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- O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (1º) em alta de 0,93%, aos 95.478,52 pontos, e teve giro financeiro de R$ 24,4 bilhões
- As três ações que mais perderam preço no dia foram Natura (NTCO3), Qualicorp (QUAL3) e CVC (CVCB3)
O Ibovespa parecia a caminho de iniciar o último trimestre do ano como fechou o período anterior, levemente no vermelho, mas, escorado em Nova York e impulsionado pelo desempenho positivo de ações da Petrobras, encontrou fôlego para recuperar os 95 mil pontos na etapa final. Assim, encerrou o dia em alta de 0,93%, aos 95.478,52 pontos, com giro financeiro de R$ 24,6 bilhões.
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Decisivo para a virada de jogo na sessão foi o salto observado nas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) após o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), seguir o voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes pela manutenção da venda das refinarias da petrolífera sem anuência do Congresso Nacional – levando então o placar para dois votos a um.
Ao final da sessão, os ganhos observados na ação PN, que chegaram a superar 2%, e na ON, que se aproximaram do mesmo limiar, acomodaram-se a 1,22% na preferencial e a 0,91% na ordinária. Após o fechamento do Ibovespa, a votação no STF foi definida em 6 a 4 pela liberação do plano de venda de refinarias da Petrobras.
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Por outro lado, a tensão política entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não contribui para que as reformas deslanchem e o ajuste de rota essencial a 2021 se delineie, na interlocução entre Executivo e Legislativo. Tal esgarçamento acaba deixando em segundo plano o passo atrás de Guedes quanto ao uso de recursos destinados a precatórios no financiamento do Renda Cidadã. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão se referiu às escaramuças entre Guedes e Maia como uma “coisa pessoal”.
Outro fator que contribui para elevar a temperatura – e o grau de incerteza – para a virada do ano é a eleição americana. “Se Biden vencer nos EUA, a perspectiva é de protecionismo, com a questão ambiental desempenhando agora o mesmo papel de medidas sanitárias usadas nos anos 90 por EUA e Europa, como barreiras não tarifárias contra o agronegócio brasileiro, líder mundial – e competidor do americano”, diz Marcelo Audi, sócio-gestor da Cardinal Partners.
Apesar das incertezas, Audi não está pessimista quanto ao desempenho da Bolsa neste último trimestre do ano. “Havia um frisson de IPO, e agora essa acomodada contribui para a racionalidade. O juro muito baixo ainda é um vetor importante: continua estimulando a busca por retorno, embora talvez sem o mesmo exagero. Ainda existem oportunidades.”
As três ações que registraram as maiores quedas no dia foram Natura (NTCO3), Qualicorp (QUAL3) e CVC (CVCB3). Confira o que afetou o desempenho desses três papéis.
Natura (NTCO3): -4,99%
Na ponta vendedora, as ações ON de Natura &Co tiveram a maior baixa do pregão, após a empresa anunciar que fará oferta pública de distribuição primária de 121.400.000 ações, que pode movimentar até R$ 6,20 bilhões.
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De acordo com operadores, a baixa no papel é natural diante da chegada de novas ações, o que já reduz o preço, e de uma pressão de venda dos investidores para poderem comprar mais barato no dia da precificação, prevista para acontecer em 8 de outubro.
Em relatório, o UBS aponta que a oferta pode reduzir a alavancagem da empresa de múltiplos de 4,82 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para múltiplos de duas vezes o indicador caso a Natura decida usar os recursos para refinanciar sua dívida em dólar. Mesmo assim, o time de analistas do banco suíço aponta que, no longo prazo, o que vai destravar valor para as ações é a continuidade do seu processo de transformação digital e melhora na lucratividade com redução nos riscos de canais de venda.
Qualicorp (QUAL3): -3,50%
Os papéis da operadora de planos de saúde Qualicorp registraram a segunda maior baixa do dia, de 3,50%. Não houve nos últimos dias nenhum fato relevante com que se possa estabelecer relação para justificar o recuo de hoje.
QUAL3 fechou o dia cotado a R$ 33,14 e vem apresentando valorização tanto nos últimos 30 dias (+5,81%) como no intervalo de um ano (+19,25%).
CVC (CVCB3): -2,60%
Após meses em atraso devido à pandemia de covid-19 e a ajustes em demonstrações de exercícios anteriores, a CVC divulgou hoje o balanço do primeiro trimestre, com prejuízo líquido de R$ 1,151 bilhão em relação a igual época do ano passado. Diante disso, as ações recuaram 2,60%, a terceira maior queda do dia.
O Ebitda ajustado ficou em R$ 12,5 milhões no período entre janeiro e março, queda de 90,5%. “A companhia foi brutalmente impactada durante a pandemia, com as fortes quedas na demanda, com o prejuízo líquido principalmente influenciado por itens não recorrentes como PDD resultante da pandemia de R$ 64,7 milhões, impairment de R$ 537,6 milhões, provisão para impostos diferidos ativos de R$ 278,2 milhões, e outros no montante de R$ 24,7 milhões”, ressalta o analista da Guide Investimentos, Luis Sales.
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De acordo com o BTG Pactual, a companhia e o setor são atingidos também pela menor confiança do consumidor e maior desemprego, além de “uma abordagem de preços mais agressiva por parte dos concorrentes”, o que afeta as margens das empresas.
“Ainda vemos um cenário incerto para a CVC no curto prazo, caracterizando-se por um período desafiador para o setor de turismo no Brasil”, afirmam os analistas do banco Luiz Guanais e Gabriel Savi.
*Com Estadão Conteúdo