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Você conhece o Stock X, a bolsa de valores das ‘coisas’?

Plataforma foi avaliada em mais de US$ 1 bilhão em 2019 pelos investidores

Você conhece o Stock X, a bolsa de valores das ‘coisas’?
Processo de compra de artigos por meio da plataforma StockX (FOTO: Luiz Felipe Simões)
  • Fundado em 2015, o StockX começou negociando calçados exclusivos e hoje comercializa artigos desde bolsas Louis Vuitton até carrinhos Hot Wheels
  • Além de funcionar como intermediária das vendas, a plataforma também verifica a autenticidade dos produtos
  • Na visão dos especialistas, o investimento é mais do que alternativo e está sujeito a muitas subjetividades

Tênis, relógios, carrinhos Hot Whells… o que esses objetos têm em comum? Em um primeiro momento, nada. Muitos desses artigos, no entanto, são considerados raridades e podem valorizar-se como uma ação da bolsa. No StockX, plataforma conhecida como bolsa de valores das “coisas”, você pode comprar e vender uma infinidade de itens e ainda ganhar dinheiro com isso.

Em 2019, o site atingiu mais de US$ 1 bilhão em volume bruto de mercadorias, ou GMV (Gross Merchandise Value) na sigla em inglês. As informações são do próprio StockX. Segundo levantamento, o mercado secundário de tênis arrecadou mais de US$ 6 bilhões no mesmo ano.

Pode parecer estranho, em um primeiro momento, mas a ideia central da plataforma está intrinsecamente ligada ao mercado de ações por utilizar a lei da oferta e demanda. Muitos dos itens negociados no StockX são considerados raridades por terem poucas quantidades disponíveis para compra, isso faz com que o preço dos artigos suba assim que os estoques das lojas esgotam.

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Por exemplo, um dos tênis mais cobiçados de 2020 foi uma edição colaborativa entre a Nike e a marca de sorvetes estadunidense, Ben & Jerry’s. Inicialmente vendido por R$ 499 no site oficial da Nike, o Nike SB Dunk Low Ben & Jerry’s Chunky Dunky, como é conhecido, está sendo revendido na StockX por em média US$ 1400, o equivalente a mais de R$ 7 mil.

Esse aumento de mais de 1302% é de deixar qualquer ação com inveja. Para efeitos de comparação, as ações do Magazine Luiza (MGLU3), queridinha dos investidores brasileiros, tiveram 105% de valorização em 2020.

Sendo assim, o ponto central para a valorização dos produtos está ligado à exclusividade dos artigos, que devido a baixa disponibilidade nos estoques tendem a aumentar drasticamente e se valorizar.

Para Roberto Agi, planejador financeiro CFP, a plataforma tenta resolver o problema das falsificações do mercado de luxo. “Por conta dos altos valores que esses itens possuem, a indústria de falsificação está cada vez mais sofisticada. Então, o StockX atua como se fosse uma bolsa de valores, que certifica que a contraparte vai honrar o compromisso”, informa.

Como funciona o Stock X?

A plataforma, que funciona como uma fusão de bolsa de valores com marketplace, foi fundada em 2015 e começou apenas negociando tênis, popularmente conhecidos como sneakers. De lá pra cá, já foram adicionadas uma série de outros produtos.

Além de intermediar todas as negociações, o StockX verifica se os artigos são realmente originais. Como o mercado é baseado na raridade do produto, a autenticidade é fundamental para o funcionamento do negócio.

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A plataforma possui um sistema próprio de verificação de autenticidade, que é feita na central do StockX, em Detroit, nos EUA. Ao chegar lá, o produto passa por uma série de inspeções, que vão desde altura do logo da Nike até o cheiro da cola utilizada para unir as partes.

Outro ponto bastante interessante da plataforma são as informações disponíveis para os usuários. Lá os internautas encontram desde o preço de lançamento, valor atual, últimas vendas realizadas até a volatilidade do artigo.

Quem deseja comprar no StockX tem à disposição uma enxurrada de artigos. Quando você encontrar algum item que deseja, pode comprá-lo pelo menor preço disponível ou fazer um lance, como em um leilão, esperando que um dos vendedores que possui o produto desejado aceite ou não a sua oferta.

O pagamento pode ser feito tanto com cartão de crédito, como por meio do PayPal. Vale lembrar que, por se tratar de uma compra internacional, a encomenda estará sujeita à tributação normal de todos os produtos comprados lá fora.

Quando a compra é confirmada, o vendedor tem dois dias para enviar o produto para a avaliação de autenticidade da plataforma. Após confirmada a originalidade do item, o StockX envia o artigo para o comprador com um selo comprovando.

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Já quem deseja vender usando a ferramenta, precisa primeiro cadastrar o seu produto na plataforma e informar o tamanho, se for o caso. Em seguida, você pode vender pelo lance atual mais alto ou enviar um lance diferente e esperar que alguém pague.

Assim que alguém comprar seu produto, o StockX enviará um e-mail para você com uma etiqueta de remessa pré-paga e também um recibo com as informações do item. A partir disso, o vendedor tem até dois dias úteis para despachar o artigo para a verificação da originalidade e, depois, entregar para o comprador.

Assim que confirmada a autenticidade do produto, o StockX libera o dinheiro para você. A plataforma cobra uma taxa inicial de aproximadamente 10% em todas as vendas, mas conforme o seu nível de vendedor for subindo, essa alíquota tende a diminuir.

Mas esses artigos podem ser chamados de investimentos? O E-Investidor conversou com especialistas para entender se podemos considerar a prática de aplicações e quais cuidados que é preciso ter.

Mas, afinal, operações na StockX podem ser consideradas investimento?

Um dos pontos mais interessantes da plataforma são as valorizações dos produtos. Para Mário Goulart, analista CNPI da O2 Research, comprar itens considerados exclusivos para depois revender pode ser enxergado como uma forma de investimento. “Qualquer artigo que você tenha a perspectiva de que se tornará raro é um tipo de investimento”, explica.

Goulart compara a plataforma com o mercado de obras de arte, onde as pessoas compram as criações dos artistas esperando que haja uma valorização após a sua morte.

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Contudo, ao contrário do mercado de ações, que possui indicadores mais objetivos, como balanços, demonstrações de resultados e múltiplos comparativos, o mercado de arte – ou de moda – é muito subjetivo.

“Assim, o investidor que for se aventurar nesse tipo de plataforma precisa conhecer bem o que está fazendo. As chances de levar gato por lebre são enormes”, informa Goulart.

Um dos principais problemas desse tipo de investimento é a liquidez, pois você não saberá ao certo quantos dias passarão até vender o produto e o dinheiro ser creditado na conta.

Para Virginia Prestes, professora de finanças e investimentos na Faap, além da dificuldade de transformar o objeto em dinheiro, esse mercado não é regulamentado. Desta forma, os órgãos competentes, como B3 e CVM, não estão envolvidos.

“Normalmente nós consideramos como investimento algo que tenha um fluxo de caixa inerente. Por exemplo, um imóvel, que além do valor, tem a possibilidade de ser colocado para alugar”, explica Prestes.

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Sendo assim, a professora classifica como um investimento alternativo, que está sujeito a diversas subjetividades.”É preciso um perito para realizar a análise desses objetos, a fim de saber se vai valorizar ou depreciar”, conclui Prestes.

“Para as gerações mais jovens o investimento faz sentido, principalmente, para quem conhece muito bem o valor do item, os ativos acabam se valorizando por conta da escassez ou por uma diferença muito grande entre oferta e demanda, e é difícil controlar isso. Por isso, é complicado para o grande público usar a plataforma para ganhar dinheiro”, explica Agi.

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