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Quanto está perdendo o pernambucano que comprou 1,130 milhão de ações da Americanas (AMER3)?

Preço do papel da varejista mostra volatilidade após lucro de R$ 10,279 bi no 3º trimestre de 2024 e grupamento

Quanto está perdendo o pernambucano que comprou 1,130 milhão de ações da Americanas (AMER3)?
Investidor pernambucano Inácio de Barros Melo Neto se tornou acionista relevante da Americanas (AMER3) em julho de 2024. (Imagem: Stockah em Adobe Stock)

A Americanas (AMER3) surpreendeu o mercado ao reverter o seu prejuízo em lucro no terceiro trimestre de 2023 – embora o resultado tenha sido obtido por uma manobra contábil. O desempenho rapidamente impactou na cotação dos papéis na Bolsa de Valores. No pregão do dia 14 de novembro, as ações da varejista em recuperação judicial subiram 180%, sendo negociadas a R$ 9,41. Já na última segunda-feira (18), os ganhos foram de 1,17% após um pregão com alta volatilidade. O movimento ajudou a companhia a quase triplicar o seu valor de mercado na B3 em menos de uma semana.

Segundo dados da Elos Ayta consultoria, do dia 13 de novembro até a última segunda-feira (18), a Americanas saiu de R$ 673 milhões em valor de mercado para R$ 1,9 bilhão. Apesar dos ganhos, os números não foram suficientes para reverter o prejuízo da carteira do investidor pernambucano Inácio de Barros Melo Neto, que se tornou acionista relevante da companhia em julho.

No dia 12 de julho, quando os papéis eram negociadas a R$ 0,69, a Americanas comunicou ao mercado que o empresário passou a deter 12,52% do total de ações AMER3, o equivalente a 113 milhões de papéis. Com essa posição, ele ficou atrás apenas do trio 3G – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – na composição acionária da empresa. Mas, após essa data, os papéis seguiram em ritmo de queda até chegar na cotação de R$ 0,05 no dia 26 de agosto, quando a companhia anunciou o grupamento de ações na proporção de 100 para 1.

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Com essa estratégia, os papéis saíram de uma negociação de centavos e passaram a ser negociados a R$ 5,40 no pregão do dia 27 de agosto. A mudança também alterou a posição acionária do investidor pernambucano que ficou com um volume equivalente a 1,130 milhão de ações. Se consideramos que a atual posição de Melo Neto em Americanas foi comprada no dia 12 de julho, ele estaria com um preço médio na carteira de R$ 69 (considerando a soma do preço de 100 papéis, à época, do grupamento). Ou seja, mesmo com as recentes altas, o investidor pernambucano estaria no prejuízo visto que as ações da varejista encerraram no pregão da última segunda-feira (18) a R$ 9,52.

Segundo os cálculos da Elos Ayta, isso representaria um prejuízo de R$ 67,2 milhões caso Melo Neto tivesse liquidado a sua posição no início da semana.

Data Cotação Quantidade de ações Valor de mercado
12 de julho R$ 0,69 113 milhões R$ 77,9 milhões
18 de novembro R$ 9,52 (ou R$ 0,0952 sem considerar o agrupamento das ações) 1,130 milhão R$ 10,7 milhões
Fonte: Elos Ayta Consultoria

“Eu acredito em Americanas”

A simulação mostra que o balanço positivo da companhia não é o suficiente para apagar o seu histórico de fraude contábil, responsável por manchar a credibilidade da varejista e derrubar as ações. Daniel Fontana, especialista da mesa de fundos imobiliários da RJ+ Investimentos, explica que a companhia precisa entregar resultados ainda melhores nos próximos trimestres para resgatar a confiança do mercado e avançar no seu processo de recuperação judicial. “A posição elevada de encargos com fornecedores no longo prazo e encargos financeiros de curto prazo, valor em níveis mais controlados, são os principais desafios da companhia”, destacou o especialista.

No terceiro trimestre da Americanas, a empresa reportou lucro de R$ 10,279 bilhões. O volume reverte o prejuízo de R$ 1,63 bilhão registrado no balanço referente ao terceiro trimestre de 2023. Como mostramos nesta reportagem, os números da Americanas no terceiro trimestre de 2024 refletem o processo de novação de dívida, mecanismo jurídico de reestruturação das pendências financeiras. Por outro lado, o volume bruto de vendas de mercadoria caiu no mesmo período de R$ 4,90 bilhões para R$ 4,70 bilhões no terceiro trimestre de 2024, o que reflete os desafios do varejo. “O setor está com a demanda reprimida devido ao cenário interno e setor experimenta uma competitividade muito acirrada”, diz Rafael Lage, analista CNPI da CM Capital.

Esse cenário ainda incerto não retirou a crença do investidor pernambucano de uma possível recuperação da Americanas nos próximos anos. Desde quando se tornou relevante para a companhia até hoje, o Melo Neto não deixou de comprar as ações da empresa. Segundo informações da agência Reuters, o investidor afirmou que tinha 3,240 milhões de ações AMER3 a um preço médio de R$ 32 cada e que estava tranquilo em relação à sua posição na companhia. “Eu acredito na recuperação da empresa,” disse Melo Neto em entrevista à agencia.

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Por volta das 15h30 desta quinta-feira (21), as ações da Americanas (AMER3) apresentam uma depreciação de 9,01%, sendo negociadas a R$ 8,28. Já em 2024, os papéis ainda acumulam uma queda de 90%.