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- Os especuladores voltaram aos mercados de commodities, levando as apostas combinadas na alta dos preços ao nível máximo em pelo menos uma década
- Os investidores estão tão otimistas que vêm mantendo uma posição de longo prazo na qual a diferença entre as apostas na alta dos preços e as apostas na baixa chegaram a 2,3 milhões em contratos futuros e de opções na semana encerrada em 5 de janeiro
(Isis Almeida, Michael Roschnotti, Andres Guerra Luz/WP Bloomberg) – O enfraquecimento do dólar está transformando as commodities em moeda mais atraente, em um momento em que as ações estão em baixa e o mundo está se recuperando da pandemia do coronavírus. Tudo isso fez com que os especuladores voltassem aos mercados de commodities, levando as apostas combinadas na alta dos preços ao nível máximo em pelo menos uma década.
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Trata-se de uma reviravolta total para um segmento do mercado financeiro que vinha enfrentando dificuldades para atrair investidores desde o superciclo das commodities impulsionado pela China no início deste século. O cenário parece familiar: a potência asiática entrou em uma nova onda de compras e os investidores estão procurando lugares alternativos para colocar seu dinheiro, ao mesmo tempo em que os bancos centrais vêm tentando impulsionar as economias.
“As commodities estão numa sequência de vitórias agora”, disse Michel Salden, chefe de commodities da Vontobel Asset Management. “Os mercados estão se recuperando devido ao efeito combinado da fraqueza do dólar americano com a recuperação cíclica da covid-19, os estímulos dos bancos centrais e o aumento dos gastos fiscais em infraestrutura”.
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Os investidores estão tão otimistas que vêm mantendo uma posição de longo prazo na qual a diferença entre as apostas na alta dos preços e as apostas na baixa chegaram a 2,3 milhões em contratos futuros e de opções na semana encerrada em 5 de janeiro, segundo dados compilados pela Bloomberg. É o número máximo desde pelo menos janeiro de 2011.
Os cálculos incluem 20 das 23 matérias-primas do Bloomberg Commodity Index. E excluem alumínio, zinco e níquel, que são reportados pela London Metal Exchange, por um método diferente.
Leia também: Como a China regula o seu mercado de ações e os impactos para os investidores
Milho, soja, açúcar e petróleo
As apostas otimistas no milho hoje estão nos maiores níveis em quase 10 anos. A China está se enchendo de safras americanas e já comprou uma quantidade recorde do grão. As compras de soja estão no ritmo mais acelerado desde 1991. O açúcar também chamou a atenção dos investidores, com a Alvean, a maior trader mundial do adoçante, prevendo dois anos de escassez pela frente.
“Mesmo os grãos que estavam numa trajetória de queda desde 2012 subiram mais de 45% nos últimos seis meses, devido às secas relacionadas com La Niña na América Latina”, disse Salden. Ele também destacou o papel da China em garantir reservas estratégicas de commodities.
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O petróleo, que está se recuperando de um crash sem precedentes desencadeado pela pandemia, subiu para o maior patamar em 10 meses depois da surpreendente decisão da Arábia Saudita de cortar unilateralmente a produção em 1 milhão de barris por dia em fevereiro e março.
A alta também se estendeu dos principais preços do petróleo bruto para as opções e para outros sinais de força em ambas as extremidades da curva de futuros do petróleo. Os especuladores impulsionaram as apostas de alta do Brent para o maior patamar em 11 meses, enquanto as posições de longo prazo da gasolina subiram para o nível mais alto em 10 meses.
“O petróleo bruto parece uma grande jogada para o momento em que a economia reabre, a demanda aumenta e as pessoas ganham confiança por causa da vacina”, disse Phil Streible, estrategista-chefe de mercado da Blue Line Futures LLC em Chicago. “A Arábia Saudita realmente se desdobrou para tentar sustentar os preços”.
As apostas na alta dos preços do ouro subiram para o maior patamar em 16 semanas, e as posições de longo prazo em platina estão nos maiores índices desde fevereiro. Os investidores também aumentaram as apostas nas posições de longo prazo em prata pela quinta semana em seis.
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Tradução de Renato Prelorentzou