O mês de julho foi marcado pela aversão a risco nos mercados. O avanço da variante Delta do coronavírus gerou dúvidas sobre a celeridade dos processos de reabertura econômica. As interferências da China em empresas privadas também reforçaram o mau humor nas Bolsas mundiais, em especial nos setores de tecnologia e commodities metálicas.
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No Ibovespa, fora as questões externas, os ruídos políticos entre os poderes pesaram sobre os papéis. Os agentes financeiros temem que o presidente Jair Bolsonaro passe a ampliar gastos para manter a popularidade, já que a corrida eleitoral de 2022 se aproxima. O principal índice de ações da B3 patinou ao longo das sessões e terminou julho em baixa de 3,08%, aos 121.800,79 pontos.
“Se ao longo do agosto esse patamar de 120 mil for perdido, o mercado vai ficar sem uma referência importantíssima de suporte e isso vai abrir caminho para o Ibov ir para os 116 mil pontos”, afirma Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
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Veja as empresas que mais caíram ou subiram no período:
Campeãs de alta
Maiores altas de Julho | ||||
Empresa | Ticker | Valorização em Julho (%) | Preço (R$) | |
1 | JBS | JBSS3 | 10,14% | R$ 32,05 |
2 | Cia Hering | HGTX3 | 8,74% | R$ 37,20 |
3 | Rumo | RAIL3 | 7,89% | R$ 20,66 |
4 | Usiminas | USIM5 | 7,70% | R$ 20,57 |
5 | Cosan | CSAN3 | 6,64% | R$ 25,55 |
Fonte: Economatica |
- JBS (JBSS3): +10,14%, R$ 32,05
A empresa que mais se valorizou em julho foi a JBS (JBSS3), companhia do setor de frigoríficos. Por trás do desempenho, estão as boas perspectivas com o aumento de demanda da China por proteína. O país asiático sofre com uma epidemia de peste suína africana, o que expande a necessidade de importação.
Como exportadora, a companhia se beneficia pela alta do dólar, que saltou 4,7% em julho, passando do patamar de R$ 5 para a região dos R$ 5,20. A Genial Investimentos tem recomendação de compra para o ativo, com preço-alvo de R$ 42.
“Esperamos que o consumo de proteína animal mundial siga sendo fortemente impulsionado pela Ásia, principalmente a China, que vem se solidificando como a maior e mais robusta economia global”, explicou a Genial em relatório.
- Cia Hering (HGTX3): +8,74%, R$ 37,20
Os papéis da Cia Hering saltaram no mês, ainda no reflexo da compra da varejista de vestuário pelo Grupo Soma. De acordo com a Guide Investimentosm a expectativa é que a união aumente em cerca de 3,8 vezes o mercado endereçável do Grupo Soma, saindo de cerca de R$ 30 bilhões para acima de R$ 110 bilhões.
“Segundo as duas companhias, existe potencial para cerca de R$ 200 milhões em sinergias”, explicou a corretora em relatório sobre a carteira recomendada para julho.
- Rumo (RAIL3): +7,89%, R$ 20,66
Do setor de logística e transportes, os papéis da Rumo foram os terceiros em valorização no mês. Os investidores seguem de olho na expansão da empresa, que inaugurou o segundo terminal da Malha Central em Rio Verde (GO). As notícias de que a empresa pretendia unir operações portuárias com a Santos Brasil também ajudou a alavancar os ativos.
- Usiminas (USIM5): +7,70%, R$ 20,57
Os papéis da Usiminas subiram 7,70% no mês por uma combinação de fatores que favorecem a empresa. Os preços internacionais dos aços planos continuam em níveis elevados no exterior, assim como o câmbio mais alto. A USIM5 é a top pick do segmento de siderurgia da Ágora Investimentos.
“A empresa negocia a múltiplos que achamos atraentes nesse ponto do ciclo. Continuamos
com expectativa de que os preços internacionais do aço permaneçam em níveis muito elevados em 2021/22”, explica a corretora.
- Cosan (CSAN3): +6,64%, R$ 25,55
O Grupo Cosan teve os papéis impulsionados em julho, na esteira da venda de 51% da participação da Petrobras na Gaspetro para a Compass, empresa que faz parte da holding. “Notícia positiva para Cosan, uma vez que aumenta a capilaridade da atuação da Compass e expande suas alamedas de crescimento, facilitando inclusive um futuro IPO da divisão”, afirma a Ativa em relatório. Outro driver para a alta foi o IPO da Raízen, que também é controlada pela Cosan.
Campeãs de baixa
Maiores baixas de Julho | ||||
Empresa | Ticker | Valorização em Julho (%) | Preço (R$) | |
1 | Americanas S.A. | AMER3 | -25,90% | R$ 49,10 |
2 | Lojas Americanas | LAME4 | -20,71% | R$ 7,09 |
3 | Via | VVAR3 | -20,27% | R$ 12,59 |
4 | Pão de Açúcar | PCAR3 | -19,74% | R$ 31,03 |
5 | CVC | CVCB3 | -19,55% | R$ 22,30 |
Fonte: Economatica |
- Americanas S.A. (AMER3): -25,90%, R$ 49,10
A Americanas S.A surgiu da fusão da B2W com alguns ativos das Lojas Americanas, como as lojas físicas. Dessa forma, a partir do dia 19 de julho os ativos deixaram de ser negociados sob o ticker BTOW3 e se tornaram AMER3.
Após a união, os papéis despencaram na Bolsa, com os investidores ainda analisando a estrutura da nova empresa. “Apesar de possíveis volatilidades no curto-prazo, acreditamos que a nova empresa deva ter um forte crescimento no seu GMV (volume bruto de mercadorias) on-line, além da reabertura da economia, o que impulsionará as vendas no seu varejo físico”, afirma a Guide Investimentos em relatório.
- Lojas Americanas (LAME4): -20,71%, R$ 7,09
Movimento parecido enfrenta os papéis das Lojas Americanas, que se tornaram apenas um veículo de investimento na Americanas S.A. O mercado ainda está reprecificando os papéis, de acordo com a nova conjuntura. Paralelamente, o avanço da variante Delta e o aumento da inflação afeta os setores mais ligados à economia real, como o varejo.
“O mercado não entendeu muito essa questão da cisão e a empresa soltou um guidance de resultado que não agradou tanto”, explica Rafael Ribeiro, da Clear Corretora.
- Via (VVAR3): -20,27%, R$ 12,59
Apesar de as expectativas boas para a Via, os papéis caíram 20,27%, aos R$ 12,59. “No mês passado a empresa andou bem, então foi uma correção natural. A alta nas taxas de juros também afetam a companhia, que é mais volátil”, afirma Ribeiro.
- Pão de Açúcar (PCAR3): -19,74%, R$ 31,03
Os resultados aquém do esperado para o 2º trimestre do ano derrubaram os papéis do Grupo Pão de Açúcar. O lucro líquido da companhia veio mais de 95,9% menor, passando de R$ 86 milhões para R$ 4 milhões. “Resultado muito ruim. Os números foram pressionados pela questão de custos e aumento da inflação que desacelera o consumo”, explica Ribeiro.
- CVC (CVCB3): -19,55%, R$ 22,30
Na esteira dos temores relacionados a nova cepa Delta do coronavírus, os papéis da CVC foram penalizados com queda de 19,55% no mês.