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- Apesar do Santander abrir a temporada de balanço, os números da companhia não devem guiar as expectativas para o resultado dos outros bancos
- Segundo especialistas, a carteira de crédito da instituição financeira possui um perfil mais arrojado em comparação ao seus pares
- No entanto, a expectativa é que Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) devem entregar resultados mistos
O Santander (SANB11) deu início à temporada de balanço para os bancos tradicionais listados na Bolsa de Valores com a divulgação dos resultados referente ao segundo trimestre deste ano, no dia 26 de julho. Os números vieram abaixo da expectativa do mercado e trouxeram pessimismo para o papel, que encerrou julho com uma queda de 4,62% no acumulado mensal. Com essa avaliação, a dúvida que fica para o investidor é se os outros bancos devem entregar um desempenho semelhante ao do Santander.
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Segundo dados da instituição financeira, o Santander teve um lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, o que representa uma alta de 7,9% em relação ao trimestre anterior. O problema é que, mesmo com o crescimento, o volume ficou 7% abaixo do consenso de mercado, que projetava um lucro líquido de R$ 2,46 bilhões.
Já a rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio (ROE), apresentou uma melhora de 0,7 pontos porcentuais em comparação ao primeiro trimestre do ano. Por outro lado, o múltiplo de 11,2% é considerado, na avaliação da Genial, como baixo diante do histórico da companhia.
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“Esperamos uma melhora gradual a partir do segundo semestre, com possível normalização da inadimplência e queda da taxa de juros”, afirmou a Genial, em relatório sobre os resultados do Santander. Diante desse cenário, a corretora mantém uma recomendação de venda do papel, com preço-alvo de R$ 27.
A Ágora Investimentos também possui a mesma recomendação para a ação do Santander ao avaliar os resultados da companhia. Segundo Renato Chanes, analista de investimentos da Ágora, além do ROE ter vindo abaixo do esperado, o aumento das despesas operacionais acima da inflação também foi alvo de preocupação do mercado. “Olhando para os próximos meses, o Santander deve adotar uma postura mais conservadora com relação à origem de empréstimo”, diz Chanes.
Apesar do Santander abrir a temporada de balanço para o setor bancário, o analista comentou que a companhia não deve guiar as expectativas do mercado sobre as outras instituições bancárias. O motivo está na característica da sua carteira de crédito. “O banco tem uma composição grande de empréstimos mais arriscados, sobretudo com a presença de linhas de financiamento de veículos”, acrescenta.
Veja o que esperar dos outros bancos
Banco do Brasil (BBAS3) – balanço: 9 de agosto
As expectativas do mercado são positivas para os resultados do segundo trimestre do Banco do Brasil. A XP Investimentos espera um crescimento robusto da carteira de crédito da companhia, impulsionado pelo crédito rural, e um leve aumento do índice de inadimplência devido ao perfil defensivo na concessão de crédito do banco.
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“Prevemos um lucro líquido de R$ 8,7 bilhões no segundo trimestre (alta de 11% na base anual e de 1% em comparação ao primeiro trimestre do ano), resultando em um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 21,5% para o Banco do Brasil”, informou a XP. Já a Ágora Investimentos espera que o BB entregue R$ 9 bilhões de lucro no segundo trimestre. “Mas esperamos uma tendência negativa devido à maior despesa com provisão”, diz Chanes.
Bradesco (BBDC4) – balanço: 3 de agosto
As estimativas para os resultados do segundo trimestre do Bradesco (BBDC4) apontam para um crescimento modesto na carteira de empréstimos do banco. Segundo as estimativas da XP, as expectativas apontam para um alta de 8% ao ano na sua margem financeira e de 6% em relação ao trimestre anterior. “Esperamos outro aumento significativo em sua taxa de inadimplência no segundo trimestre de 2023 (+70 pontos-base, para 5,8%), desacelerando marginalmente em comparação com os +80 pontos-base apresentados no trimestre anterior”, informou a corretora.
Itaú (ITUB4) – balanço: 7 de agosto
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O mercado espera que os resultados do Itaú sejam semelhantes ao do Banco do Brasil, com um ROE acima de 20%. As estimativas da Ágora apontam para um lucro de R$ 8,6 bilhões e para o aumento das despesas com provisionamento (reserva de dinheiro para futuras inadimplências). “Trata-se de um resultado saudável, mas não deve causar surpresa para os investidores. Acho que o mercado vai ficar muito mais atento ao que a administração do Itaú vai falar sobre os números”, diz Chanes.
Já os analistas da XP esperam por mais trimestre de crescimento de dois dígitos na carteira de crédito do Itaú e um aumento pequeno na inadimplência, que deve atingir o nível de 3,5%, considerado ainda saudável para a corretora. “Isso reforça a solidez de seu balanço e reduz o risco de um aumento abrupto do provisionamento pressionar seus resultados no curto prazo”, informou a XP.