O que este conteúdo fez por você?
- O desdobramento de ações proporcionará que a ação fique com um preço mais baixo, e isso atrai o investidor pessoa física
- Iniciativa foi aprovada pelo conselho do banco
- A assembleia geral ainda não tem data para acontecer
O Banco do Brasil (BBAS3) quer propor aos seus acionistas um “split”, termo utilizado para se referir a um desdobramento de ações. A iniciativa, previamente aprovada pelo conselho de administração, será levada para votação em assembleia geral, ainda sem data prevista.
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A instituição é um dos ativos mais desejados por boa parte dos investidores. Mas há um detalhe que, por vezes, afasta os traders profissionais: trata-se de uma companhia de capital misto, cujo maior acionista é a União. Na prática, significa dizer que o governo federal é o “patrão”.
O temor, neste caso, está relacionado à ingerência política, que é quando o acionista de referência determina certas movimentações que podem ser consideradas populistas, ou até de viés estritamente político, como indicação de nomes de fora do mercado financeiro para compor a diretoria da instituição.
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É o caso, por exemplo, da Nord Research, que vê a empresa com bons olhos, mas prefere ficar fora do papel. “Esse movimento [split] não muda em nada nossa visão sobre a empresa”, afirma a analista Giulia Nicola.
O BB, segundo ela, entrega resultado ao acionista, com crescimento de 2% em prestação de serviço, sendo impulsionado por seguros, títulos de previdência e capitalização, além da gestão de ativos.
A especialista explica que o desdobramento de ações em 100% – ou 1 para 1 – significa que a cada ação do Banco do Brasil que o acionista possui, ele receberá outra ação em troca. “Na prática, se um acionista possui, atualmente, 100 ações, ele passará a ter 200 ações”, ressalta.
Ao mesmo tempo que haverá essa multiplicação da quantidade de ações, o preço será ajustado na mesma proporção, mantendo o valor original que ele tinha em depósito, aponta Nicola. “O desdobramento proporcionará que a ação fique com um preço mais baixo, e isso atrai o investidor pessoa física, pois o ativo se torna acessível. Essa é uma forma de democratizar a ação”, frisa.
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A ação BBAS3 encerrou o pregão desta sexta-feira (8) na Bolsa brasileira em alta de 1,08%, cotada a R$ 54,45.
O que justifica o “split’?
A analista afirma que o “split” se justifica pelo viés de alta que o papel reporta desde o início do ano, com mais de 70% de crescimento, segundo dados da Bloomberg, cotado, atualmente, em R$ 54. “Com o desdobramento, a cotação passará a ser a metade correspondente ao valor do pregão que antecede a mudança”, aponta.
Do lado negativo, ela informa que cresce a taxa de inadimplência do banco, mas isso é um movimento em linha com a maioria dos bancos brasileiros, em patamares considerados aceitáveis, em 2,8%.
Para a Ágora Investimentos, o desdobramento é neutro do ponto de vista de fundamentos, mas era bastante aguardado pelo mercado, devido ao viés de alta das ações. Isso traz mais investidores à tese, o que é qualitativamente positivo, mas cabe lembrar que não há emissão de novas ações ou mudanças no capital social do BB, ressalta a corretora ao E-Investidor.
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O analista Matheus Nascimento, da Levante Corp, destaca que o preço justo da ação, hoje, está em R$ 60, mas com o split sendo realizado, este valor cairá, possivelmente, para R$ 30. “Isso dá mais poder de compra para os investidores menores”, diz.
Acontece que a B3 já tem cinco milhões de investidores pessoa física, e é isso que a instituição financeira está avaliando, ou seja, quer capturar uma parcela significativa desse público.
De acordo com Nascimento, deve-se levar em conta ainda que o momento é de um ajuste pró-mercado, principalmente por conta do ritmo de corte de meio ponto percentual da Selic, que deve se estender para alguns meses de 2024. “O mercado se beneficia com isso”, afirma, dando a entender que a renda variável, onde se encontram as ações, ganham tração.
Onde mais observar?
O BB também tem atuado fortemente no segmento de Micro e Pequenas Empresas (MPEs). A instituição concedeu R$ 90,2 bilhões em crédito de janeiro a novembro deste ano, registrando um aumento de 10,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, excluindo o efeito extraordinário do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), conforme divulgado pela instituição.
No decorrer dos primeiros 11 meses do ano, mais de 270 mil empresas nesse segmento foram atendidas, sendo que R$ 31,6 bilhões em contratações beneficiaram cerca de 103 mil mulheres empreendedoras, representando um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior.
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Esse aumento foi impulsionado pela plataforma Mulheres no Topo, e o banco mantém a Liga PJ, um portal criado para auxiliar na criação e expansão de negócios, com um espaço dedicado ao empreendedorismo feminino. A plataforma auxilia na gestão de cerca de R$ 125 bilhões em faturamento anual de aproximadamente 49 mil empresas.
E o rating?
A S&P Global Ratings prevê que a diversificação das atividades comerciais do BB continuará a sustentar a estabilidade de seus resultados e do balanço patrimonial. A agência afirma que o banco se destaca como um dos maiores da América Latina, possuindo forte diversificação e uma posição de liderança no mercado, apesar da intensa concorrência no cenário brasileiro.
O perfil de crédito individual (SACP – stand-alone credit profile, na sigla em inglês) do Banco do Brasil foi avaliado como ‘bbb’, mas seus ratings são limitados pela exposição ao risco soberano. Os ratings do Brasil (BB-/Positiva/B e brAAA/Estável/–) também limitam os do banco, pois, assim como outros bancos que operam no Brasil, o Banco do Brasil tem uma significativa exposição de ativos no mercado doméstico e ao soberano.