Karla Spotorno, Luciana Xavier, Maria Regina Silva, Silvana Rocha – Após indefinição de manhã, o Ibovespa retomou os 113 mil pontos, nas máximas do dia, na esteira de Nova York e do avanço das ações da Petrobras. Mais cedo, até tentou ensaiar realização de lucros, após alta de quase 7% em janeiro, de olho nos desafios impostos ao setor empresarial em meio às dificuldades econômicas (vide inflação ainda elevada, apesar da desaceleração do IPCA em janeiro, e dos juros altos por mais tempo que o previsto inicialmente).
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Do cenário macroeconômico, há influência positiva vinda do crescimento do varejo em 2021. O desempenho não foi nenhuma surpresa, mas permitiu algum alívio em ações ligadas ao consumo.
Entre as principais ações, um destaque está no setor financeiro. Apesar do lucro multibilionário e recorde do Bradesco, as ações do banco têm queda expressiva, contaminando os papéis de outras instituições e limitando o avanço do índice Bovespa.
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Na outra ponta, a alta do petróleo e a expectativa pelos dados operacionais da Petrobras empurram as ações para cima. PetroRio também avança de maneira significativa, depois de informar aumento de 2% em sua produção de óleo em janeiro
Na Nasdaq, em Nova York, a ação da XP iniciou o pregão em alta, após a divulgação dos resultados ontem. A companhia reportou alta em 2021 no lucro líquido ajustado de 76% ante 2020.
Câmbio
O mercado de câmbio abriu em baixa em meio ao apetite por ativos de risco que se mantém no exterior. Porém, o dólar descolou-se e passou a subir ante o real, com máxima em R$ 5,2902.
Operadores e economistas relatam preocupações com a inflação e o risco fiscal do País, além das expectativas pelo resultado na quinta-feira do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em janeiro, que é o principal indicador esperado em âmbito global nesta semana.
Juros futuros
As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) ganharam tração no final desta manhã em reação a declarações conservadoras do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, sobre o rumo da Selic, revelando que o ciclo de aperto monetário se estenderá “por um par de reuniões, pelo menos”. Com isso, a curva passou a mostrar um aumento nas doses de alta da Selic, reforçando também a possibilidade de o ciclo ir até junho. Antes da fala de Serra, as taxas caíam em reação ao IPCA de janeiro abaixo da mediana das estimativas.
O movimento é mais forte nos curtos e médios, enquanto os longos acompanham o dólar em meio a preocupações fiscais, em especial com a PEC dos Combustíveis, mas também com radar na pressão dos servidores públicos por reajuste salarial. O resultado das vendas no varejo de dezembro ficou mais em segundo plano.
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Bruno disse ainda que “pode ser que seja necessário estender mais o ciclo para colocar inflação de 2023 na meta”. “Mas não temos intenção de tomar nenhuma decisão neste momento”, completou.
“[Nesta manhã,] o mercado vinha numa toada positiva com o IPCA abaixo da mediana, mas daí veio o Serra ultrapassando a perspectiva mais ‘hawkish’ da ata”, diz o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.