

As ações das montadoras de veículos afundam em todo o mundo após o presidente americano, Donald Trump, anunciar tarifas de 25% sobre os automóveis não fabricados nos Estados Unidos. O anúncio da medida aconteceu nesta quarta-feira (26) e eleva o temor global sobre os seus efeitos na economia. Por volta das 10h40 (horário de Brasília), as ações da General Motors Company chegaram a afundar 8,30%, cotadas a US$ 46,75.
Os papéis da Volkswagen, BWM e Mercedes Benz Group acompanham o mesmo movimento e operam, durante o mesmo período, com perdas de 2,55%, 2,98% e 4,51%, respectivamente – fecharam em quedas de 1,26%, 2,55% e 2,69%. Já a Ford chegou a operar no campo positivo durante o pré-market com ganhos de 0,58%, mas logo inverteu o sinal e recuou 2,91%, sendo negociada US$ 9,98%. No Japão e Coreia do Sul, as bolsas foram pressionados pela forte queda de montadoras como Mazda (-6%), Subaru (-5%), Hyundai (-4,3%) e Kia (-3,5%).
As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta quinta-feira em queda, com os investidores avaliando o impacto das novas tarifas sobre a importação de automóveis. O Dow Jones recuou 0,37%, aos 42.299,70 pontos. O S&P 500 caiu 0,33%, para 5.693,31 pontos, enquanto o Nasdaq teve queda de 0,53%, encerrando a 17.804,03 pontos.
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Várias montadoras registraram quedas ao final da sessão, com a General Motors recuando 7,36%, a Stellantis perdendo mais de 1% e a Ford caindo 3,88%. Por outro lado, a Tesla, de Elon Musk, fechou em alta de 0,39%, já que alguns analistas de Wall Street acreditam que a empresa pode se beneficiar dessas tarifas devido à sua produção doméstica.
Além do temor global, a medida gerou reações pelo mundo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu que vai buscar soluções ao mesmo tempo em que garante os interesses econômicos do bloco europeu. “Tarifas são impostos – ruins para as empresas, piores para os consumidores, tanto nos EUA quanto na União Europeia”, disse Leyen em comunicação. O Canadá já estuda possíveis represálias.
As tarifas de importação anunciadas vão valer para veículos de passeio importados e caminhões leves. Serão aplicadas também sobre peças automotivas como motores, transmissões, trem de força e componentes elétricos. A medida busca concentrar a produção dos veículos nos Estados Unidos.”Mercados vão gostar da medida”, afirmou Trump. Já o assessor da Casa Branca, Will Scharf, disse que as novas tarifas devem resultar em mais “de US$ 100 bilhões em novas receitas anuais” para os Estados Unidos.
A previsão é que a medida entre em vigor a partir do dia 2 de abril. A data é aguarda pelo mercado porque também será o dia em que o presidente americano pretende impor tarifas retaliatórias para todos os países. Ontem, quando anunciou a alíquota de 25% sobre os veículos não fabricados nos EUA, Trump disse que as novas taxas vão surpreender. “Tarifas recíprocas serão bastante lenientes”, ressaltou o chefe da Casa Branca em coletiva de imprensa.
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Em meio às incertezas sobre a magnitude do tarifaço de Trump, os investidores permanecem cautelosos quanto aos efeitos da política tarifária sobre a economia. O receio do mercado é que as tarifas pressionem a inflação dos EUA ao passo de atrasar o ciclo de queda de juros no país. Na última quarta-feira (19), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu manter inalterado as taxas de juros nos intervalos de entre 4,25% e 4,5% ao ano. A decisão reforça a postura cautelosa do BC americano sobre qualquer mudança na trajetória da política monetária do país no atual momento.
“O Fed claramente ainda não quer se comprometer com impactos que ainda não conhecemos, o que é difícil de refletir os preços, ou seja, o elevado grau de incertezas. Mas uma afirmação podemos fazer: essas medidas já estão dificultando o trabalho do Fed, que precisa ficar com um olho no peixe (meta de inflação) e outro no gato (desaceleração do PIB e consequentemente do mercado de trabalho)”, disse Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, nesta reportagem que repercutiu a decisão do Fed na última semana.
O mercado teme ainda que a maior economia do mundo entre em uma recessão ou caminhe para uma estagflação, quando há a combinação rara de alta dos preços junto com uma queda da atividade econômica, fenômeno bastante temido pelos economistas.
Com informações do Broadcast e da CNBC News
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