momento diferente. A percepção é de que o ciclo de aperto se encerrou por aqui. Olhamos para 2023 com o entendimento de que os juros possam cair de forma gradual, a partir provavelmente do 2° semestre.”

Na visão de Pedro Tiezzi, analista de investimentos da SVN, as questões internacionais devem pesar ainda mais sobre o IBOV em outubro do que as eleições presidenciais. Mesmo assim, o esperado é que a bolsa continue se destacando em relação aos pares.

“Estamos em um ciclo de juros muito à frente dos demais países. Estamos discutindo se o BACEN começará a cortar juros, dada a inflação projetada em queda, enquanto nos EUA e na Europa a discussão é se os seus respectivos bancos centrais conseguirão ancorar as expectativas de inflação via aumentos de juros ao longo de 2023 (e causando uma provável recessão nesta dinâmica)”, afirma Tiezzi.

Segundo Yuri Cavalcante, sócio da Aplix Investimentos, os fatores políticos só podem se sobressair ao cenário externo se o resultado das urnas viesse muito diferente do que apontam as pesquisas. Atualmente, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva lidera as pesquisas de intenção de voto.

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De qualquer forma, as empresas brasileiras já estão bem posicionadas para aproveitar esse possível movimento de corte de juros no ano que vem. “Temos um potencial grande de crescimento no mercado de capitais. Existem oportunidades aí. Após eleições, tiramos um pouco esse quesito que pode trazer volatilidade e começamos olhar com mais bons olhos para a economia”, afirma Cavalcante.

 

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