- A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de 9,68% em 12 meses
- Os brasileiros já sentem o peso da inflação no bolso - e para quem tem investimentos, especialmente em aplicações muito conservadoras como Poupança e Tesouro Selic, o patrimônio também pode estar exposto
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro de 2022 com queda de 0,19%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Com os primeiros sinais de escalada dos preços nos últimos meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central prevê uma projeção de 13,75% para a taxa Selic. “O Copom considera que, neste momento, a estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política monetária é a mais apropriada”, indicou a autoridade monetária.
Para quem tem investimentos, especialmente em aplicações muito conservadoras como Poupança e Tesouro Selic, o patrimônio também pode estar exposto. Mesmo com o aumento da Selic, a caderneta ainda está com retorno real negativo, de -0,79%, enquanto o título atrelado aos juros para 2024 tem rendimento praticamente nulo, de -0,12%.
Como se proteger da inflação?
Existem várias formas e caminhos para agir quando o assunto é como se proteger da inflação. Os especialistas João Beck, economista e sócio da BRA, e Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, dão três dicas para blindar os recursos.
1 – Tesouro IPCA+
A primeira forma de como se proteger da inflação está na renda fixa. Os títulos Tesouro IPCA+ remuneram a inflação do período mais uma taxa prefixada, que seria o ‘juro real’ da aplicação.
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Apesar de possuírem mais riscos que um Tesouro Selic, cujo componente prefixado (sujeito à variação pelas expectativas econômicas) é bem menos relevante, ter esses papéis na carteira são uma boa maneira de proteger contra a subida do IPCA.
“No mundo da renda fixa, o Tesouro IPCA é aquele que te promete manter o poder de compra no longo prazo. Se investirmos 100 reais, equivalente a 10 kg de tomate, no Tesouro IPCA com vencimento em 20 anos. Podemos esperar que o valor final do valor investido mais os rendimentos comprarão os mesmos 10kg de tomate 20 anos depois”, explicou Beck.
Costa também aponta as debêntures incentivadas, que são isentas de imposto de renda e atreladas à inflação. “O investidor tem que procurar títulos que tenham como componente de rentabilidade o IPCA”, afirma.
2 – Fundos Imobiliários
Outra categoria de investimentos que podem dar essa proteção ao investidor são aquelas compostas por ativos reais.
Os fundos imobiliários, por exemplo, são aplicações que possuem lastro em imóveis reais, cujos aluguéis são corrigidos pelo IPCA ou IGPM. Isso significa que o valor dos rendimentos pode subir de acordo com a inflação.
“Lembrando que proteger contra a inflação não é tão simples, porque a inflação medida pelo IPCA não é exatamente a inflação de cada consumidor, porém ativos reais e ativos de renda fixa atrelados ao IPCA protegerão melhor”, afirma Costa.
3 – Ações de empresas sólidas
Segundo Beck, ainda na área de ativos reais, as ações de empresas sólidas e com boa capacidade de repassar preços são opções para proteção contra a inflação.
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Os setores que possuem essa característica costumam ser menos cíclicos (pouco afetadas pelos altos e baixos da economia), como aqueles ligados à distribuição e transmissão de energia, já que os contratos são reajustados pelo IPCA ou IGP-M.
Empresas exportadoras, como as de commodities, também podem ser defensivas uma vez que têm receitas em dólar, moeda considerada reserva de valor, e são menos ligadas ao mercado doméstico.