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- XP lançou, na segunda-feira (21), um CDB que rende 230% do CDI, taxa acima do que os CDBs tradicionais costumam pagar
- Especialista alerta sobre as "regras" para o investimento, como vencimento de 60 dias, limitado a uma aplicação mínima de R$ 1 mil e para novos clientes
- Em comparação com outros investimentos, o CDB da XP rende 275% sobre a poupança
Apesar do corte de juros em 0,50 ponto porcentual, levando a taxa Selic para 13,25% ao ano, a renda fixa ainda segue atrativa para investidores mais conservadores. Apostando nesse nicho, a XP Investimentos tem feito, ao longo de 2023, diversas campanhas que oferecem Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) a taxas mais atrativas do que o mercado.
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Na segunda-feira (21), lançou mais um produto: um CDB que rende 230% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), destinado a clientes novos – em relação à poupança, o título rende 275%.
O economista com certificação CFP e sócio fundador da consultoria Sarfin, Bruno Mori, comenta que a campanha chama a atenção, já que os grandes bancos não costumam pagar mais do que 100% do CDI. Contudo, ele enfatiza que o produto faz parte de uma estratégia de marketing e que o investidor deve ficar atento sobre o produto ter um rendimento durante um curto período de tempo.
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Marília Fontes, fundadora da Nord Research e colunista do E-Investidor, também avisa que a oferta deste produto faz parte de uma estratégia para captar clientes. “Para a XP, não adianta só abertura de conta, adianta a conta com investimento. A continuação dessa campanha por tanto tempo significa que é muito mais caro captar um lead (potencial cliente) da forma tradicional. Então essas campanhas têm um custo menor”, explica a especialista, citando que a XP paga nesses CDBs cerca de R$ 100 a R$ 150, enquanto o custo de captar um cliente provavelmente seja acima disso.
CDB da XP em comparação com outros produtos
O CDB da XP está limitado a uma aplicação por pessoa física, sendo ela um novo cliente. Estará disponível de 21 de agosto a 15 de setembro, com vencimento em dois meses, mas possui liquidez diária, ou seja, o cliente pode sacar o dinheiro quando quiser após o primeiro dia, sem perda financeira.
Para comparar com outros investimentos, Marília Fontes elucida que é necessário considerar o Contrato Futuro de DI. Observando a referência, a taxa de juros atualmente está em 12,91% ao ano, o que equivale a 2,04% durante os dois meses.
Na comparação, ela utilizou a rentabilidade da poupança de 0,66% registrado em julho (isenta de impostos), um CDB de 100% do CDI e outro CDB de 105% do CDI, ambos supondo um IR mínimo de 15%. Contudo, considerou o IR mais alto para o CDB de 230%, sendo ele a alíquota de 22,5%.
Como resultado, quem investir R$ 3 mil no CDB da XP terá um retorno líquido de R$ 109. Já no CDB de 100% do CDI, o investidor ganharia R$ 60, enquanto no CDB de 105% do CDI, esse valor seria de R$ 63. Na poupança, o valor, para os dois meses, seria de R$ 39,70.
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Sendo assim, o CDB da XP equivale a uma rentabilidade de 275% da poupança, 181% do CDB de 100% CDI e 172% do CDB de 105% CDI (confira a tabela abaixo).
Entretanto, tais resultados servem para o investimento máximo de R$ 3 mil. Já para o investimento mínimo de R$ 1 mil, o retorno líquido seria de R$ 39,42 (também levando em conta um IR mais alto, de 22,5%).
Vale a pena investir?
Para o investidor, pode ser que seja vantajoso, mas é preciso analisar as limitações. Uma delas é que o CDB que rende 230% do CDI tem uma aplicação mínima de R$ 1 mil e máxima de R$ 3 mil. A outra, é que tem um prazo de vencimento de 60 dias, ou seja, outubro de 2023.
“A XP vem com esse percentual alto do CDI, mas quando você lê as entrelinhas, há regras, como um investimento máximo por um período muito curto, mas sempre com taxas altas quando você compara com o CDB normal. O investidor precisa analisar se vale a pena mudar de corretora para ganhar um valor limitado”, pontua Fontes.
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Licio da Costa Raimundo, economista e professor das Faculdades de Campinas (Facamp), apesar de também destacar o tempo limite do produto (60 dias) e o interesse por trás da XP em captar novos clientes, ele comenta que o investidor pode criar a conta e depois sair da corretora sem prejuízos.
"Acho legítimo como tentativa de atração de novos clientes e acho interessante o ativo, porque o investidor pode simplesmente ficar os 60 dias e, se não gostar, não tem nada que o impeça de não comprar mais investimentos da XP. Nesse ponto, eu acho que é um produto muito interessante", afirma Raimundo.
Já Mori afirma categoricamente: "Na minha visão, não vale a pena. É algo que te chama para abrir a conta, mas em termos monetários, não é relevante. Podia ser cinco vezes o CDI, que mesmo assim vai render pouco. Para o investidor, é mais um banco, mais uma corretora, mais um ativo para declarar imposto, e por causa de R$ 30? Não faz sentido".