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Como ficam as ações da Cielo (CIEL3) após restrições do BC e Cade

A empresa havia fechado parceria com o Facebook para realizar pagamentos pelo Whatsapp

Como ficam as ações da Cielo (CIEL3) após restrições do BC e Cade
Foto: Cielo/Divulgação
  • O Cade impôs medida cautelar para suspender a operação com o objetivo de "mitigar potenciais riscos à concorrência"
  • Na segunda-feira, a notícia fez as ações da Cielo subirem 34,68%, indo a R$ 5,67
  • Especialistas consultados pelo E-Investidor esperam impacto negativo nas ações da empresa

Na segunda-feira (15), a Cielo (CIEL3) e o Facebook anunciaram uma parceria para realizar pagamentos e transferências de dinheiro pelo WhatsApp. A novidade causou euforia no mercado e fez as ações da Cielo subirem 34,68%, indo à máxima de R$ 5,67. Durante a tarde, os papéis desaceleraram e fecharam o dia cotados a R$ 4,80 (alta de 14.01%).

Naquele momento, circulava no mercado a impressão de que a gigante de pagamentos seria uma boa opção para a carteira do investidor. No entanto,  um novo capítulo nessa história pode travar a alta dos papéis da Cielo na Bolsa. Na noite desta terça-feira (23), o Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) impuseram medidas que cessam, pelo menos temporariamente, a operação do novo serviço.

O Cade anunciou a medida cautelar para suspender a operação da parceria entre o Facebook e Cielo com o objetivo de “mitigar potenciais riscos à concorrência”. A decisão é um desdobramento de medida do BC, que determinou que Visa e a Mastercard, bandeiras de cartões permitidas na parceria, suspendam o início das atividades ou “cessem imediatamente” o uso do aplicativo de mensagens nas transações financeiras.

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Por meio de nota, o BC esclareceu que uma “nova solução de pagamentos depende de prévia autorização”, e que o objetivo da medida é “preservar um adequado ambiente competitivo, que assegure o funcionamento de um sistema de pagamentos interoperável, rápido, seguro, transparente, aberto e barato”.

Conforme anunciado no último dia 15 de junho, cerca de 1,5 milhão de brasileiros tiveram o serviço disponibilizado no aplicativo de mensagens. Usuários pessoas físicas poderão efetuar pagamentos ou transferências de até R$ 5 mil por mês pelo WhatsApp, sem cobrança de taxas, usando cartões de débito das bandeiras Visa e Mastercard, emitidos pelo Banco do Brasil, Nubank e Sicredi.

Já as empresas que usam a plataforma WhatsApp Businnes (versão corporativa do app) não terão limite mensal para realizar pagamentos e transferências mensais por cartão de crédito e débito das instituições já mencionadas, mas pagarão uma taxa fixa de processamento de 3,99% para receber os pagamentos de clientes.

As ações de (CIEL3) serão penalizadas?

Os analistas do Itaú BBA avaliam que a suspensão do acordo será negativa para os papéis da empresa, já que os investidores haviam reagido positivamente ao anúncio da parceria na segunda-feira. Quem pode ganhar com a decisão é o PagSeguro (PAGS). “Na margem, a decisão é boa para o PAGS, que estava com desempenho abaixo dos três nomes do setor de pagamento desde a semana passada”, diz um relatório enviado aos clientes.

O Credit Suisse concorda e diz que a notícia é negativa para a Cielo, mas marginalmente positiva para outras adquirentes, como a PAGS. “Embora não seja possível saber se a medida do BC será definitiva ou temporária, tendemos a ver as notícias como negativas para a Cielo, pois a empresa era o único processador / adquirente de pagamentos escolhido para participar do acordo até o momento”, dizem os analistas do banco Suíço.

Na avaliação do Goldman Sachs, a medida do Banco Central é coerente com a visão de promover a concorrência entre os pares e destaca que existem outras limitações no acordo entre a Cielo e o Facebook que também são relevantes para que a parceria seja bem-sucedida. “Além da velocidade de adoção do cliente, os benefícios econômicos para a Cielo ainda precisam ser vistos”, diz o relatório. “Acreditamos que as ações reagirão negativamente.”

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O analista de renda variável da Messem, William Teixeira, espera um recuo mais forte nas ações da Cielo no pregão desta quarta-feira (24) mas recomenda cautela. “O investidor que comprou ações da empresa, pensando neste projeto, deve avaliar se acha que o projeto não vai mais existir”, diz.

O analista Francisco Cataldo, da Ágora Investimentos, também espera uma abertura com impacto negativo. “As ações da Cielo vão abrir devolvendo um pouco dos ganhos recentes. Essa parceria foi uma das iniciativas vistas pelo mercado como uma possibilidade interessante. Mas essa suspensão pode fazer com que o preço da cotação das ações caia entre 10% e 20%, que foi o que subiu nos últimos dias.”

O que o investidores devem fazer neste momento

Cataldo observa que a Cielo vem tentando se adaptar a um mercado de maior concorrência, está atenta a todas as oportunidade e busca soluções para se manter como um bom player no setor.

“É um papel para ficar no radar, uma vez que essa negociação pode voltar mais para frente. É apenas uma suspensão temporária”, avalia o analista da Ágora.

Teixeira, da Messem, vê a restrição como uma barreira momentânea, mas que esta não sinaliza, ainda, o fim da parceria. “Ninguém falou que este projeto está descartado ou que vai ser proibido no Brasil”, diz. “As instituições estão fazendo o papel delas, que é garantir que toda movimentação seja regulamentada. Isso é um ‘quebra-mola’ no meio do caminho, como já existiram outros e não impediram a tecnologia de avançar.”

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