Copasa (CSMG3) entra na fila da privatização e pode disparar se seguir exemplo da Sabesp, diz banco
Ações já saltaram 75% na Bolsa este ano, mas, para o BTG, privatização ainda não está no preço e papel pode chegar a R$ 50 se a companhia souber aproveitar a experiência de desestatizações anteriores
A Copasa (CSMG3) está no caminho para ser a próxima companhia estatal da Bolsa de Valores a ser privatizada. Na última sexta-feira (26), o projeto de lei que autoriza o governo de Minas Gerais a vender a companhia entrou oficialmente em tramitação, processo que ocorre depois que a gestão estadual conseguiu retirar a necessidade de aprovação da população para realizar a operação.
Se aprovada, a privatização da Copasa vai ser utilizada pelo governo de Minas para amortizar dívidas com a União; veja mais aqui. Para os acionistas com CSMG3 na carteira, a operação pode ser uma forma de destravar valor na companhia, gerar eficiência operacional e melhorar os resultados.
É o argumento favorável à privatização no mercado. Foi assim com a desestatização da Eletrobras (ELET3) em 2022, da Copel (CPLE6) em 2023, e, mais recentemente, com a Sabesp (SBSP3) em 2024. Esse último exemplo está fresco na mente do investidor, depois que as ações da companhia paulista saltaram 30% no 1º ano após a operação.
Para muitos investidores, esse ganho operacional com a privatização já está embutido no preço das ações da Copasa. Afinal, o papel acumula uma alta acima de 70% em 2025 – só neste mês de setembro, com as notícias envolvendo a desestatização, subiu 16%.
Mas analistas do BTG Pactual acreditam que a tese da Copasa está sendo mal avaliada e que o papel pode subir bem mais se a privatização realmente passar. Em relatório divulgado nesta segunda-feira (29), o banco destaca que o argumento de que a ação já precifica a operação leva em conta o múltiplo EV/RAB, um indicador usado no setor de utilities para comparar o valor da empresa (EV) com sua base de ativos regulatórios (RAB).
Sob esse múltiplo, a Copasa estaria sendo negociada com pouco desconto. Em termos de comparação, o EV/RAB da companhia mineira é de abaixo da Sabesp 1,08 vezes. O da Sabesp, de 1,20x. Se reduzisse esse gap, a CSMG3 teria espaço para subir 18%.
Só que focar demais no EV/RAB é “problemático”, alerta o BTG. “A Copasa tem subinvestido por anos e, independentemente de como analisemos seus dados, podemos concluir que a RAB (Base de Ativos Regulatórios) deveria ser significativamente maior. Isso significa, em termos práticos, que o case tem duas vantagens que podem ser maiores (em relação à Sabesp): crescimento do RAB líquido e redução das despesas operacionais.”
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Para isso, precisaria ser privatizada e receber melhorias regulatórias. Se conseguir operar no mesmo marco regulatório que a Sabesp, a CSMG3 poderia chegar a R$ 50, ressalta o BTG. Ou seja, subir mais 46% na Bolsa.
Até que isso aconteça, o banco mantém a recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 33; abaixo da cotação atual.
O Itaú BBA também considera positivo o avanço da privatização da companhia. Mas, em relatório, afirma que é preciso ficar atento ao cronograma político da operação. O governador Romeu Zema (Novo) é favorável à desestatização, mas entra em seu último ano de mandato em 2026.
Para que a privatização da Copasa entre no programa PROPAG e possa ser utilizada para amortizar a dívida de Minas Gerais com o governo federal, o projeto de lei precisa ser aprovado até o final de outubro.
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“As ações da Copasa têm apresentado um forte desempenho no acumulado do ano, refletindo o otimismo dos investidores em relação ao processo de privatização e às melhorias regulatórias em curso. Esses desenvolvimentos representam eventos chave de redução de risco e aumentam significativamente a probabilidade de privatização”, diz o BBA. “Esperamos que o mercado monitore de perto o cronograma legislativo e a definição do arcabouço regulatório a ser adotado; em nossa visão, o aspecto mais importante a ser acompanhado.”
O BBA também mantém recomendação neutra do papel. O preço-alvo é de R$ 24,14.