O que este conteúdo fez por você?
- O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu, após um ano, a taxa básica de juros. A nova Selic está em 13,25%
- Com corte da Selic, pode ser o momento de investir na Bolsa e se posicionar, principalmente, em mid e small caps
- Especialistas dizem que renda prefixada ainda é atrativa, mas para investimentos de até cinco anos
Após um ano estacionada em 13,75%, a taxa Selic sofreu um corte de 0,50 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (2). O fim do ciclo de alta da taxa de juros básica da economia pode configurar uma oportunidade para rebalancear a carteira de investimentos.
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“Muitos investidores aproveitaram as altas taxas que se mantiveram por um bom tempo e fizeram boas alocações em renda fixa, principalmente em ativos prefixados e ativos de crédito privado isentos de Imposto de Renda (IR) para se aproveitar do fechamento da curva de juros. Agora, vemos que, apesar de um fluxo ainda tímido do investidor local, a procura por ativos de risco está aumentando”, pontua o sócio da A7 Capital, André Fernandes.
Para o especialista, a Bolsa de Valores e fundos multimercados voltam a se tornar boas opções para diversificar o portfólio. “Com o início da queda de juros, os ativos de risco devem ter uma performance melhor que ativos mais conservadores”, completa Fernandes, explicando que esses fundos não tiveram boas performances nos últimos dois anos e o movimento inverso agora pode ocorrer com o corte.
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A exemplo, Fernandes mostra que o investidor estrangeiro saiu na frente e já está alocando recursos em ativos de risco no Brasil. No acumulado de 2023, há um fluxo positivo de aproximadamente R$ 21 bilhões na Bolsa. Além deles, os fundos locais, que estavam pessimistas com o Brasil, já estão alocando em ações para surfar no ciclo de queda de juros.
Quais ações o investidor deve ficar de olho
Dentro da classe de ações, Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destaca que ações de mid e small caps se tornam atrativas nesse momento. “Os preços das ações ainda estão muito baratos, as empresas estão muito descontadas, especialmente para esses dois tipos, que são as empresas de média e baixa capitalização. Além das mais endividadas, que vão se beneficiar da queda do juros”, afirma.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, também enfatiza essa visão. De acordo com ele, a explicação para a vantagem das empresas menores está no fato delas serem mais sensíveis ao ciclo de juros.
Primeiro porque empresas recentes têm expectativa de crescimento maior, com geração de fluxos de caixa para os acionistas lá na frente. “Como boa parte do valor presente da empresa está no futuro, quando há uma variação positiva na taxa de juros, o preço a valor presente dessa empresa fica menor. Diferente de empresas mais maduras, em que os fluxos de caixa estão mais no presente do que no futuro, uma empresa menor se torna mais sensível à variação dos juros”, explica Spiess.
E em segundo lugar, mid e small caps são mais sensíveis à variação da Selic tendo em vista que elas demandam mais financiamento para apoiar o crescimento. E o crédito está diretamente atrelado ao patamar dos juros.
Títulos de longo e médio prazo valem a pena
Ainda segundo Spiess, os títulos de longo prazo indexados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se tornam vantajosos. Na Empiricus, eles aumentaram a posição em inflação longa, como Tesouro IPCA + 2045 e Tesouro IPCA + 2055.
Gala, economista-chefe do Banco Master, também aponta para títulos de longo prazo, mas prefixados. “Todos os títulos prefixados, na verdade, ainda têm taxas muito boas. Para quem alongar até cinco anos, ainda consegue pegar uma taxa de 11%. Isso porque essas taxas devem ceder, quando o ciclo de cortes começar de fato, as taxas caem mais do que se imagina”, salienta.
Com Selic em queda, FIIs de tijolo são mais atrativos
Para Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, os Fundos Imobiliários (FIIs) de tijolos podem ser opção de investimento mais atrativas com a queda da Selic do que fundos de papéis. “Os FIIs têm uma correlação muito forte com os juros, a gente observa em cenários de Selic mais baixa, os FIIs de tijolo performaram bem. Quando a gente teve uma alta nos juros, eles foram impactados”, comenta.
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A explicação, segundo o especialista, é que fundos de papel têm uma carteira atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que tem taxa próxima à taxa Selic – logo, se os juros básicos caem, a remuneração atrelada ao CDI também recua.
Já FIIs de tijolo possuem uma relação inversa. Eles se beneficiam da queda da Selic porque juros baixos fomentam a atividade econômica e, consequentemente, aumentam os lucros dos negócios que estão na carteira dos fundos e seus dividendos.
“Fundo de shoppings ganham com a locação de lojas, com o movimento de estacionamento e aumento de vendas, já que o shopping pega uma parte. Você precisa de uma Selic baixa para impulsionar a economia e as participações dos FIIs de tijolos. A lógica também vale para fundos de galpões logísticos e de lajes corporativas. Os FIIs ficam mais atrativos por conta da queda de juros”, destaca, citando o FII XPML11 como uma boa opção.