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Ações da Gafisa (GFSA3) disparam 200% em um mês; Analistas pregam cautela

A construtora fará hoje uma reunião do Conselho de Administração para deliberar sobre o aumento de capital

Ações da Gafisa (GFSA3) disparam 200% em um mês; Analistas pregam cautela
.Foto: Repodução/Facebook/Gafisa
  • No acumulado de um mês, as ações da empresa apresentaram valorização de 256,26%
  • A Gafisa está em meio a uma disputa judicial com a Esh Capital, que pretendia interromper judicialmente o processo de aumento de capital
  • A Gafisa diz que o aumento de capital teve adesão de 1.500 acionistas, mas Esh afirma que o número não é relevante em relação ao total dos acionistas

As ações da Gafisa (GFSA3) dispararam nesta terça-feira (03). Às 14h24, os papéis da empresa valorizavam 36,79%, cotados a R$ 19,37.

Este preço é o maior desde fevereiro de 2022, quando a ação chegou a R$ 18,71. A menor cotação do período foi R$ 5,52 no dia 15 de dezembro. No acumulado de um mês, as ações da empresa apresentaram valorização de 194,38%.

Mário Goulart, analista de investimentos e criador do canal no Youtube “O Analisto”, recomenda cautela na hora de investir na companhia, principalmente por conta da possibilidade de queda dos papéis da empresa.

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“É o tipo de investimento que eu recomendo cautela, você quer fazer uma aposta? Faz, se você está posicionado alguns dias antes, vende. Mas não vai com muita sede ao pote, porque esse tipo de ação que dá muita flutuação, se sobe 70% em dois dias, com uma notícia ruim pode cair 50%”, disse Mário.

A construtora fará hoje uma reunião do Conselho de Administração para deliberar sobre o aumento de capital, após ter adiado o encontro por causa do alto volume de subscrições. O aumento de capital debatido hoje será de R$ 150 milhões para o próximo dia 5 de janeiro, antes da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas, ou se fará a homologação depois do encontro do dia 9.

Uma das razões para a decolagem nas ações da Gafisa foi o anúncio da venda da participação no hotel Fasano Itaim, em São Paulo.  A Gafisa vendeu uma fatia correspondente a 80% do Fasano Itaim por R$ 330 milhões, sendo R$ 246,6 milhões em assunção de dívidas.

Para Mário, o endividamento da Gafisa pode ser considerado um empecilho na hora de investir na empresa. O último balanço da companhia, relativo ao terceiro trimestre de 2022, apresentou dívida líquida de R$ 1,39 bilhão – a relação dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, de R$ 7,802 milhões reportados no trimestre, chega a 178 vezes.

“Esse tipo de movimentação ampla das ações acontece quando uma empresa dá prejuízo e é inconsistente em números de margem, com a companhia queimando caixa e com endividamento aumentando”, disse.

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A Gafisa está em meio a uma disputa judicial com a Esh Capital, que pretendia interromper judicialmente o processo de aumento de capital e destituir a atual diretoria da construtora. “Eu brinco que esse é o tipo de empresa mais para profissionais investirem, mas é uma empresa que deve sofrer algum tipo de movimentação em caso de aumento de participação da Esh”, afirmou.

A disputa judicial entre Gafisa e Esh Capital

A gestora de recursos Esh questionou o aumento de capital da Gafisa, pediu a saída da de executivos da administração da empresa e tentou marcar uma assembleia geral de acionistas para esta segunda-feira (2), mas uma decisão liminar da Justiça de São Paulo manteve a data em 9 de janeiro.

A Gafisa diz que o aumento de capital teve adesão de 1.500 acionistas, mas Esh afirma que o número não é relevante em relação ao total da base acionária da construtora. Caso a Esh não exerça sua prioridade na hora de comprar uma participação na Gafisa – na hipótese do aumento de capital ser aceito –, ela teria sua participação e controle na empresa reduzido.

Sobre a reunião de hoje, a direção da Esh Capital declarou: “A homologacão do aumento de capital da Gafisa atropela a prerrogativa da AGE, que acontecerá no dia 09 de janeiro, de deliberar sobre essa decisão”. “Obviamente a administração tem interesses conflitantes e, no mínimo, deveria se declarar impedida de deliberar sobre isso”, completou.

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