- Segundo dados da Guide Investimentos, o BDRX subiu 40,7% em um ano, enquanto o S&P500 avançou apenas 27,5%
- A performance fora da curva também se destoa entre os índices do mercado brasileiro. O BDRX é o único com ganhos de dois dígitos em 2024
O mercado de renda variável não está no seu melhor momento. A demora para o corte de juros nos Estados Unidos e o risco fiscal no Brasil impediram os ativos negociados na Bolsa ganharem tração em 2024. Apesar do pessimismo entre os investidores, há um índice brasileiro que segue na contramão do mercado e se mostra “blindado” às incertezas macroeconômicas. É o BDRX que se destaca na B3 com ganhos acima de 20% no acumulado deste ano.
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O índice reúne os principais BDRs (certificados que representam as ações de companhias listadas em outros países) negociados na Bolsa brasileira com uma exposição relevante a bigtechs, as grandes companhias de tecnologia. Segundo a Guide Investimentos, os BDRs de Google (GOGL34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Meta (M1TA34), Microsoft (MSFT34), Nvidia (NVDC34) e Tesla (TSLA34) possuem peso de 43% na composição do BDRX. O portfólio garantiu ao índice um desempenho fora da curva, porque as companhias entregaram ao mercado bons resultados operacionais na temporada de balanço do primeiro trimestre.
É o caso da Nvidia (NVDA). A gigante dos semicondutores apresentou um lucro líquido de US$ 14,88 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2025 com a ascensão do mercado de inteligência artificial – veja aqui os detalhes do balanço. O volume representa uma alta de 628% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A Meta também se destacou no mercado com a entrega de resultados acima das expectativas dos analistas. A dona do Facebook conseguiu elevar a sua receita em 27% nos três primeiros deste ano em relação ao mesmo período de 2024.
Os ganhos não estão restritos apenas a 2024. O BDRX vem entregando uma rentabilidade elevada em intervalos maiores de tempo. Segundo a Guide Investimentos, em 12 meses, o índice brasileiro conseguiu superar o S&P500, um dos principais indicadores do mercado acionário dos Estados Unidos. “No S&P 500, as sete magníficas (grupo composto por Google, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) representam apenas 28% do índice, enquanto no BDRX o peso desses ativos corresponde a 43%”, afirma Fernando Siqueira, Head de Research da Guide Investimentos.
Veja a performance do BDRX versus S&P500
Índice | Retorno em 6 meses |
Retorno em 12 meses
|
BDRX | 25,70% | 40,70% |
S&P500 | 17,50% | 27,50% |
Fonte: Guide Investimentos e Economatica |
O que esperar daqui para frente?
Todo investidor já deve ter ouvido que rentabilidade passada não é garantia de ganhos futuros. Com o BDRX, não será diferente. Há o risco do desempenho do índice não seguir o mesmo ritmo nos próximos meses. Isso porque, na avaliação de Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, a valorização das ações das big techs no mercado acionário pode estar ancorada mais nas expectativas do potencial do desenvolvimento da tecnologia da inteligência artificial do que em resultados sólidos.
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“O grande problema disso é que o momentum (medida técnica para avaliar a força de uma tendência na bolsa de valores) é inviável economicamente e não se importa com o valuation (valor de mercado). Quando o mercado virar os olhos para o valuation novamente, teremos uma correção e como consequência, uma queda no BDRx”, diz o analista.
Mas há chances dessa perspectiva de correção não ocorrer nem no curto nem no médio prazo. Segundo Leonardo Otero, sócio-fundador da Arbor Capital, os resultados das companhias de tecnologia no primeiro trimestre de 2024 mostraram que são capazes de entregar números acima da expectativa do mercado. “As empresas bigtechs têm crescimento, lucratividade, previsibilidade e uma gestão melhor do que as outras empresas. Por isso, a nossa expectativa é que esse desempenho continue”, diz Otero.
O poder do câmbio
Os BDRs são negociados em real, mas estão suscetíveis à variação cambial, já que o valor está atrelado ao preço das ações negociadas nas bolsas dos Estados Unidos ou de outros países. Segundo Raony Rossetti, CEO da Melver, no caso das big techs que estão listadas no mercado norte-americano a flutuação do dólar tem o poder de favorecer ou prejudicar o investidor brasileiro.
O contexto econômico e as condições do mercado são os fatores determinantes para o efeito cambial na performance do BDRX. “Se a valorização do dólar for resultado de incertezas econômicas ou instabilidade nos mercados financeiros globais, isso pode gerar volatilidade adicional nos preços das ações”, diz Rossetti. No entanto, o índice ajuda o investidor brasileiro a dolarizar a carteira e proteger parte do patrimônio da desvalorização da moeda local.
É possível investir no BDRX?
O BDRX é um índice da B3 responsável por medir o desempenho das cotações dos BDRs não patrocinados – ou seja, títulos de valores mobiliários emitidos no Brasil com lastro no exterior por meio de uma instituição intermediária sem o envolvimento da companhia estrangeira. Como o índice é formado apenas uma carteira teórica e não há ETFs (fundos de índice) que repliquem o seu desempenho, os investidores não têm a possibilidade de investir no ativo diretamente.
A solução para acompanhar esses retornos está na inclusão dos BRDs no portfólio. Assim como ocorre com as ações brasileiras ou em fundos de investimento, os investidores devem avaliar as opções de BDRs disponíveis na bolsa brasileira, acessar o home broker de sua corretora e emitir a ordem de compra do ativo que deseja investir. Veja o passo a passo nesta reportagem.
Além disso, é preciso ficar ciente de que os BDRs não possuem uma relação de um para um com as ações negociadas fora do País. Uma ação da Nvidia (NVDA), por exemplo, equivale a 48 BDRs negociados na B3. Ou seja, o investidor precisaria comprar 48 BDRs para ter uma posição equivalente a uma ação da Nvidia.