Mercado

Para Fundo Verde, governo Bolsonaro faz ‘terraplanismo econômico’

Para economista-chefe, gestão já não teria diferença em relação ao governo Dilma

Para Fundo Verde, governo Bolsonaro faz ‘terraplanismo econômico’
Segundo a Verde, o governo Bolsonaro lança a proposta de eliminar os impostos sobre combustíveis movido por um populismo barato e desejo de reeleição | Foto: Marcos Corrêa/PR
  • Para o economista-chefe da Verde Asset, Daniel Leichsenring, o governo Bolsonaro foi um completo desastre em todas as áreas de atuação, da saúde à política econômica
  • Em 2022, a proposta de eliminar impostos sobre combustíveis seria totalmente ‘desvairada’ e com consequências bastante negativas
  • Dopado pela alta em janeiro, o mercado seguiria apático às novas aventuras fiscais do governo

O fundo Verde registrou em janeiro uma alta de 1,49%, beneficiado por posições tomadas em juros nos mercados desenvolvidos, assim como em ações e inflação implícita no Brasil. Contudo, não foram esses dados que chamaram a atenção.

Junto com o tradicional relatório, a gestora publicou uma de suas longas cartas sobre a condução econômica do País. O documento foi assinado pelo economista-chefe da Verde, Daniel Leichsenring, e aponta para um ‘terraplanismo econômico’ que tomou conta do governo Bolsonaro – que já não teria diferença em relação ao governo Dilma, cujas políticas conduziram o Brasil a uma grande recessão.

Para Leichsenring, em todas as áreas de atuação do Executivo, o que se viu foi um completo desastre. No âmbito da saúde, o ‘líder da nação’ passou a jogar insistentemente contra as vacinas, utilizando de fake news para engordar a pauta antivacina.

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O padrão de comportamento pouco mudou quanto à condução da política econômica. O próprio Ministério da Economia teria trabalhado em 2021 para destruir o teto de gastos e descredibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal. O objetivo seria aumentar os gastos com fundo eleitoral e emendas parlamentares, sob a “esfarrapada desculpa” de atender aos mais pobres com o Auxílio Brasil.

Em 2022, a Verde enxerga a aceleração dos erros cometidos no exercício anterior. Movido por um populismo barato e desejo de reeleição, o governo Bolsonaro lança a proposta de eliminar os impostos sobre combustíveis. Segundo os cálculos da gestora, a medida seria um ‘desvario completo’, cuja desoneração significaria algo na ordem de 1% e 3% do PIB.

Na outra mão, há também a proposta ‘incompreensível’ de baixar os impostos em mais de 1% do PIB, utilizando a justificativa de ‘excesso de arrecadação’. Entretanto, o que a Verde estima é um déficit nominal de R$ 730 bilhões em 2022, que seria elevado para R$ 800 bilhões com as novas propostas.

Com isso, a dívida do País passaria de 80,3% do PIB em 2021 para 85% do PIB em 2022, e seguiria subindo nessa intensidade.

“Traduzindo para a realidade das famílias: imagine que a renda de um domicílio é muito menor do que seu gasto no ano, e a família vem acumulando dívidas crescentes, com taxas de juros cada vez mais altas. Não obstante, os chefes da família falam para os demais moradores da residência que estão com excesso de salário, e que estão pensando em trabalhar 1 dia a menos por semana”, explica o economista-chefe.

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Ele também diz que “a irresponsabilidade fiscal virou a regra”. “Quando o Presidente quer e o Ministro da Economia autoriza, não será o Congresso a instituição que evitará o abismo fiscal eleitoreiro. Convém lembrar que quando o fiscal explodir, todos no barco afundarão.”

Com o Ibovespa subindo quase 7% em janeiro, na esteira do aumento do fluxo estrangeiro na B3, o mercado não estaria reagindo como deveria às propostas populistas. Na visão de Leichsenring, o ‘termômetro’ quebrou, e o governo ficou sem as amarras para atitudes ainda mais populistas e prejudiciais.

“A Terra é mesmo plana. Oxalá que as pessoas de bem acabem por perceber que este caminho traçado pelo governo será tão desastroso na economia quanto o implementado no governo do PT (no passado e no projeto), com consequências dramáticas sobre a renda real, a pobreza, as oportunidades, a esperança de termos um futuro melhor”, conclui o especialista. “Ainda há tempo para barrar essa proposta e de encontrar uma alternativa política viável para o Brasil.”

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